Nouriel Roubini: 2013 bem pior que 2008
Nouriel Roubini é professor de Economia na New York University. Suas previsões da crise de 2008 lhe valeram o apelido de Dr. Doom (Dr. Fado). Aqui, entrevistado na França pela Bloomberg, explica porque 2013 pode ser bem pior que 2008.
Roubini Says 2013 `Storm' May Surpass 2008 Crisis by Bloomberg
Resumo traduzido da entrevista: Mario S. Mieli
O ultimo escândalo (LIBOR) sugere que nada mudou.
Bancos continuam praticando o grande engano, fazendo coisas ilegais ou imorais.
Solução seria quebrar esses supermercados financeiros. Quando na mesma firma se tem um banco comercial, um banco de investimentos, administração de ativos, corretagem, seguros, underwriting de cada título, derivativos, não há muralhas da China e há maciços conflitos de interesses, pois se está nos dois lados de cada negociata.
Os banqueiros são ávidos. Como o tem sido há milhares de anos. Portanto, a questão não é se são mais ou menos gananciosos hoje. É preciso garantir que se comportem de modo a minimizar esses riscos. Separar as atividades para minimizar os conflitos de interesses.
Deveria haver sanções penais. Ninguém foi posto na cadeia por causa da crise financeira. Bancos cometem ilegalidades e nada é feito de concreto. Lições precisariam ser dadas: cadeia, ou talvez alguns serão enforcados nas ruas…
Está tudo como antes (de 2008). Há ainda mais conflitos de interesses hoje, que há quatro anos atrás. Nos EUA, os bancos grandes demais para falir são ainda maiores. JP Morgan incorporou Washington Mutual e Bearn Sterns, Bank of America incorporou Merril Lynch e Country Wide, de modo que os conflitos de interesse se tornaram ainda maiores. E a coisa toda está pior.
A conferência da eurozona foi um fracasso. Ou temos algum tipo de dívida comum (para reduzir o spread) ou temos uma monetarização da dívida por parte do BCE. Ou então, o spread para Itália e Espanha piorará em questão de poucas semanas.
Só o Banco Central Europeu poderia fazer alguma coisa, mas não fará.
Até 2013, vai diminuir a capacidade dos políticos de adiar as soluções, OS EUA beiram a recessão. A China parece próxima a uma aterrissagem dura, enquanto os grandes emergentes (BRICS: Brasil, Rússia, Índia e China) têm uma diminuição do crescimento. E há sempre o perigo de uma guerra entre Israel, EUA e Irã, o que duplicaria o preço do petróleo de um dia a outro.
Tudo isso configura uma tempestade perfeita… e o que foi aplicado em 2008 não poderá mais ser usado agora… pois se esgotaram as contramedidas… O problema não é mais de liquidez. É de solvência. E não será mais possível salvar os bancos, devido à forte oposição política e também porque não é mais possível salvar os bancos – se não podem se salvar nem a si mesmos, imagine então salvar os bancos… Não há mais coelhos para se tirar do chapéu…
