Escola secundária em quatro anos: a barbárie capitalista avança
Por: Diego Fusaro
Tradução: Mario S. Mieli
Destruir a escola atende à classe dominante global para governar escravos destituídos de cultura e consciência histórica, incapazes de pensar porém idôneos ao mercado de trabalho flexível e precário.
Não me canso de repetir. Na destruição programada do ensino médio está expressa não apenas a barbárie do tempo unificado sob o signo da forma-mercadoria, mas também um projeto político claro. Para se afirmar integralmente, o sistema-mercado do fundamentalismo da mercadoria e do fanatismo da finança deve abater os bastiões residuais da ética hegeliana, incluindo-se: da família como sua célula ao Estado soberano como seu cumprimento, descendendo “pelos ramos” dos sindicatos e da escola.
A EDUCAÇÃO SE FAZ EMPRESA. Destruir a escola (do ensino médio até a faculdade) serve à classe dominante global não só porque, ‘ça va sans dire’, é mais fácil governar escravos destituídos de cultura e consciência histórica: a cultura é sempre o espaço de aquisição da consciência da própria posição no cosmos e na sociedade. Além deste motivo (e sinérgico em relação a ele), há um outro: de instituto de formação de seres humanos pensantes e conscientes de si mesmos e de sua própria história – tal era o ensino médio no tempo da civilização burguesa –, a escola está hoje se redefinindo em termos pós-burgueses e ultra-capitalistas como uma “empresa” entre tantas outras. Mais precisamente, como empresa entregadora de débitos e de créditos, pronta para “entregar” em série indivíduos não-pensantes, mas eficientes, adequados para o mercado de trabalho flexível e precário.
Sem contar que, como nos lembra o jornal “Il Sole 24 Ore” – o Osservatore Romano da globalização capitalista – como segue: ‘a maturidade em 4 anos: onde está em vigor na Europa, na Itália faria economizar 1,4 bilhão”. Apenas dois argumentos a favor da nova barbárie, então: 1) na Europa já é assim (e quando Bruxelas chama, Roma não pode deixar de responder); 2) a nova barbárie faria “poupar” (sic!). Tudo o resto não importa, nem é mencionado. Cultura, consciência crítica, conhecimento, educação: não se fala sobre isso. A “razão calculadora” da gélida geometria do capital não conhece outras razões. A desescolarização como uma parte fundamental da destruição da ética para o benefício da redefinição do mundo todo como mercado sem fronteiras para átomos consumidores e – podemos dizer – ignorantes, já começou.