Daqui eu não saio. Daqui ninguém men tira!!!
Men tira. Men tira. Men tira!!!
Dissimulação Paliativa no Lusco-Fusco do SixSixSixTema
em tributo aos REIS MEMES do Carnaval Plastificado e aos neo-log-ismos da marioNETagem global
Por Artur d’Amaru / 2016
Não me tira dessa Matrix. Desse SixSixSix Tema.
Estou decidido. Quero permanecer ovelha entorpecida!!!
Daqui eu não saio. Daqui ninguém men tira!!!
Não me tira a Venda dos olhos. Nem tenta limpar minha viseira. Não tira a tira que me enfaixa a boca. Nem solta a gaze que me entope os ouvidos. Tapado eu sou. Tapado eu fico. Não me destampa. Nunca vou sair dessa obtusa lata.
Eu não quero saber o que você tem a dizer. Quero só reforço para que eu me enquadre mais fácil nessa oclusa impostura.
Não me tira de minha zona de conforto. Ainda que falsa. Ainda que farsa. Se tiro a argamassa da fabulação, o que resta de minha novela? Quero ser parte dessa trapaça. Estar atado a este nó. Queimar com essa vela. Cumprir com essa farsa. Não insista! Minha estirpe é torpe. Meu manancial é boçal. Meu embrulho é vedado. Aqui é só anta que canta.
Eu não quero conhecer nenhuma verdade alternativa. Só me embeber da conspiração oficial. Da embromação autorizada. Da ignorância oculta. Do grito abafado.
Não me desconvença. Não me desvia. Não me tira da ilusão e da aparência. Convence-me a fingir que está tudo bem. Que é bela esta balela. Que não dá medo este enredo. Que não é abominação esta embromação. Que não é artimanha esta patranha.
Eu não quero ter que pensar nem questionar nem refletir nem ponderar. Quero continuar encravado nesta lorota. Aninhado nesta patacoada. Em ignóbil concórdia com esta infame perfídia. Hediondamente depravado e asquerosamente acovardado. Não quero nem tombo nem rombo. Nem tirar nenhum calombo. E continuar desprezível e miseravelmente feliz e contente com isso. Sem indagações nem questionamentos. Me conformo e gozo com aleivosias e falácias.
Não me tira de meu vil conto de Fados. Luto para sobreviver nele. E quando não luto nem estou de luto, me esforço muito.
Eu não quero admitir que só me contaram inverdades, mentiras, falsidades.
Não me tira de meu indecente devaneio. Quero uma sórdida fraude cum laude. Fazer jus ao desvergonhado embuste. Não me desobstrua a descarada falcatrua. Não me denuncie a desonesta baixeza, desleal vileza e caluniosa infâmia. Passei minha vida para alcançá-las e poder dela desfrutar aprazivelmente. Levei uma eternidade para escavar minha toupeira. Melhor integrado que desprovido. E quero ter sempre orgulho dos meus conformes rudimentares. Sonsos.
Eu não quero passar por decepções nem desapontamentos.
Não me tira dessa ignorante alucinação. Me deixa deslizar plenamente neste asinino excremento. Viver plenamente esta néscia mendacidade. Grosseira inutilidade. Faz como eu: aposta na parva bosta! Torna-te um ríspido imprestável. Um tacanho abjeto-objeto. Um depravado parvo. Não quero ser rudemente incomodado no meu perene estar de maçante conformismo.
Eu não saberia o que é a vida sem ludíbrio. Sem embustices.
Não me tira do meu iMundinho.
Do meu descarado mascaramento. Da minha encaixada fachada. De meu fastidioso fausto.
Quero continuar entediando com meu disfarce. Minha simulação desfalcada. Quero ser mais um erro nessa aborrecida mentira. Mais um adereço nessa ignara camuflagem. Mais um engano nessa aborrecida tapeação. Mais uma burla nessa insidiosa confusão. Mais um logro nesse intratável disfarce. Mais uma miragem nessa surreal utopia. Mais um fantasma nessa imbecilizante ficção. Mais uma mentira nesse zombificado engodo. Todo o resto é conspiração!
Não me tira dessa Matrix. Desse SixSixSix Tema.
Não me tira dessa men tira. Men tira. Men tira. Men tira!!!
Men tira. Men tira. Men tira!!!
Men tira. Men tira. Men tira!!!
Men tira. Men tira. Men tira!!!
Daqui eu não saio. Daqui ninguém men tira!!!
Notinha:
Melhor ainda ser lido ao som da obra que inspirou o título:
Marchinha – Daqui não saio