MERRY CRISIS AND A HAPPY NEW FEAR!!!
Para quem coleciona coraçõezinhos, taí uma bela possibilidade de adição ao próprio acervo… que tal uma das peças da singela série Coração Molotov em vidro, criada por Francis Baker, artista de San Francisco, em homenagem à “primavera árabe”?
Desfrute da visualização dos “Corações-Coquetéis Moltov” de coleção aqui:
http://some-progress.blogspot.com/2011/04/armament.html
ou aqui:
http://streetanatomy.com/2011/12/19/molotov-heart/
Já se o seu lance for música, que tal essa brejeira sugestão para embalar sua tarde?…
COMRADE MALONE & Dj Downlow – Throw the Molotov
http://youtu.be/riftHEDpOtw
Mas se sua inclinação for poesia… quem sabe estes líricos e sentimentais versos inspirados de poucos anos atrás?
POEMOLOTOV
Se você quiser me encontrar…
Estou no POEMOLOTOV de Mario Mieli, trans-escrito em louvor a Bhairav, o Terrível, no dia 25 de novembro de 2005, enquanto o autor meditava poetando nas asas de uma singela divindade, uma mosca varejeira que sobrevoava um ínfimo e maravilhoso planeta de algum sistema solar periférico de alguma galáxia ainda mais periférica de algum uni-verso que é parte abusiva e integral de in-finitos multi-versos que se expressam, per-versos, em versos do nunca encontrar…
Estou onde a faísca vira a chama
que pode queimar a memória do mundo,
se o vento for favorável. Incêndio purificador.
Estou no pulo do corpo solto que,
mergulhando, parte no ar, parte na água,
não sabe se vai deslizar em nado profundo
ou se esborrachar no raso do tanque. Fé que salva e/ou que mata.
Estou nas impurezas do diamante boutiqueficado,
cuja imperfeição é sua própria identidade.
Perene brilho incrustrado em prestações arrasadoras.
Estou no ruído resmungão das portas e janelas
que, escancaradas, se recusam a fechar.
Estou nas queixas barulhentas dos assoalhos pis(ote)ados.
Nas lâminas das facas que, não amoladas, desafiam com seu não cortar.
Correspondências de almas penadas repercutidas nos inanimados.
E estou também na resistência das latas, serraduras e invólucros em geral
que, lacrados pelo temor, desconfiança e usura, teimam em não abrir.
Revolução desobjetificada.
Estou na rolha que se despedaça e bóia desvergonhada dentro do vinho tinto.
Desbrindando debochadamente a celebração.
Estou na violência redimidora dos grafitis sem sentido, mas
que dão um sentido apropriado às paredes burguesas da exclusão, assim como
nas manchas e rabiscos azuis e pretos de Bics baratas que, depois do
desenho–escracho, deixam desdentadas e borradas as bocas aprimoradas e reprimidas das modelos do outdoor. Despudoradamente desphotoshopadas. Sub-versão da con-versão repressora e pasteurizante.
Estou no jetlag da hora fatídica em que se desliga a tevê
e se tem que encarar o mevê, o sevê, o nosvê.
Desmidiatização desvampirizante de choque.
Estou nas pilhas de puros rolos de papel higiênico
prontos para serem merdificados para sempre. Desmistificação profanadora.
Questionamento: é possível limpar o sujo sem sujar o limpo? Despolitização escatológica dos anais.
Estou no cadafalso da linguagem que amputa
o RA de rapaz e o DE de devir, o I de imundo. Cortes silábicos hiper-roedores e mega-redentores.
Para recompor e recompilar formulações anagramadas não pré-posicionadas. Mantras mentores, como: paz vir mundo, mundo vir paz, vir mundo paz, mundo paz vir…
Estou na sábia indiferença do capim santo e das ervas daninhas
que continuam crescendo impávidas, enquanto se despedaçam
as vitrines marqueteiras das cadeias globais varejistas do mundo.
Destruição transcendental iniciática. Ato infinito do não se estar.