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Gandhi e as nuvens de endosulfan
Por: Silvio Mieli
Fonte: Brasil de fato de 06/01/2014

Desde o final do ano passado, a TV Cultura explicitou o apoio que recebe da Monsanto através de anúncio veiculado na emissora: “TV Cultura, apoio Monsanto: produzir mais, conservar mais e ajudar agricultores”.

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O marketing social de empresas como a Monsanto, que vinculam a sua marca a ações de preservação da memória, visa mascarar o impacto nefasto da sua política e dos seus produtos.

Desde o final do ano passado, a TV Cultura explicitou o apoio que recebe da Monsanto através de anúncio veiculado na emissora: “TV Cultura, apoio Monsanto: produzir mais, conservar mais e ajudar agricultores”.

A Monsanto patrocinou a digitalização do acervo de imagens da Fundação Padre Anchieta, além de arquivos da extinta TV Tupi e da TV Record adquiridos pela Cultura. Na mídia impressa, a Monsanto está financiando a organização do arquivo do jornal A Tarde, um dos mais antigos da Bahia. O projeto inclui a capacitação de professores da rede pública e a distribuição de jornais e livros para pesquisa no interior do estado.

Como contraponto a estas ações hipócritas de identificação da marca Monsanto à preservação do patrimônio cultural, sugiro o recente documentário “Nuvens de Veneno” (filme disponível abaixo), do cineasta e professor da UFRJ Beto Novaes — lançado em Cuiabá em dezembro último. O fi lme destaca o estado de Mato Grosso, que virou um mar de soja, como o campeão nacional em uso de venenos agrícolas.

Alguns dos produtos citados no filme, como o devastador endosulfan, são os mesmos que provocaram a morte, em 1997, da filha de Sofía Gatica, fundadora do movimento das Mães de Ituzaingo (bairro da cidade de Córdoba, na Argentina). Apesar das sucessivas ameaças, o movimento conseguiu o banimento do endosulfan na Argentina e agora luta contra a implantação de uma gigantesca planta da Monsanto nas Malvinas.

Em seu site a Monsanto cita Gandhi: “Devemos ser nós mesmos a mudança que queremos no mundo”. Infelizmente, Gandhi não pode responder à empresa de viva voz, mas Vandana Shiva, uma outra indiana iluminada e boa de briga, deu o troco através de uma mensagem de fim de ano: “…Lançamos este apelo para que identifiquem as leis, em seus países, que estão suprimindo essa liberdade. Da terra, das espécies, dos seres humanos.

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Vandana Shiva

Vamos identificá-las. E, então, fazer o mesmo que Gandhi fez com as leis do sal dos britânicos: Não Obedecer! … Vocês podem comprar as Blackwaters do mundo, dispor de inteligência para assediar cada cientista e ativista, mas nós não temos medo. Não permitiremos que a Monsanto mande, por meio de leis feitas pela Monsanto. Para condicionar nossas sementes, nossa agricultura, nossa comida.”

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NUVENS DE VENENO, filme de Beto Novaes

A nuvem se espraia pelas plantações. Em vez de molhar, seca. Ela não traz a chuva, traz o veneno. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de soja, algodão, milho e também um dos maiores consumidores de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Nuvens de veneno expõe as preocupações com as consequências do uso desses agroquímicos no ambiente, especialmente, na saúde do trabalhador. Um documentário revelador que faz refletir sobre a forma que crescemos e sobre o tipo de desenvolvimento que queremos.

Realização: Secretaria de Saúde de Mato Grosso, Terra Firme e VideoSaúde

Direção: Beto Novaes

Distribuição: VideoSaúde — Distribuidora da Fiocruz

Ano da produção: 2013

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