>> Culturicídio de amplo espectro – fechando o cerco, por Mario S. Mieli

Culturicídio de amplo espectro – fechando o cerco

Por: Mario S. Mieli
10 de maio de 2013

O domínio total sobre o gênero humano, para ser eficaz e de amplo espectro, deve obviamente incluir o aniquilamento de sua(s) cultura(s) – tanto em termos concretos quanto abstratos, ou seja, das sementes para o cultivo (de onde provém a própria palavra ‘cultura’) até à capacidade de articular ideias abstratas e projetá-las praticamente através do ‘saber fazer’ – know-how.

Um recente projeto de lei da Comissão Europeia para criminalizar praticamente todas as sementes e plantas que não forem registradas pelo governo centralizado europeu (e medidas semelhantes já estão sendo aplicadas na América do Norte) visam não só incapacitar os pequenos e médios agricultores de cultivar seus próprios alimentos, mas criminalizá-los se o fizerem. Como observa Mike Adams em seu “Freedom Chronicles 2026” (disponível gratuitamente online aqui: http://freedom.naturalnews.com/E03_P01.html ) as sementes se tornariam ilegais e, portanto, haveria a necessidade de gente que se dedicaria a ‘contrabandear’ esse “produto” proibido: as sementes.1

Paralelamente ao patenteamento de todas as formas de vida, precisam ser destruídas todas as atividades artesanais tradicionais milenares que perpetuam o verdadeiro conhecimento (know-how) acumulado, agregado e constantemente potencializado pelas culturas humanas.

De que modo? Estrangulando-se financeira e economicamente os pequenos e médios produtores e empreendedores, forçando-os a “desmanchar o barraco”, exterminando-se rapidamente todo o cabedal de experiências, de trabalho, de conhecimentos aglomerados e que constitui verdadeiro patrimônio cultural de toda a humanidade.

Esse “desmemoriamento compulsório” é, sem dúvida, um crime contra a humanidade. Um exemplo concreto dessa destruição forçada do conhecimento é a crise “pré-fabricada” europeia. Wally Bonvicini (fundadora do Federitalia, organização que presta ajuda às vítimas desse processo de despossessão cultural) analisa como o desmantelamento do conhecimento comum acumulado está sendo imposto na Itália, país que juntamente com a Índia, é um dos poucos no mundo a ter uma história multimilenar ininterrupta, cadinho de culturas e civilizações:

“O conhecimento é uma arma invencível”
“LA CONOSCENZA E’ UN’ARMA INVINCIBILE” – Intervista a WALLY BONVICINI (em italiano)

Para impor esse sinistro esquema de impostura contra os povos, a deslembrança e a estratégia do engano são fundamentais. E o engano precisa ser abrangente e profundo: dissimulações, fraudes, ciladas, equívocos, burlas é o que constituiria nossa “Incivilização”, onde “o engano universal como modo de governo” é o espírito do tempo atual. François Asselineau, fundador do partido Union Populaire Republicaine na França, em conferência em Toulouse, em 15/02/2013, examina “O engano universal como modo de governo” – título de sua longa palestra -, onde a impostura é examinada através de três exemplos:

1- O engano através da atribuição do prêmio Nobel da Paz
La Tromperie Universelle comme mode de GOUVERNEMENT (1/4) (em francês)

2- O engano quanto aos responsáveis – os eleitos pelo povo transformados em marionetes
La Tromperie Universelle comme mode de GOUVERNEMENT (2/4) (em francês)

3 – O engano quanto à origem das decisões
3 – La Tromperie Universelle comme mode de GOUVERNEMENT (3/4) (em francês)

Cui bono? A quem beneficia essa impostura? Obviamente, à Usura e às Corporações Transnacionais.
A busca de “domínio total” sobre a vida de toda a humanidade implica demolir liberdades, devastar democracias, anular constituições, devastar conhecimentos, “modificar” genes…

Em recente conferência na Universidade do Havaí, centrada nos organismos geneticamente modificados mas abrangendo, inevitavelmente, todos esses temas, Vandana Shiva responde, fazendo uma boa reflexão para essa pergunta.

Vandana Shiva on GMO issues – University of Hawaii Jan 2013 (em inglês)