Reagindo à crise terminal antropófoba do dia – Não aos organismos geneticamente ESCRAVIZADOS
Por: Mario S. Mieli, 26 de maio de 2013
Foram mais de 2 milhões de pessoas em 436 cidades de 52 países diferentes que saíram às ruas de todo o planeta para demonstrar que se opõem ao crime de patentear a vida, pois a vida não tem dono!
O engano começa pela manipulação linguística. “Pessoas” jurídicas não são pessoas. São disfarces forjados para que um reduzidíssimo número de pessoas físicas possam melhor dominar pelo engano e pela perversão. São abstrações-vampiros. Estratagemas jurídico-infernais. Sistemas parasitários que, prometendo lucros aos acionistas, na realidade beneficiam apenas uma ínfima e desprezível percentagem da população. São abominações que “mandam matar a própria mãe (a Terra) como condição para se poder ir ao bailinho dos órfãos”.
Assim, nesta época, a posição que o ser humano, o indivíduo, a pessoa física deveria ter no mundo passa a ser usurpada, canalhesca e usurariamente por corporações, empresas, ou “pessoas” jurídicas.
O indivíduo, por mais falaciosamente valorizado que seja, por mais aduladoramente bajulado, por mais falsamente “capacitado”, na realidade, não vale absolutamente nada e é desqualificado, zerado, passando a ser bem menos que o lixo reciclável que produz.
Ao invés de humanismo, corporativismo -materialização da substância preconizada pelo velho sonho nazifascista.
Ao invés de se colocar o homem como centro do universo (aspiração do Renascimento), relegá-lo à mera periferia da história, aliená-lo exterminando-lhe os valores, reduzi-lo ao nada e, enfim, anulá-lo, simulando que o espectro imaterial e intangível da corporação, da “sociedade anônima” tenha vida.
É justamente apelando-se para um pretenso individualismo exacerbado que (ao contrário de valorizar a autonomia e iniciativa individuais) acaba-se descartando completamente o indivíduo. É apalpando-se descarada e incessantemente o ego, disseminando-se o egoísmo e o egocentrismo mais virulentos, que (ao contrário de se gerar mais autenticidade, e originalidade), cria-se a sociedade mais despersonalizada e homogênea, o sistema-matrix mais cegante e abjeto. É bolinando a supervalorizada capacidade de “fazer a diferença” (ao contrário de sensibilizar e entusiasmar), que mais se promove o tédio, a indiferença, a apatia, a passividade.
Assim, no mais descarado dos egocentrismos falaciosos, as “pessoas” jurídicas negam o livre arbítrio das pessoas físicas, exterminando-as metafórica e literalmente.
Pode haver exemplo mais contundente disso do que a guerra contra os genes, contra as sementes, contra as espécies, contra a vida, contra o uni-multi-verso?
Patentear e tornar as sementes estéreis não é apenas um crime contra a humanidade. É um crime contra todas as espécies, um crime contra a vida, um crime contra a natureza, um crime contra o uni-múltiplo-verso.
Por isso é um deleite purificador quando vemos pessoas “físicas” demonstrarem querer se reapropriar de sua liberdade e da liberdade da vida como um todo, em todas as suas dimensões. Essas pessoas não se manifestaram apenas contra uma empresa. Mas contra aqueles que querem
substituir a GRAÇA DA CRIAÇÃO, da liberdade, da inclusão pela DESGRAÇA das várias IMPOSTURAS, do controle opressivo, da exclusão.
Impostura da ditadura pseudocientífica – de uma ciência que virou religião da embromação manipulada e monopolizada pelas corporações; impostura tecnológica – que requer a despossessão e a renúncia dos saberes acumulados e dos valores culturais humanos, em nome de uma eficiência falaciosa que só o domínio total de uma matriz de autômato poderia obter; e impostura “dos mercados”, ainda outra abstração letal, que degenerou o sentido primordial de economia, “normas de gestão da casa” (oikos = casa, nomos = lei, norma, em grego) para “golpes, ciladas e estratagemas para fazer prevalecer a qualquer custo a ambição, a cobiça, a ganância, a especulação e a usura”.
Essa substituição da “graça da criação”, pela “desgraça da impostura”, a que muitos chamam “brincar de Deus” (seja lá o que entendamos por Deus: o tudo, o nada, a natureza, o mistério, o acaso, a essência, a força criativa do universo, etc…), além de aniquilar a pessoa física para simular vida na pessoa jurídica e alimentar a “besta” pela transfusão de energias humanas e naturais em geral, envolve o esforço de nos seduzir para melhor nos consumir (como na fábula do Chapeuzinho Vermelho), reduzindo-nos à desolação mais completa, e envolve fazer prevalecer a cleptocrática e abominável pretensão de se substituir à força criativa e criadora. De outorgar-se o direito de tomar o seu lugar. O que é, desde sempre, a grande ambição do Mal. A grande fraude dos malevolentes, malsãos e malfazejos. Assim como é praticada, entre outros, pelos malévolos e maléficos mon-sa(tan)tíferos.
A vida – em nenhum de seus âmbitos ou latitudes – lhe pertence!
Para artigos, fotos e vídeos da Marcha Mundial Contra a Monsanto:
http://rt.com/news/monsanto-gmo-protests-world-721/
http://rt.com/news/march-against-monsanto-gmo-776/
http://rt.com/usa/monsanto-gmo-us-protest-797/
http://rt.com/op-edge/monsato-manipulation-food-chain-799/
http://www.washingtonpost.com/lifestyle/food/protesters-to-march-against-monsanto-across-us-around-globe-in-collective-anti-gmo-rally/2013/05/25/49479264-c556-11e2-9642-a56177f1cdf7_story.html
http://www.commondreams.org/headline/2013/05/25-2
http://www.naturalnews.com/040483_March_Against_Monsanto_rally_photos.html
http://www.naturalnews.com/040484_Facebook_censorship_children_Monsanto_rally.html
http://truth-out.org/opinion/item/16516-the-growing-global-challenge-to-monsantos-monopolistic-greed
‘Monsanto is all-in-one horseman of GMO Apocalypse’
Vandana Shiva – The Future of Food and Seed