UM ESTADO DE NARCOLEPSIA GLOBAL
por Gianni Tirelli
Fonte: oltrelacorte de 27/11/2013
Tradução: Mario S. Mieli
O valor supremo e vivificante da “diversidade” (que é a própria essência das razões da vida), foi, de fato, suplantado e suprimido por um trabalho de homologação mental que não tem precedentes na história da humanidade. Não conseguir se dar conta dessa realidade substancial e evidente por si mesma, que nos uniforma em uma espécie de achatamento por baixo às tendências dominantes, propagadas e desalfandegadas como oportunas pelo Sistema Relativista, revela muito sobre o estado de narcolepsia produzidos nos indivíduos.
Somos todos o efeito de um experimento perverso de clonagem de massas e de lavagem cerebral, resultado de uma especial e inédita forma de escravidão que, por um absurdo contraste lógico, leva à crença de que somos livres. A homologação dos comportamentos e dos modos, em um único pensamento dominante, tende a agrupar todas as identidades em uma única, tornando supérfluas, nulas e dissonantes todas as outras. Antigamente, a diversidade era a Rainha de criatividade, de tradição, de história, de cultura, de imaginação e de saber, e cada ser humano representava, por unicidade, uma das infinitas peças que compunham a imaginação transcendente daquele imenso e misterioso puzzle, ícone do mistério infinito. Os ferreiros do passado, tanto para compreendermos, modelavam e personalizavam seus instrumentos de trabalho (tenazes, pinças, martelos, bigornas, etc.) segundo suas próprias necessidades, técnica, força e corporatura. O produto de seus esforços era único, bendito e irrepetível. Alfaiates, sapateiros, tecedores, tintureiros, pedreiros, pintores e escultores, até o mais ignorante aprendiz, eram os artífices daquele mundo mágico e perfumado que resplandecia de diversidade e saciava as necessidades da alma. O que ficou, hoje, daquele mundo que, com perfeito sincronismo, articulava as pulsações e as razões de cada coração, conduzido pela harmonia dançante do espírito divino? O homem desta era bastarda não é mais que a repetição em série de uma excepcional estupidez, tomada como regra comportamental. É cada vez mais parecido com aquela infinita série de tecnologias, lúdicas e infantis, com as quais, de forma psicótica, se relaciona com alarmante cotidianidade, alimentando a dependência, a toxicidade e o espírito de emulação.
Este processo de desumanização e de distorção teve início alguns decênios depois da revolução industrial para se atestar, em seguida (num tempo excepcionalmente breve e com uma aceleração impressionante) em homologação mecânica. Jamais, na história do mundo, tinha se produzido uma tal mutação degenerativa e em um lapso de tempo tão breve! A vida dos indivíduos, hoje, não tem mais qualquer valor. Seu nível de compreensão, de solução, a capacidade mnemônica e organizativa, são todas variáveis, infinitamente abaixo das normais funções das máquinas. Este homem, tal como é, não serve mais para nada. Não tem qualquer utilidade, nem para este mundo, nem para si mesmo. Coisa para ser sucateada!
Essas são as verdadeiras razões que desencadearam o processo (agora em sua fase terminal) de homologação global que nos levará diretamente à extinção da humanidade. A minha não é uma tese pessimista ou uma hipótese catastrofista, mas a projeção lógica, consciente e científica da soma de dados incontrovertidos e irrefutáveis. Se hoje não podemos perceber o mundo, fora das nossas experiências pessoais, liberando-nos de filtros e preconceitos que nos impedem uma análise objetiva e desencantada do nosso presente e, mais no geral, o próprio significado da vida, não poderemos nunca nos medir em pé de igualdade com as forças do mal, nem vislumbrar a sombra de um futuro.