PoeMário Vasculhado 15 – Animula vagula blandula – Adriano

fragmento do poema de Adriano (o imperador Publius Aelius Traianus Hadrianus Augustus) dirigido à sua própria alma, repescado por Marguerite Yourcenar para começar suas “Memórias de Adriano” imaginárias, e que não deixa de ser também o epitáfio do imperador-poeta.

A analogia do poema com o hoje está no fato de que com o pós-humano, o trans-humano e a transformação do homem em hominídeo sintético avança-se justamente na erradicação definitiva do que se chama “alma”, seja lá o que isso for… (vide Trance-Formation, filme de Max Igan – como será redefinido o “ser humano”? (em inglês) – http://imediata.org/?p=1499)

Em versão musicada por Alessandro Vonghia:
animula vagula blandula



O poema se encontra em Roma, no Castel Sant’Angelo ou Mausoléu de Adriano, na Sala das Urnas:



“Animula, vagula, blandula
Hospes comesque corporis,
Quae nunc abibis in loca?
Pallidula, rigida, nudula,

Nec, ut soles, dabis jocos?”.

Alminha suave e errante
hóspede e companheira do corpo
prestes a sumir em lugares
desbotados, inóspitos, despojados

Nunca mais terás teus passatempos de antes.

Um instante ainda
Olhemos juntos as margens familiares
as coisas que certamente não reveremos nunca mais…
Procuremos entrar na morte com os olhos abertos…

Tradução livre da versão italiana: Mario S. Mieli

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