Sala de Espera 33 –Marylin, se tivesse envelhecido, por Andrzej Dragan e poesia Marylin de Pasolini, na voz de Laura Betti traduzida por Mario S. Mieli
Foto: When Marylin Monroe gets old
Autor: Andrzej Dragan
Fonte: likecool.com
Marylin de Pier Paolo Pasolini
Voz: da atriz italiana Laura Betti
Tradução: Mario S. Mieli
Laura Betti recita Marilyn di P.P. Pasolini
Marylin
Do mundo antigo e do mundo futuro
tinha ficado só a beleza,
e tu, pobre irmãzinha menor,
aquela que corre atrás dos irmãos maiores,
e ri e chora com eles, para imitá-los
e se veste com os cachecoizinhos deles,
toca não vista os seus livros, as suas faquinhas.
Tu, irmãzinha menor,
aquela beleza te revestia, humildemente,
e a tua alma de filha de gente modesta,
nunca soubestes que a tinhas,
porque, caso contrário, não teria sido beleza.
Desapareceu, como um chuvisco d’ouro.
O mundo te ensinou tua beleza e
assim ela se tornou dele.
Do estúpido mundo antigo
e do feroz mundo futuro
tinha ficado uma beleza que não se envergonhava
de aludir aos pequenos seios de irmãzinha,
ao pequeno ventre assim tão facilmente nu.
E por isso era beleza, a mesma que têm
as doces mendicantes de cor,
as ciganas, as filhas dos comerciantes
vencedoras dos concursos em Miami ou em Roma.
Desapareceu, como uma pombinha d’ouro.
O mundo te ensinou tua beleza e
assim ela não foi mais beleza.
Mas tu continuavas a ser menina,
bobinha como a antiguidade, cruel como o futuro,
e entre ti e a tua beleza possuída pelo poder,
pôs-se toda a estupidez e a crueldade do presente.
A carregavas sempre contigo,
como um sorriso entre as lágrimas,
impudica por passividade, indecente por obediência.
A obediência requer muitas lágrimas engolidas,
O dar-se aos outros, demais alegres olhares
que pedem a sua piedade.
Desapareceu, como uma branca sombra d’ouro.
A tua beleza sobrevivida do mundo antigo,
requerida pelo mundo futuro,
possuída pelo mundo presente,
tornou-se, assim, um mal.
Agora os irmãos maiores finalmente se viram,
param por um momentos os seus malditos jogos,
saem de sua inexorável distração,
e se perguntam: É possível que Marylin,
a pequena Marylin nos tenha indicado o caminho?
Agora és tu, a primeira, tu a irmãzinha menor,
aquela que não conta nada,
pobrezinha, com seu sorriso,
és tu a primeira além das portas do mundo
abandonado ao seu destino de morte.
Original italiano:
Marylin
Del mondo antico e del mondo futuro
era rimasta solo la bellezza,
e tu, povera sorellina minore,
quella che corre dietro ai fratelli piu’ grandi,
e ride e piange con loro, per imitarli,
e si mette addosso le loro sciarpette,
tocca non vista i loro libri, i loro coltellini,
tu sorellina piu’ piccola,
quella bellezza l’avevi addosso, umilmente,
e la tua anima di figlia di piccola gente,
non hai mai saputo di averla,
perche’ altrimenti non sarebbe stata bellezza.
Spari’, come un pulviscolo doro.
Il mondo te l’ha insegnata e
cosi’ la tua bellezza divenne sua.
Dello stupido mondo antico
e del feroce mondo futuro
era rimasta una bellezza che non si vergognava
di alludere ai piccoli seni di sorellina,
al piccolo ventre cosi’ facilmente nudo.
E per questo era bellezza, la stessa
che hanno le dolci mendicanti di colore,
le zingare, le figlie dei commercianti
vincitrici ai concorsi a Miami o a Roma.
Spari’, come una colombella d’oro.
Il mondo te l’ha insegnata,
e cosi’ la tua bellezza non fu piu’ bellezza.
Ma tu continuavi ad esser bambina,
sciocca come l’antichita’, crudele come il futuro,
e fra te e la tua bellezza posseduta dal potere,
si mise tutta la stupidita’ e la crudelta’ del presente.
Te la portavi sempre dietro,
come un sorriso tra le lacrime,
impudica per passivita’, indecente per obbedienza.
L’obbedienza richiede molte lacrime inghiottite,
il darsi agli altri, troppi allegri sguardi
che chiedono la loro pietà.
Spari’ come una bianca ombra d’oro.
La tua bellezza sopravvissuta dal mondo antico,
richiesta dal mondo futuro,
posseduta dal mondo presente,
divenne cosi’ un male.
Ora i fratelli maggiori finalmente si voltano,
smettono per un momento i loro maledetti giochi,
escono dalla loro inesorabile distrazione,
e si chiedono: E’ possibile che Marylin,
la piccola Marylin ci abbia indicato la strada
Ora sei tu, la prima, tu la sorella piu’ piccola,
quella che non conta nulla,
poverina, col suo sorriso,
sei tu la prima oltre le porte del mondo
abbandonato al suo destino di morte.