>> Sala de Espera 59 – O País dos Mentirosos, poema de Gianni Rodari

Pinóquios

O PAÍS DOS MENTIROSOS
Por Gianni Rodari
Tradução: Mario S. Mieli

Era uma vez, lá
pros lados do Sei lá,
o país dos mentirosos.
Naquele país, ninguém
dizia a verdade,
não chamavam pelo seu nome
nem mesmo a chicória:
a mentira era obrigatória.

Quando surgia o sol
tinha logo alguém pronto
a dizer: “Que belo pôr do sol!”
À noite, se a lua
clareasse mais que
um farol,
as pessoas reclamavam:
“Mas que noite mais escura,
não se enxerga nada.”

Se você ria, tinham dó:
“Coitado, que pena,
que mal será que lhe acometeu?”

Se você chorava: “Que cara original,
sempre alegre, sempre comemorando.
Deve ter os milhões na cabeça”.

Chamavam de água ao vinho,
de cadeirinha a mesinha
e a todas as palavras
invertiam bem direitinho.
Fazer diferente não era permitido,
mas estavam tão habituados
que mesmo assim ficava tudo entendido.

Um dia, naquele país,
chegou um pobre homenzinho
que o código dos mentirosos
nunca sequer tinha lido,
e sem a menor cerimônia
saia por aí
chamando ao dia de dia
e à pera de pera,
e não dizia nem uma palavra
que não fosse verdadeira.

Durante a noite,
fizeram que fosse capturado
pela carrocinha
e trancado no pinel.
“Esse é louco de pedra:
diz sempre a verdade.”
“Como assim, tá brincando, tá louco? …”
“Palavra de honra:
é um caso interessante,
virão de bem longe
quinhentos e um professores
para estudar seu cérebro … ”

A estranha doença
foi descrita em trinta e três capítulos
na “Gazeta da mentira.”
Finalmente, para satisfazer
a curiosidade
popular
o Homem-que-dizia-a-verdade
foi exposto, mediante pagamento,
no “jardim zoo-ilógico”
(Até aquele nome tinham revertido …)
numa gaiola de cimento armado.

Imaginem só a corrida pra ver a atração.
Mas isso não importa.
Coisa ainda mais surpreendente,
a doença provou ser infecciosa,
e pouco a pouco em toda a cidade
se difundiu o bacilo
da verdade.

Médicos, policiais, autoridades
tentaram todo o possível
para conter a epidemia.
Mas… nada a fazer.

Do mais velho ao mais pequenino
as pessoas agora diziam
pão ao pão, vinho ao vinho,
branco ao branco, preto ao preto:
libertaram o prisioneiro,
o elegeram presidente,
e quem em mim não crê
entendeu bulhufas do evidente.

Original italiano:
IL PAESE DEI BUGIARDI
Di Gianni Rodari

C’era una volta, là
dalle parti di Chissà,
il paese dei bugiardi.
In quel paese nessuno
diceva la verità,
non chiamavano col suo nome
nemmeno la cicoria:
la bugia era obbligatoria.

Quando spuntava il sole
c’era subito una pronto
a dire: “Che bel tramonto!”
Di sera, se la luna
faceva più chiaro
di un faro,
si lagnava la gente:
“Ohibò, che notte bruna,
non ci si vede niente”.
Se ridevi ti compativano:
“Poveraccio, peccato,
che gli sarà mai capitato
di male?”
Se piangevi: “Che tipo originale,
sempre allegro, sempre in festa.
Deve avere i milioni nella testa”.
Chiamavano acqua il vino,
seggiola il tavolino
e tutte le parole
le rovesciavano per benino.
Fare diverso non era permesso,
ma c’erano tanto abituati
che si capivano lo stesso.
Un giorno in quel paese
capitò un povero ometto
che il codice dei bugiardi
non l’aveva mai letto,
e senza tanti riguardi
se ne andava intorno
chiamando giorno il giorno
e pera la pera,
e non diceva una parola
che non fosse vera.
Dall’oggi al domani
lo fecero pigliare
dall’acchiappacani
e chiudere al manicomio.
“E’ matto da legare:
dice sempre la verità”.
“Ma no, ma via, ma và …”
“Parola d’onore:
è un caso interessante,
verranno da distante
cinquecento e un professore
per studiargli il cervello …”
La strana malattia
fu descritta in trentatre puntate
sulla “Gazzetta della bugia”.
Infine per contentare
la curiosità
popolare
l’Uomo-che-diceva-la-verità
fu esposto a pagamento
nel “giardino zoo-illogico”
(anche quel nome avevano rovesciato …)
in una gabbia di cemento armato.
Figurarsi la ressa.
Ma questo non interessa.
Cosa più sbalorditiva,
la malattia si rivelò infettiva,
e un po’ alla volta in tutta la città
si diffuse il bacillo
della verità.
Dottori, poliziotti, autorità
tentarono il possibile
per frenare l’epidemia.
Macché, niente da fare.
Dal più vecchio al più piccolino
la gente ormai diceva
pane al pane, vino al vino,
bianco al bianco, nero al nero:
liberò il prigioniero,
lo elesse presidente,
e chi non mi crede
non ha capito niente.

Via: Su la Testa

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