>> Potências escondidas – Mobilizando o corpo erótico do intelecto, por Franco Berardi Bifo + Estudantes de Veneza resistem – 13/10/2012


Potências escondidas – Mobilizando o corpo erótico do intelecto
Por: Franco Berardi Bifo
Fonte: Adbusters de 12 de outubro de 2012
Tradução: Mario S. Mieli



– Mas o que é que aconteceu conosco? – Estamos virando uns Nadas.

Estudantes de Veneza em 13/10/2012, resistindo à polícia e saindo em passeata…




Potências escondidas – Mobilizando o corpo erótico do intelecto


2011 foi o primeiro ano de rebelião na Europa, quando a sociedade europeia entrou numa crise profunda, e que me parece muito mais uma crise de imaginação social que meramente econômica. O dogma econômico apoderou-se do discurso durante três décadas e destruiu o poder crítico da razão política. O colapso da economia global expôs os perigos do dogmatismo econômico, mas sua ideologia já foi incorporada nos automatismos da sociedade contemporânea.

A decisão política foi substituída por automatismos tecnolinguísticos incorporados na máquina global interconectada e as escolhas sociais são submetidas a automatismos psíquicos incorporados no discurso social e na imaginação social.

Mas a profundidade da catástrofe representada pelo colapso está despertando potências escondidas do cérebro social. O colapso financeiro marca o começo de uma insurreição cujos primeiros vislumbres puderam ser vistos em Londres, Atenas e Roma em dezembro de 2010 e que se tornaram maciços na “acampada” da Espanha em maio-junho, nas quatro noites de violência de agosto nos subúrbios ingleses, e na onda de greves e ocupações nos EUA.

O colapso europeu não é simplesmente o efeito de uma crise que é apenas econômica e financeira – esta é também uma crise da imaginação sobre o futuro. As regras de Maastricht se tornaram dogmas inquestionáveis, fórmulas algorítmicas e conjuros mágicos guardados pelos altos sacerdotes do Banco Central Europeu e promovidos por corretores de ações e consultores.

O poder financeiro está baseado na exploração do trabalho precário, cognitivo: o intelecto geral em sua forma presente de separação do corpo.

O intelecto geral, em sua configuração presente, está fragmentado e despossuído de autopercepção e autoconsciência. Somente a mobilização consciente do corpo erótico do intelecto geral, somente a revitalização poética da linguagem poderão abrir o caminho para o aparecimento de uma nova forma de autonomia social.

Sobre o autor: Franco “Bifo” Berardi é um importante pensados do Movimento Autonomia italiano. Nos anos 70, Berardi fugiu para Paris por motivos políticos e se tornou amigo íntimo e colaborador de Félix Guattari, filósofo da esquizoanálise. Berardi é um teórico da mídia e ativista midiático e ensina atualmente História Social da Mídia na Accademia de Brera, em Milão. Este ensaio é um trecho de seu livro mais recente The Uprising: On Poetry and Finance (A Rebelião: sobre Poesia e Finanças), cuja publicação em inglês será lançada em novembro pela Semiotext(e).

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