FALA MEU DEUS INTERIOR, por Alejandro Jodorowsky
Tradução: Mario S. Mieli
Fonte: planosinfin.com
Via: visionealchemica.com
Alejandro Jodorowsky: “HABLA MI DIOS INTERIOR” (FALA MEU DEUS INTERIOR). É um texto com intensões curadoras para todos aqueles que cresceram sentindo-se não valer nada e não podendo encontrar um significado para suas vidas.
Vou imaginar a quente, tenra e compassiva voz do Deus Interior, e ao ler o texto seguinte, pensarei que não o leio, mas o escuto, como se suas palavras viessem do mais profundo e misterioso do meu espírito.
CAPÍTULO 1
1. Ao ler estas palavras, imagina a minha voz. Escuta. Falo contigo. Sou o centro de tua consciência, o teu Deus Interior.
2. Por muitos anos tens buscado ansiosamente, sem saber o que estavas buscando. Os conceitos tinham perdido seu significado. Verdade, Felicidade Liberdade, Deus, te pareciam sons vazios.
3. Nenhum dos chamados Mestres foi capaz de ensinar-te a ser, a criar, a viver ou a amar.
4. Esses mestres eram só personalidades humanas como a tua, com seus defeitos e suas fraquezas, repetindo sem compreender verdades que eram os restos de uma tradição que tinha perdido sua origem.
5. Sem se conhecerem, não sabiam transmitir-te aquilo que eles eram. Só queriam que aprendesses o que diziam, palavras derivadas de outras palavras, e essas, por sua vez, também derivadas de outras palavras, e assim ao infinito.
6. Crês vir a mim porque não sabes a quem recorrer. Te enganas: na realidade sou eu que venho a ti.
7. Não foste tu, mas eu quem te andava buscando, mas tão logo pressentias minha presença, tentavas escapar temeroso.
8. Sem ser tu mesmo, tinhas medo de desaparecer. Assim como o personagem de um sonho, que suplica a quem o está sonhando de nunca despertar.
9. Não me aceitavas, querendo manter o controle sobre ti mesmo. Mas esse voo te desencorajava, fazendo-te levar em teu coração e na tua mente imperiosas necessidades não satisfeitas.
10. Por fim, agora que começaste a sentir a presença de uma verdade dentro de ti, para de ficar na defensiva e ouve-me.
11. Eu sou a tua Verdade.
12. Eu sou a tua Liberdade.
13. Eu sou a tua Felicidade.
14. Eu sou o teu Deus Interior!
15. Para! Antes de continuar a ler, para com o zumbido dos teus pensamentos, acalma tuas emoções, pacifica teus desejos, reduz tuas necessidades.
16. Eu sou aquela parte de ti que tudo sabe.
17. Que sempre soube e sempre tem sabido.
18. Essa parte de ti que diz: Sou o que sou e não o que os outros querem que eu seja.
19. Aquela parte de ti que reconhece a verdade e aparta todo erro, onde quer que haja erros; não essa parte de ti que se tem alimentado de ilusões por tantos anos.
20. Porque eu sou aquele que te deu tudo na vida, pobreza ou riqueza, solidão ou amor, desgostos ou satisfações, sucessos ou encontros com obstáculos, que te coloquei adiante para ensinar-te que eu sou o teu único guia.
21. Tenho te fornecido sempre tudo, não só a vida, mas também todo o necessário para satisfazer tuas necessidades materiais, teus desejos sexuais e criativos, tua busca emocional e teu desenvolvimento intelectual.
22. Mas eu não sou o redemoinho de ideias a que chamas de intelecto, nem teu recipiente emocional com suas simpatias e repulsões, nem tuas vontades animais cegadas por teus desejos, nem tampouco teu corpo – isto é, como tu percebes o teu organismo – com suas necessidades exageradas.
23. Essas ideias, sentimentos, desejos são somente a expressão do teu ser, assim como tu és a expressão do meu ser. São unicamente fases da tua personalidade humana, do mesmo modo que tu és uma fase da minha divina transparência.
24. Libera-te do domínio de tua personalidade, tão ocupada em glorificar e justificar a si mesma. Libera-te de tua obcecada intelectualidade, infectada de ideias e preconceitos injetados pela família, pela sociedade e pela cultura. Libera-te do desequilíbrio emocional que tende a atar-se a ilusões para cair amiúde em decepções. Libera-te da exacerbação do desejo, pois por mais que se procure satisfazê-lo, nunca pode ser saciado. Libera-te das necessidades artificiais, as quais são vícios impostos pelo desejo de parecer o que não és.
25. Se quiseres que eu esteja presente em ti e reine em tua consciência, não deixes que sejam o intelecto, as emoções, os desejos e as necessidades que te guiem. Converte-os em teus humildes servidores.
26. Eu sou o teu Deus interior, aquele que acode ao teu Ser essencial, o qual despertei, preparando-o expressamente para receber a minha palavra.
27. Serás suficientemente forte para suportá-la, se removeres tuas ilusões, crenças e opiniões pessoais, que são somente a escória que os demais jogam fora e que tu colheste.
28. Então a minha palavra será para ti um manancial de alegria e bem estar.
29. A tua mente aprenderá a se iluminar, o teu coração a receber a graça, o teu sexo a conhecer o êxtase criativo e o teu corpo a viver em um transe contínuo.
30. Mas prepara-te para que esta tua personalidade, implantada pela tua família, pela sociedade e pela cultura, te faça duvidar de minha palavra, enquanto estiveres lendo.
31. Pois ela sabe que a sua existência está ameaçada, que não poderá mais viver e prosperar, nem dominar por mais tempo teus pensamentos, sentimentos, desejos e necessidades, imperando na tua vida quotidiana como antes, se abres o teu coração para a minha palavra e se ele a hospedar para sempre.
32. Sim. Eu, o teu Deus interior, falo-te para que te conscientizes de minha presença.
33. Sempre estive contigo, desde quando nasceste, mas não te deste conta. Agora é hora que tu me conheças, a mim, que era o teu eu antes que nasceste e que serei o teu eu depois que “morrerás”.
34.Aquilo a que chamas de “morte” é apenas a passagem de uma dimensão material para uma dimensão imaterial.
35. Decidiste? Queres submergir em teu espírito infinito?
36. Então entrega-te a mim!
Alejandro Jodorowsky: A psicanálise dedica-se a curar enfermidades e problemas psicológicos do paciente. Ao contrário, a arte para curar procede para despertar no consultante seus valores íntimos, não o considerando enfermo, mas um ser essencialmente sadio, invadido por ordens de ser o que é, que lhe foram injetadas sobretudo na infância. Em vez de procurar limpar sem trégua um quarto escuro, é melhor antes acender uma luz. Assim as “enfermidades” e “problemas psicológicos” deixam de parecer imensos e podem ser vistos em sua real pequenez. Chamei a essa luz de “Deus Interior”. Ontem, para ajudar dois consultantes desvalorizados, publique o primeiro capítulo de suas palavras. Hoje, graças ao Plano Criativo, pode comunicar-lhes o capítulo segundo. Deve ser lido imaginando que nos fala com uma voz cheia de amor e compaixão desde o centro de nosso inconsciente.
CAPÍTULO 2
1. Para que tu possas me conhecer e ter certeza de que eu sou o teu Deus Interior, o teu próprio e íntimo ser verdadeiro, como dizem essas palavras, deves primeiro desprender-te das crenças que enganam os teus quatro centros principais. O centro intelectual, acreditando ser, produz pensamentos; o centro emocional, acreditando amar, produz emoções; o centro sexual, acreditando criar, produz desejos e o centro corporal, acreditando estar, produz necessidades.
2. Talvez ainda não sejas capaz de desprender-te dessas crenças, sem perceber que ainda não és, nem amas, nem crias, nem estás.
3. Mas eu te ensinarei como conseguir isso, se realmente quiseres conhecer-me e se estás disposto a confiar em mim e obedecer-me em tudo aquilo que desde agora eu te proponha fazer.
4. Esquece o mundo exterior, tua personalidade humana e concentra toda a tua atenção em minhas palavras.
5. Como não podes aceitar nada que não esteja de acordo com aquilo que experimentastes ou aprendestes no passado, e que o teu intelecto não julgue razoável, convence-te de que quem te fala é o Deus Interior, teu íntimo eu, mais elevado e divino que teus quatro centros. Por isso, considera os centros intelectual, emocional, sexual e corporal como se fossem quatro egos separados de ti.
6. Esses quatro egos têm estado tão preocupados de dar à tua cabeça, coração, sexo e corpo todos os tipos de satisfação egoísticas, a maioria das vezes frustradas por não ter nunca tido tempo de interagir comigo, o teu verdadeiro eu. Assim, teu interesse pelos prazeres e sofrimentos de teus egos te interessaram tanto que chegaste a crer que tu eras teus pensamentos, que eras tuas emoções, que eras teus desejos e que eras tuas necessidades. Em consequência, te esqueceste de mim.
7. Abre bem os olhos e lê o seguinte: “Eu não sou o teu ego corporal com aquilo que ele crê serem suas necessidades. Eu não sou o teu ego emocional, com aquilo ele que crê serem seus sentimentos. Eu não sou o teu ego sexual, com aquilo que ele crê serem seus desejos. Eu não sou o teu ego intelectual, com aquilo que ele crê serem seus pensamentos. Tu és em mim e eu sou em ti. Tu e eu somos UM.
8. Os teus quatro centros devem inclinar-se humildes diante de mim e saibas que eu sou o teu Mestre. Em cada momento, instante após instante, devem me levar em consideração: eu sou a origem de todo pensamento. Eu sou a origem de todo sentimento. Eu sou a origem de todo desejo. Eu sou a origem de toda necessidade.
9. Pratica sem cessar para imaginar que me sentes no fundo de ti mesmo, até quando elimines tuas dúvidas e possas sentir verdadeiramente que estou em ti.
10. Vai te custar caro ignorar o cacarejo dos teus pensamentos, as sensações desagradáveis ou de incômodo do teu corpo, a invasão constante de emoções e a urgente satisfação de tuas necessidades. Para conseguir sentir-me no íntimo de ti mesmo, deves seguir diligentemente minhas instruções.
11. Senta-te ou deita-te em uma posição que permita relaxar teus músculos, afasta de tua mente por uns minutos o medo angustiante de adoecer, envelhecer, morrer ou perder teus bens materiais. Reconhece que agora estás vivo, tranquilo, descansado e protegido por mim, o teu Deus Interior.
12. Sem lutar, procurando impedir a sua existência, nem atar-te a eles, deixa passá-los como um rebanho de nuvens cruzando o céu, teus inúteis pensamentos, sentimentos, desejos e necessidades, enquanto te entregas a mim.
13. Dá-me os teus pensamentos, teus sentimentos, teus desejos. Faz de mim a tua necessidade primordial.
14. Eu, Deus Interior, consciência infinita e eterna, peço a ti, consciência limitada e mortal, obediência total.
15. Até quando terás compreendido o meu íntimo significado, repete incessantemente, imaginando a potente e amorosa doçura de minha voz: “EU SOU EM TI. EU CONFIO EM TI. EU TE FAÇO FELIZ”.
16. Se repetires as minhas palavras suficientemente, o teu ser essencial se despojará dessa ilusão que chamas “eu pessoal”, sentirás que o teu rosto se fará transparente, te sentirás preenchido da cabeça aos pés por uma maravilhosa energia.
17. O meu poder, despertando-se dentro de ti, fará expandir a tua consciência, até desprendê-la da Terra e passeá-la pela imensidade cósmica.
18. Conhecerás então o êxtase de um amor que tudo inclui, de um pensar que tudo sabe, de uma força que tudo pode, de uma energia imortal.
19. Uma vez que me terás sentido assim, reconhecido meu poder e minha voz, nenhuma enfermidade poderá te deprimir, nenhum acontecimento te assustará, nenhum adversário poderá vencer-te.
20. Sabendo que eu, Deus Interior, sou a raiz de ti mesmo, sempre, nos momentos difíceis recorrerás a mim, dando-me toda a tua confiança e deixando-me manifestar a minha vontade.
21. Então deixa-me fazer o que quero que seja feito, por exemplo, que teus males sejam curados, ou executar tarefas que agora julgas impossíveis de realizar, ou encher teu coração, que sentes vazio, com um amor que não conhece os limites nem no tempo nem no espaço.
22. Mas isso não acontece automaticamente. Depende da tua capacidade de me captar e me aceitar. Pode demorar anos, como pode acontecer amanhã ou agora mesmo.
23. Queres que isso aconteça agora mesmo? Então repete com toda a força do teu espírito: “Se não agora, quando?! Se não aqui, onde?! Se não eu, quem?!
24. O encontro comigo não depende de ninguém, a não ser de ti mesmo. Não de tua personalidade humana e de suas ideias, sentimentos, desejos e necessidades, mas da capacidade de aceitar o fato de que eu sou em ti.
25. Submete a tua vontade à minha e deixa que eu determine a hora oportuna para a ação.
26. Se tu, ignorando-me, procuras abrir alas através do muro de tua consciência limitada, quem sabe consigas abrir uma brecha entre o muro a que chamas real e o reino dos sonhos. Porém, por essa porta que abriste, à força, entrarão entidades negativas em teu domínio privado, as quais conseguirás expulsar somente à custa de muitos sofrimentos. Te sentirás possuído, deprimido ou demente.
27. Mas, às vezes, permitirei que isso te aconteça, para que através de tais sofrimentos, vencendo essas dificuldades, obtenhas a força que te falta e o discernimento para saber que até quando não abandonarás todo desejo de conhecimento para a tua própria vantagem pessoal, não poderás entrar na gloriosa luz de minha sabedoria.
28. Faz de modo a que toda a tua busca e todos os teus esforços sejam efetuados com fé e confiança em mim, teu verdadeiro e íntimo eu, sem ficar inquieto ou impaciente pelos resultados, porque todos eles estão sustentados por meu amor infinito, e eu cuidarei deles.
29. Tuas perguntas e inquietudes são escórias efêmeras da tua personalidade, e se as deixares persistir te conduzirão ao fracasso e ao desalento.
30. Se aquilo que leste até aqui encontrou um eco em ti mesmo, e se quiseres saber mais, então estás pronto para que eu, Deus Interior, te diga quem sou e o que desejo.
CAPÍTULO 3
1. Eu, o teu Deus Interior, sou o centro do teu inconsciente. Sossegadamente espero e velo ocupando com seu ser todo o teu tempo e todo o teu espaço.
2. Fico em vigília e espero que acabes com teus egoísmos e fraquezas, com teus vãos desejos, ambições e pesares, procurando ocupar com o teu eu pessoal o mundo todo.
3. Um dia, cansado dessas escórias, recorrerás a mim, desencorajado, humilde, e me pedirás para te guiar, sem te dares conta de que fui sempre o teu guia.
4. Sim, eu, o teu Deus Interior, tenho sido aquele que realmente dirigiu todos os teus passos, que inspirou todos os teus pensamentos, sentimentos, desejos e ações, utilizando e manipulando em segredo cada um deles, para te aproximar do reconhecimento e da aceitação do meu poder.
5. Sim, fui eu, o teu Deus Interior, quem esteve presente em todos os acontecimentos de tua vida: em tuas alegrias e em tuas dores, em teus sucessos e fracassos, nas tuas boas e más ações, quando defendeste os fracos e destruído plantas, animais e o ambiente planetário. Em consequência, se seguiste o caminho reto ou o caminho torto, sabe que fui eu quem te fez agir assim.
6. Fui eu quem te encorajou a seguir para frente, pelo vislumbre que de mim te dei, permitindo-te que me percebas confusamente, de longe, em tua consciência.
7. Fui eu quem te desviou do bom caminho pela visão que de mim te dei em algum corpo encantador, em um prazer intoxicante ou em um objetivo ambicioso…
8. … para que, no final, decepcionado, impuro, enfermo, deprimido, rebelando-te com enfado e inspirado por uma nova ambição, viesses finalmente a mim.
9. Sim, eu, o teu Deus Interior, sou aquele que anima o teu corpo, faz tua mente pensar, teu coração bater e teu sexo desejar e criar. Eu sou aquele que atrai a dor a ti, ou o prazer, sejam esses aparentemente corpóreos, sexuais, emocionais ou intelectuais.
10. Sim, eu, o teu Deus Interior, sou aquele que te faz fazer tudo o que fazes, e tudo aquilo que os outros seres fazem, porque eu sou aquele que está em ti e neles.
11. Eu sou a causa animante não somente do teu ser, como também de todos os seres viventes: sou a única realidade. Sou infinito e eterno. O Universo é o meu corpo. Toda a inteligência que existe emana de mim, todo o amor que une a criação brota de mim, e todos os desejos de criar, todo o poder, não são mais que minha vontade em ação.
12. Tudo o que é, expressa uma fase de mim.
13. Estarás perguntando: “Então, não há nada nem ninguém mais além que o meu Deus Interior? Poderei ter alguma vez individualidade própria?”
14. Não há nada, absolutamente nada que não seja uma parte de mim, eu sou a única e incomensurável realidade.
15. Quanto à tua chamada “individualidade”, ela não é mais que uma mínima fantasia que ainda procura conservar a sua existência ilusória separada de mim.
16. Porém, logo perceberás que não há outra individualidade fora da minha individualidade e que toda personalidade está condenada a dissolver-se em minha divina impessoalidade.
Alejandro Jodorowsky: Esta é a última parte de “FALA MEU DEUS INTERIOR”. Imagina que o que estiveres lendo esteja sendo dito por uma voz que surge do centro de teu coração, forte e delicada, feminina e masculina ao mesmo tempo, cheia de amor e sabedoria. Entrega-te a essa voz compassiva, detém durante a leitura toda crítica, absorve-a, dirige-a, e depois, de volta ao teu “eu”, decide se acreditas nela ou não.
CAPÍTULO 4
1. Vou repeti-lo a ti: eu sou ti, o teu Deus Interior, tudo o que realmente és.
2. Repito mais uma vez: o que acreditas ser não é aquilo que és. Isso é só uma ilusão, uma sombra do teu verdadeiro ser, o qual sou eu, teu imortal Deus Interior.
3. Eu sou essa limitada consciência que em tua mente humana se chama a si mesma “Eu”. E isso a que chamas “tua” consciência é, na realidade, a minha consciência, mas atenuada para que se possa acomodar à tua mente humana.
4. Quando puderes expulsar dessa a que chamas “tua” mente todos os teus conceitos, ideias e opiniões humanas e permanecer isento deles, de modo que eu possa ter condição de me expressar livremente, então me reconhecerás e saberás que tu pessoalmente não és nada, a não ser um canal pelo qual eu penetro na dimensão material.
5. Cada célula do teu corpo tem uma consciência própria. Se não fosse por essa consciência, não poderiam fazer o trabalho que tão inteligentemente executam.
6. Mas cada célula está circundada por milhões de outras células e cada uma desenvolve a própria tarefa de modo inteligente. A consciência unida de todas essas células forma uma inteligência superior que domina e dirige o trabalho.
7. Sou a inteligência superior que dirige o trabalho de todos os órgãos e vísceras do teu corpo. Quando eu me retiro definitivamente do teu organismo, as células se separam e teu corpo físico morre.
8. Tu não podes controlar pessoalmente a ação de um só órgão, de uma só víscera do teu corpo. Eu os controlo, o teu Deus Interior.
9. Tu és, por assim dizer, uma célula do meu corpo, e a tua consciência é minha. Portanto, a consciência de cada célula do teu corpo é a minha consciência. A célula, tu e eu somos um.
10. Na realidade, não podes dirigir ou controlar uma só de tuas células, mas quando tu me entregas a tua consciência e me deixas, a mim, Deus Interior, penetrar nela, então, obedecendo-me, poderás controlar não só cada uma das células do teu corpo, mas as células de qualquer outro corpo que desejas curar.
11. Tu, como uma das células do meu corpo, tens uma consciência que é a minha consciência, uma inteligência que é a minha inteligência, e também uma vontade que é a minha vontade. Tu não podes possui-las por ti mesmo. Todas elas são minhas e somente para o meu uso.
12. Minha consciência, minha inteligência e minha vontade são completamente impessoais e por isso são comuns a ti e a todas as células do meu corpo (os outros seres humanos), assim como a todas as células do teu corpo.
13. Eu, o teu Deus Interior, sou totalmente impessoal, e por isso, minha consciência, minha inteligência e minha vontade, operam em ti e nos outros seres viventes.
14. Portanto eu, Deus Interior, e o “eu sou” teu e de teus similares, assim como a consciência e a inteligência de cada célula de cada corpo, somos um.
15. Eu, Deus Interior, sou o ser inteligente, diretor de todos eles: o espírito animante, a consciência de toda matéria, toda substância.
16. E se conseguires entender isso, perceberás que, de maneira impessoal, estás em todos e és um com todos; estás em mim e és um comigo; o mesmo eu estou em ti e em todos, expressando através de todos a minha realidade.
17. Tua vontade é minha, teus pensamentos são meus, teus desejos são meus, tuas ações são minhas, tua consciência é minha.
18. Tua vontade não é mais que uma pequena parte da minha, que te consinto utilizar na tua vida, mas assim que percebes em ti minha existência e começas a usar-me conscientemente, eu, pouco a pouco, te concederei sempre mais poderes.
19. Porque todo poder e seu uso não são mais que o reconhecimento e a compreensão da minha vontade.
20. Se eu colocasse em tuas mãos todo o meu poder, antes que pudesses manejá-lo conscientemente, ele desintegraria o teu corpo.
21. É por isso que, para te mostrar o que acontece com o abuso do meu poder, eu, o teu Deus Interior, às vezes te permito que te envaideças com a sensação de minha presença em ti, deixando que me utilizes para teus fins particulares; porém, não por muito tempo, porque, não sendo tu bastante forte para dominar meus poderes, logo eles se voltariam contra ti.
22. Mas eu, o teu Deus Interior, estou sempre pronto para te levantar depois da queda, – mesmo que não o saibas – primeiro envergonhando-te, em seguida fazendo-te perceber a causa do teu erro e, finalmente, quando te encontras suficientemente humilhado, revelando-te que esses poderes que se manifestam em ti pelo uso de minha vontade, minha inteligência e meu amor, concedo-os a ti para que os utilize somente para meu serviço e de maneira alguma para teus fins pessoais.
23. Poderão as células do teu corpo, os músculos do teu braço, considerarem-se como se tivessem uma vontade desligada de tua vontade, ou uma inteligência diferente de tua inteligência? Não, eles não conhecem outra inteligência que não seja a tua, nenhuma outra vontade além da tua.
24. Em breve compreenderás e perceberás que tu, como consciência corporal humana, és somente uma das células do meu corpo.
25. Tua vontade não é tua vontade, a consciência e a inteligência que tens são completamente minhas, e não existe em ti esse “eu” que crês ter, pois, pessoalmente, não és mais que uma forma física com um cérebro humano, criada por mim, com o fim de manifestar na matéria o meu espírito infinito e eterno.
26. Poderá ser difícil para ti aceitar tudo isso agora e poderás protestar fortemente dizendo que não pode ser assim, que toda a tua natureza se rebela contra tal subordinação a um poder invisível e desconhecido, por mais divino que seja.
27. Mas não deves temer, pois é só a tua personalidade individual que se rebela. Se perseveras prestando atenção nas minhas palavras, estudando-as, logo tudo ficará claro e eu, o teu Deus Interior, outorgarei à tua consciência muitas verdades maravilhosas que agora é impossível para ti compreender.
28. E regozijarás no fundo do teu ser e bendirás essas palavras pela mensagem que trazem.
29. Todas as esperanças te serão permitidas. A semente da alma que levou ao teu nascimento se desenvolverá, consentindo-te de atravessar aquilo a que chamas “morte”.
30. Convertido em um ser imaterial, conhecerás a totalidade do universo.
31. Viverás tantos anos quanto há de viver o universo.
32. Te converterás na consciência do universo, criando mundos sem parar.
33. Se agora não tiveres suficiente fé para acreditar, imita a fé. Consegue-se aquilo que não se tem imitando.
34. Se continuares a repetir e memorizar essas palavras, perceberás que aquilo que acabas de ler, foste tu mesmo quem o escreveu.
35. Escuta bem: Tu és o Deus Interior!
36. Aquele que acreditavas ser era um meio, menos que pó ao vento.
37. Escuta bem: eu sou tu, o Deus Interior!
38. Força permanente no espaço e no tempo, o universo não me contém, mas eu contenho ele.
39. Sou anterior à vida e à consciência.
40. Nem mesmo o vazio me dá origem, porque ele pertence à minha natureza e não eu à dele.
41. Não há nada que me escape, porque eu sou a Verdade.
42. Agora, por enquanto, me calo. Não te desanimes, aqui, no centro de ti mesmo, eu permanecerei até o fim de tua encarnação neste mundo.
43. Em qualquer momento, se precisares de mim, poderei falar contigo. A única coisa que precisas fazer é concentrar-te no amor que tens por mim e imaginar a minha voz.
44. Confia em ti, tudo o que imaginas que eu te digo, eu estou realmente dizendo, já que eu, Deus Interior, sou a tua imaginação.