>> Ideologia de Gênero 4 – Os cinco círculos de gelo – por Manlio Dinucci – Orquestrando-se os direitos gays para fazer o mundo entrar numa (nova guerra) fria

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Os Jogos Olímpicos são sempre uma ocasião, para o país hospedeiro, de se apresentar para o resto do mundo. Mas em Sochi, como em Pequim, tinha que ser o inverso: uma oportunidade para o Ocidente apresentar a sua visão do país hospedeiro para seus telespectadores. Por isso, a grande maioria dos artigos e programas dedicados aos Jogos, tanto na Europa quanto na América do Norte, tenta por todos os meios denegrir “a Rússia do czar Putin”.

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Os cinco círculos de gelo –
por Manlio Dinucci
Fonte: il manifesto via voltairenet.org
Tradução: Mario S. Mieli

Ventos de guerra fria sopram sobre as Olimpíadas invernais de Sochi, ou melhor, sobre as “Olimpíadas do czar Putin”, como são chamadas em uníssono pelos meios de comunicação ocidentais. As esplêndidas prestações dos atletas do mundo todo, que se prepararam durante anos para os jogos, passam em segundo lutar ou são simplesmente ignoradas, a menos que o ganhador seja um dos atletas nacionais.

Enquanto se escurecem as Olimpíadas, fruto de um trabalho coletivo colossal, são fornecidas informações detalhadas sobre a eliminação de cachorros vadios em Sochi e sobre o fato de que na cerimônia de abertura, um dos cinco anéis olímpicos não se acendeu, mantendo a aparência de um floco de neve (funesto presságio, teriam dito os antigos). Ao mesmo tempo, foi lançado o alarme de um atentado terrorista que poderia estremecer as Olimpíadas, depois daqueles que ocorreram pontualmente em Volgograd.

Em Washington, onde entendem de terrorismo, expressaram preocupação quanto a possível atentado em Sochi, decidindo intervir militarmente: a Mount Whitney, navio almirante da Sexta Frota, partiu de Gaeta (no Lácio), para entrar no Mar Negro, com a fragata Taylor. Em prontidão para evacuar os atletas e espectadores estadunidenses de Sochi, os dois navios de guerra, no entretempo, se exercitam, ao lado de unidades da Geórgia, próximos às fronteiras das águas territoriais russas.

Barack Obama, David Cameron e François Hollande, incansáveis defensores dos direitos humanos através dos quais motivam suas guerras e massacres, deram a entender que não foram às Olimpíadas porque na Rússia a propaganda gay é proibida, e Enrico Letta (presidente do Conselho italiano) prometeu reafirmar em Sochi a contrariedade da Itália face a toda norma discriminatória referente aos gays. Fez esta declaração alguns dias depois de ter oficialmente elogiado, em Dubai, a “posição humanitária dos Emirados” e ter expressado apreciações análogas com relação às outras monarquias do Golfo, cujos códigos penais punem as relações consentidas entre adultos do mesmo sexo com dez anos de prisão e, na Arábia Saudita, com flagelação ou lapidação. Essas mesmas monarquias, tão estimadas por Obama e pelos outros líderes ocidentais, se preparam agora a submeter os imigrantes a “testes médicos” ainda não muito precisos para evitar que homossexuais entrem nos países do Golfo.

A posição de Obama, Letta, assim como de outros líderes quanto à Rússia é, portanto, totalmente instrumental. Como é instrumental a acusação contra Moscou de ter gastado demais com as Olimpíadas e de querer utilizá-las para fins de propaganda nacional, o que é feito por todos os países que as acolhem, devido ao próprio mecanismo desse evento internacional que precisaria ser profundamente revisto. Essas acusações, embora tenham uma base de verdade, têm um objetivo bem preciso: alimentar, na opinião pública, um novo clima de guerra fria, funcional à estratégia EUA/NATO, que se depara com uma crescente oposição da parte de Moscou. Se Iéltsin estivesse ainda no poder na Rússia, disposto a todas as concessões aos EUA e ao Ocidente, ninguém definiria Sochi como “As Olimpíadas do Czar Iéltsin”.

Segundo o incontestável julgamento por parte daqueles que, em Washington, dão a nota de bom comportamento aos governos, Iéltsin consta da lista dos “gentis”, enquanto Putin faz parte da lista dos “ruins ou malvados”. É a lista de onde é escolhido, toda vez que for necessário, o “inimigo público número 1” (como já o foram Saddam Hussein, Slobodan Milosevic e Gheddafi), que serve a justificar a escalada militar até a guerra. O alvo sobre o qual, toda vez que necessário, se concentram os ataques políticos e midiáticos, agigantando seus crimes e malfeitos para esconder aqueles muito maiores dos que se autoproclamam tutores dos direitos humanos.

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