>> Amores Insólitos 21 – ODEIO OS INDIFERENTES, por Antonio Gramsci, com leitura de Fiorella Mannoia e de Paolo e Luca, seguidos do filme “A forma da memória”
Fiorella Mannoia legge Odio Gli Indifferenti di Antonio Gramsci
Io odio gli indifferenti (Paolo e Luca)
ODEIO OS INDIFERENTES
Por: Antonio Gramsci
Fonte: A cidade futura, 11 de fevereiro de 1917
Tradução: Mario S. Mieli
“Creio que viver queira dizer ser partidário.
Quem vive de verdade não pode não ser cidadão e partidário.
A indiferença é abulia, é parasitismo, é covardia, não é vida. Por isso, odeio os indiferentes. A indiferença é o peso morto da história. [É a matéria inerte na qual afogam os entusiasmos mais brilhantes. É o pântano que cerca a velha cidade. E a defende melhor dos muros mais sólidos.] A indiferença opera poderosamente na história. Opera passivamente, mas opera.
É a fatalidade; é aquilo sobre o que não se pode contar; é aquilo que atrapalha os programas, que derruba os planos melhor construídos; é a matéria bruta que estrangula a inteligência. Aquilo que acontece, o mal que se abate sobre todos, acontece porque a massa dos humanos abdica da sua vontade, deixa promulgar leis que só a revolta poderá revogar, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma revolta poderá derrubar. Entre o absenteísmo e a indiferença, poucas mãos, não vigiadas por nenhum controle, tecem a teia da vida coletiva, e a massa ignora, porque não se preocupa com ela; e então parece ter sido a fatalidade que investiu contra tudo e todos, parece que a história não seja nada além de um enorme fenômeno natural, uma erupção, um terremoto do qual todos se tornam vítimas, quem quis como quem não quis, quem sabia e quem não sabia, quem tinha sido ativo e quem indiferente. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas ninguém ou poucos se perguntam: seu eu também tivesse feito o meu dever, se eu tivesse procurado fazer valer minha vontade, teria acontecido o que aconteceu? Odeio os indiferentes também por isso: porque me incomoda o seu choramingo de eternos inocentes. Quero saber de cada um deles como desenvolveram a tarefa que a vida lhes colocou e lhes coloca quotidianamente, daquilo que fez e, especialmente, daquilo que não fez. E sinto poder ser inexorável, de não ter que desperdiçar minha piedade, de não ter que compartilhar com eles as minhas lágrimas.
[Sou partidário, vivo, já sinto nas consciências de minhas partes pulsar a atividade da cidade futura que a minha parte está construindo. E nela, a cadeia social não pesa sobre poucos, nela cada coisa que acontece não é devida ao acaso, à fatalidade, mas é obra inteligente dos cidadãos. Não existe nela ninguém que fique na janela olhando, enquanto os poucos se sacrificam e dão seu sangue.]
Vivo, sou partidário. Por isso odeio quem não participa, odeio os indiferentes.”
Antonio Gramsci, 11 de fevereiro de 1917
Odio gli indifferenti – original italiano
“Odio gli indifferenti. Credo che vivere voglia dire essere partigiani. Chi vive veramente non può non essere cittadino e partigiano. L’indifferenza è abulia, è parassitismo, è vigliaccheria, non è vita. Perciò odio gli indifferenti.??L’indifferenza è il peso morto della storia. L’indifferenza opera potentemente nella storia. Opera passivamente, ma opera. È la fatalità; è ciò su cui non si può contare; è ciò che sconvolge i programmi, che rovescia i piani meglio costruiti; è la materia bruta che strozza l’intelligenza. Ciò che succede, il male che si abbatte su tutti, avviene perché la massa degli uomini abdica alla sua volontà, lascia promulgare le leggi che solo la rivolta potrà abrogare, lascia salire al potere uomini che poi solo un ammutinamento potrà rovesciare. Tra l’assenteismo e l’indifferenza poche mani, non sorvegliate da alcun controllo, tessono la tela della vita collettiva, e la massa ignora, perché non se ne preoccupa; e allora sembra sia la fatalità a travolgere tutto e tutti, sembra che la storia non sia altro che un enorme fenomeno naturale, un’eruzione, un terremoto del quale rimangono vittime tutti, chi ha voluto e chi non ha voluto, chi sapeva e chi non sapeva, chi era stato attivo e chi indifferente. Alcuni piagnucolano pietosamente, altri bestemmiano oscenamente, ma nessuno o pochi si domandano: se avessi fatto anch’io il mio dovere, se avessi cercato di far valere la mia volontà, sarebbe successo ciò che è successo???Odio gli indifferenti anche per questo: perché mi dà fastidio il loro piagnisteo da eterni innocenti. Chiedo conto a ognuno di loro del come ha svolto il compito che la vita gli ha posto e gli pone quotidianamente, di ciò che ha fatto e specialmente di ciò che non ha fatto. E sento di poter essere inesorabile, di non dover sprecare la mia pietà, di non dover spartire con loro le mie lacrime.??Sono partigiano, vivo, sento nelle coscienze della mia parte già pulsare l’attività della città futura che la mia parte sta costruendo. E in essa la catena sociale non pesa su pochi, in essa ogni cosa che succede non è dovuta al caso, alla fatalità, ma è intelligente opera dei cittadini. Non c’è in essa nessuno che stia alla finestra a guardare mentre i pochi si sacrificano, si svenano. Vivo, sono partigiano. Perciò odio chi non parteggia, odio gli indifferenti”.??Antonio Gramsci, 11 febbraio 1917
Antonio Gramsci, la forma della memoria (A forma da memoria – filme em italiano, 55 minutos)
Antonio Gramsci, la forma della memoria from agitazioni on Vimeo.