>> Ouroboros 2 – O sonho de todos os ditadores, por Furio Stella

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O sonho de todos os ditadores
Por Furio Stella
Fonte: effervescienza.com
Tradução: Mario S. Mieli

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Computadores que leem o pensamento, dinheiro virtual, óculos geolocalizadores, microchips subcutâneos. Sob a ponta do iceberg do “Datagate” a indústria do controle global avança com passos de gigante. Com a nossa aprovação.

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Computadores que leem o pensamento, óculos que permitem a você geolocalizar até sua avó, microchips subcutâneos para monitorar a saúde, dinheiro virtual que estará vinte léguas à frente da discussão sobre “sim ou não ao dinheiro virtual”. É belo constatar como o mundo da alta tecnologia está trabalhando duro para nós. Para nós? Meu Deus, isso é o que “eles” dizem. Estamos trabalhando para vocês, para a sua segurança, ou para a sua diversão, ou então para quê? E paciência se ainda não foi abafado o último escândalo a respeito de controle global; estamos falando do “Datagate”, aquele por meio do qual os EUA espiavam até o que fazia ou deixava de fazer a querida aliada e alinhada fräulein Merkel. E do qual emergiu, como descreveu também o Washington Post, que a NSA, a National Security Agency, segue os movimentos de algo como 5 bilhões de celulares em todo o mundo, os quais pode retraçar perfeitamente por meio do serviço de geolocalização. Isso também para a nossa segurança, bem entendido.

Que tal darmos uma olhadinha ao que oferece o mercado? Bem, fala-se tanto do Google Glass, os “óculos” dotados de uma minúscula tela transparente sobre uma lente e um igualmente minúsculo computador conectado com a Internet, com os quais é possível fazer tudo aquilo que fazemos com um celular, mas sem sermos vistos: uma foto, um vídeo, uma vídeo-chamada, receber indicações de rota ou sobre a meteorologia, etc. E que, talvez, os óculos possam levantar algum probleminha de privacidade, visto que já existem lugares públicos que proibiram o acesso aos seus possuidores. Como já aconteceu a um certo professor de Toronto que, encontrando-se num McDonald’s na França, no ano passado, os funcionários do estabelecimento tentaram tirar-lhe os óculos que usava e, paciência se não eram os óculos Google, mas uma sua própria invenção para “ampliar” seu campo de visão.

E o que dizer, então, daquele dispositivo compatível com o Google Glass, já produzido pelos pesquisadores espanhóis da Universidade Carlos III de Madri, a ALFS, que deveria consentir aos professores de “espionar” os alunos, no sentido de ler suas mentes para entender se compreenderam uma explicação ou não? Ou ainda, de invenção em invenção, como julgar o computador projetado por um grupo de pesquisadores da mítica Universidade de Berkeley, na Califórnia, capaz de transformar os “frames” produzidos pela mente humana em imagens, através de um processo de neuroimaging funcional, e assim, de poder ler a mente?

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Controlar, espionar, ler os e-mails e também a mente. Sejamos francos: isso sempre foi o sonho de todos os ditadores. Ainda mais que, sobrevoando relógios inteligentes, pulseiras e microchips que monitoram a saúde e a condição física, perucas e até sutiãs “inteligentes”, parece que estamos dando muitos passos adiante também no frente do dinheiro virtual. Basta pensar nos “bitcoins”. A moeda criada por um profissional do setor de informática em 2009, em vez de induzir alguém a chamar, para ele, a neuro, já chegou a ultrapassar a quota de mil dólares. Mais: estão fazendo falar de si com a aprovação das autoridades mundiais e da necessidade de maiores controles (para expulsar os sonegadores: assim é tudo para o nosso bem!), a ponto que até o JP Morgan, o banco dos EUA, patenteou um sistema de pagamento computadorizado nos moldes daquele usado pela “cripto moeda”.

Belo panorama. Que poderia ser até reducionista se pensarmos no que é projetado e construído (e não divulgado) nos bastidores do high-tech. E o engraçado de tudo isso, o abre alas ao controle global próximo vindouro, está sendo promovido por nós mesmos. As previsões de vendas de todos aqueles belos dispositivos de que falamos, produtos tecnológicos cada vez mais conectados ao nosso corpo, em relação aos quais, ao invés de “vade retro”, mostramos complacência, simpatia, desejo de posse, chegam a cerca de 64 milhões até 2017. Nós os compraremos, com o nosso dinheiro. Assim, o cerco se fecha: o que sempre foi o sonho de todos os ditadores, agora está se tornando realidade. Com o nosso muito obrigado.

Google Glasses Project

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