Fonte: The Nation, 3 de julho de 2008
Tradução: Agência Imediata
Uma vez que o preço do petróleo ultrapassou US$ 140 por barril, até mesmo os mais raivosos apresentadores de direita da mídia tinham que provar seu credo populista, dedicando uma parte de cada show para criticar as empresas petrolíferas. Alguns chegaram até a me convidar para um papo amigável sobre um novo fenômemo insidioso: “o capitalismo de desastre”. Geralmente, vai tudo bem, até que as coisas mudam de figura.
Por exemplo, o apresentador “conservador independente” de um programa de rádio, Jerry Doyle, e eu estávamos tendo uma conversa perfeitamente civilizada sobre as companhias de seguro de pouca boa-fé e sobre políticos ineptos, quando aconteceu o seguinte: “Acho que tenho um modo rápido para abaixar os preços”, anunciou Doyle. “Nós investimos US$ 650 bilhões para liberar uma nação de 25 milhões de pessoas. Não deveríamos simplesmente exigir que eles nos entreguem o petróleo? Deveríamos ter uma fila interminável de tanques, como o congestionamento do Lincoln Tunnel, o ‘Fedorento’ Lincoln, na hora de pico, repletos de notas de agradecimento do governo iraquiano… Porque é que não pegamos o petróleo, simplesmente? Nós investimos na libertação do país. Desse jeito, posso resolver o problema do combustível em dez dias, não dez anos.” Havia alguns probleminhas com o plano do Doyle, naturalmente. O primeiro era que ele estava descrevendo o maior roubo à mão armada da história. O segundo era de que ele já está bastante atrasado: “Nós” já estamos afanando o petróleo do Iraque, ou, pelo menos, estamos a ponto de fazê-lo efetivamente.
Faz dez meses que foi publicado meu livro “The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism” (A Doutrina de Choque: o Avanço do Capitalismo Desastre), no qual argumento que hoje em dia, o método preferido para moldar o mundo conforme os interesses das corporações multinacionais é explorar sistematicamente o estado de medo e desorientação que acompanha os momentos de grandes choques ou crise. Com o mundo sendo chacoalhado por choques múltiplos, parece que é um bom momento para ver como e onde essa estratégia está sendo aplicada.
E os capitalistas do desastre têm estado ocupados – dos bombeiros privados já em cena para combater os incêndios florestais do Norte da Califórnia, à corrida pela tomada de posse de terras em Burma, depois do ciclone, ao projeto de lei sobre moradias que está sendo debatido no Congresso. O projeto de lei contém pouca coisa a respeito de moradias a preços razoáveis, transfere a carga hipotecária para os contribuintes e garante que os bancos que concederam empréstimos cientes de que não poderiam ser pagos de volta, recebam sua devida compensação. Não é à toa que nos corredores do Congresso o projeto é conhecido como “O Plano Crédit Suisse”, chamado com o mesmo nome de um dos bancos que, generosamente, fizeram a proposta.
O Desastre Iraquiano: Nós o Quebramos, Nós (Apenas) o Compramos
Mas esses casos de capitalismo de desastre são amadores, quando comparados com o que está acontecendo com o Ministério do Petróleo do Iraque. Começou com contratos sem licitação pública anunciados para a ExxonMobil, Chevron, Shell, BP e Total (os contratos ainda devem ser assinados, mas estão prestes a sê-lo). Pagar multinacionais pela sua perícia técnica não é incomum. O que é estranho é que tais contratos quase invariavelmente vão para empresas de serviço de petróleo – e não às empresas especialistas em petróleo, cujo trabalho é explorar, produzir e possuir a riqueza do carbono. Como salienta o especialista em petróleo sediado em Londres Greg Muttitt, os contratos fazem sentido somente dentro do contexto de relatórios de que as empresas especializadas em petróleo tenham insistido no direito de primeira recusa quanto aos contratos subseqüentes, entregues para o gerenciamento e a produção dos campos de petróleo iraquiano. Em outras palavras, outras companhias serão livres de fazer um lance quanto àqueles contratos futuros, mas essas empresas ganharão.
Uma semana depois de anunciados os fechamentos dos negócios de serviços sem licitação pública, o mundo pode ter um vislumbre do seu preço real. Depois de anos de indução e persuasão nos bastidores, O Iraque está oficialmente abrindo seis entre seus maiores campos de petróleo, o que representa a metade de suas reservas conhecidas, aos investidores estrangeiros. Segundo o Ministro do Petróleo do Iraque, os contratos a longo prazo serão assinados dentro de um ano. Embora visivelmente sob controle da Companhia Nacional de Petróleo do Iraque, as empresas estrangeiras manterão 75 por cento do valor dos contratos, deixando apenas 25% para os parceiros iraquianos.
Nunca se ouviu esse tipo de proporção nos Estados Árabes e Persa ricos em petróleo, onde alcançar o controle nacional majoritário sobre o petróleo representava a própria definição de vitória das lutas anti-coloniais. Segundo Muttitt, a premissa até agora era de que as multinacionais estrangeiras ingressariam no país para desenvolver campos totalmente novos no Iraque, e não assumir o controle dos campos já em produção tratando-se, portanto, de campos que necessitam de um suporte técnico mínimo. “A política foi sempre de alocar esses campos à INOC (Iraq National Oil Company, ou seja, a Companhia Nacional de Petróleo do Iraque”), ele me disse. Esta é uma reversão daquela política, dando para a INOC apenas 25 por cento, em vez dos 100 por cento planejados.
Então, o que torna possível esse tipo de negociação de má-fé no Iraque, que já sofreu tanto? Ironicamente, é o próprio sofrimento do Iraque – sua interminável crise – que é a razão do arranjo que ameaça drenar do seu tesouro a sua fonte de receita principal. A lógica funciona assim: o setor petrolífero do Iraque precisa da perícia estrangeira porque anos de sanções punitivas o privaram de novas tecnologias, e a invasão e a violência contínuas o degradaram ainda mais. E o Iraque precisa urgentemente produzir mais petróleo. Por que? De novo, por causa da guerra. O país está destruído, e os bilhões concedidos através de contratos sem licitação para empresas ocidentais não tiveram êxito na reconstrução do país. E aí entram os contratos sem licitação: eles vão levantar dinheiro, mas o Iraque se tornou um lugar tão traiçoeiro que os especialistas em petróleo precisam ser induzidos a correr o risco de investir. Assim, a invasão do Iraque cria habilmente o argumento para a subseqüente pilhagem do país.
Muitos dos arquitetos da Guerra do Iraque nem se preocupam mais em negar que o petróleo foi um dos principais motivadores. No programa “Direto ao Ponto” da Rádio Pública Nacional, Fadhil Chalabi, um dos principais conselheiros do Governo Bush encabeçando a liderança da invasão, recentemente, descreveu a guerra como “um movimento estratégico da parte dos EUA e do Reino Unido para ter uma presença militar no Golfo, de modo a que esses países se assegurarem os suprimentos (de petróleo) no futuro”. Chalabi, que serviu como sub-secretário para o Petróleo do Iraque, encontrando-se com as empresas especialistas em petróleo antes da invasão, descreveu este como “um objetivo primário”.
Invadir países para se apoderar dos seus recursos naturais é ilegal, segundo as Convenções de Genebra. Isso significa que a imensa tarefa de reconstruir a infra-estrutura do Iraque – incluindo a infra-estrutura petrolífera – é responsabilidade financeira dos invasores do Iraque. Eles deveriam ser forçados a pagar reparações. (Estão lembrados de que o regime de Saddam Hussein teve que pagar US$ 9 bilhões ao Kuwait como reparação pela sua invasão de 1990?) Ao invés disso, o Iraque está sendo forçado a vender 75 por cento do seu patrimônio nacional para pagar as contas devidas ao fato de que o país foi invadido e ocupado ilegalmente.
O choque do preço do petróleo: ou vocês nos dão Ártico, ou então nunca mais poderão guiar um carro
O Iraque não é o único país que se encontra em pleno assalto petrolífero. O Governo Bush está usando uma crise relacionada – o aumento vertiginoso do preço do combustível – para reavivar seu sonho de perfurar na região do Arctic National Wildlife Refuge (ANWR, ou Reserva Nacional Natural do Ártico). E de perfurar na costa do Ártico. E também na Bacia do Green River. “O Congresso deve encarar a dura realidade”, disse George W. Bush no dia 18 de junho, “a menos que os membros (do Congresso) estejam dispostos a aceitar os preços do petróleo nos atuais dolorosos níveis – ou até mais – a nossa nação precisa produzir mais petróleo”.
Este é o Presidente como Extorsor Número Um, com as mangueiras de petróleo apontadas na cabeça de seus reféns – que são nada menos que o país inteiro. Dêem-nos o ANWR, ou todo mundo vai passar as férias no quintal de casa. O “mãos-ao-alto” final do Presidente cowboy.
Apesar dos adesivos “Perfure Aqui, Perfure Agora, Pague Menos”, perfurar no Ártico teria um mínimo impacto discernível no suprimento mundial de petróleo, como sabem muito bem aqueles que o defendem. O argumento de que isso poderia, contudo, abaixar os preços do petróleo se baseia não na economia real, mas na psicanálise de mercado: perfurar enviaria uma “mensagem” aos comerciantes de petróleo de que mais petróleo está a caminho, o que os levaria a abaixar o preço.
Dois pontos decorrem desta abordagem. O primeiro, tentar usar o efeito psicológico para os traders híper-ativos dessa commodity é o que se faz passar de governo na era Bush, mesmo em pleno seio de uma emergência nacional. Segundo, isso nunca vai funcionar. Se há uma coisa que podemos prever a partir do comportamento recente do mercado de petróleo, é que o preço continuará a subir, independentemente das novas fontes de abastecimento anunciadas.
Basta ver o boom maciço de petróleo nas areias de alcatrão de Alberta. As areais de alcatrão (às vezes chamadas de areias de petróleo) estão na mesma situação das propostas de Bush para os sítios de perfuração: estão bem perto e perfeitamente seguras, posto que o North-American Free Trade Agreement (NAFTA, ou Tratado de Livre Comércio do Atlântico Norte) contém uma provisão que impede ao Canadá de cortar o suprimento aos Estados Unidos. E apesar do pouco barulho, o petróleo desta fonte até agora inexplorada tem sido despejado no mercado, tanto que o Canadá é hoje o maior fornecedor de petróleo aos Estados Unidos, tendo ultrapassado a Arábia Saudita. Entre 2005 e 2007, o Canadá aumentou suas exportações aos Estados Unidos de quase 100 milhões de barris. Apesar desse aumento significativo no abastecimento, os preços do petróleo continuaram subindo o tempo todo.
O que está impulsionando a perfuração no ANWR não são os fatos, mas a pura estratégia da doutrina de choque – a crise do petróleo criou as condições nas quais é possível vender uma política até agora invendável (embora altamente lucrativa).
O choque do preço dos alimentos: modificação genética ou fome
Intimamente conectada ao preço do petróleo está a crise alimentar global. Não somente os preços do petróleo provocam o aumento dos custos dos alimentos, como o boom dos agrocombustíveis obscureceu os limites entre alimento e combustível, expulsando de suas terras os cultivadores de alimentos e encorajando a especulação. Vários países latino-americanos têm solicitado uma reavaliação da corrida para os agrocombustíveis e o reconhecimento dos alimentos como um direito humano, e não como uma mera “commodity”. Mas John Negroponte, o Secretário de Estado dos EUA tem outras idéias. No mesmo discurso em que angaria o compromisso dos EUA em relação à ajuda alimentar, ele pede aos países para abaixarem suas “restrições à exportação e as tarifas altas” e para eliminarem “as barreiras ao uso de tecnologias inovadoras de produção de plantas e animais, incluindo a biotecnologia”. Esse era um “mãos-ao-alto” mais sutil, mas a mensagem foi bem clara: que os países empobrecidos abram seus mercados agrícolas para os produtos norte-americanos e para as sementes geneticamente modificadas, ou poderiam correr o risco de não receber ajuda”.
Colheitas geneticamente modificadas emergiram como a cura para tudo o que diz respeito à crise alimentar, pelo menos segundo o Banco Mundial, o presidente da Comissão Européia e o Primeiro Ministro da Grã-Bretanha Gordon Brown. E, é claro, as empresas de agronegócio. “Hoje não se pode alimentar o mundo sem os organismos geneticamente modificados” afirmou Peter Brabeck, presidente da Nestlé, ao Financial Times recentemente. O problema deste argumento, pelo menos por enquanto, é que não há qualquer evidência de que os OGMs aumentem as safras, pelo contrário, freqüentemente as diminuem.
Mas mesmo se houvesse uma resposta simples para resolver a crise alimentar global, será mesmo que a desejamos nas mãos das Nestlés e Monsantos? Qual seria o custo que teríamos com isso? Nos últimos meses, a Monsanto, a Syngenta e a BASF têm comprado freneticamente patentes de plantas/sementes chamadas de “prontas para mudança climática” que podem crescer na terra tostada pela seca e salinizada pelas enchentes.
Em outras palavras, plantas construídas para sobreviver a um caos climático futuro. Nós já sabemos até que ponto a Monsanto está disposta a chegar para proteger sua propriedade intelectual, espiando e processando cultivadores que ousam salvar as próprias sementes de um ano para outro. Já vimos como medicamentos patenteados para a AIDS não foram usados para curar milhões na África sub-sahariana. Porque seria diferente com as colheitas patenteadas e “prontas para a mudança climática”?
Enquanto isso, na conversa sobre novas e excitantes tecnologias genéticas e de perfuração, o Governo Bush anunciou uma moratória de até dois anos para projetos de energia solar em terras federais – devido, aparentemente, a preocupações com o ambiente. Esta é fronteira final do capitalismo de desastre. Nossos líderes não estão investindo em tecnologias que poderiam, na realidade, prevenir um caos climático futuro, preferindo trabalhar de mãos dadas com aqueles que armam esquemas inovadores para obterem lucros com a situação de confusão.
Privatizar o petróleo do Iraque, garantir o domínio global para as colheitas geneticamente modificadas, abolir as últimas barreiras comerciais e abrir as últimas reservas naturais… Não faz tanto tempo esses objetivos eram perseguidos por meio de educados acordos de comércio, sob o benigno pseudônimo de “globalização”. Agora, esta agenda desacreditada está forçada a cavalgar nas costas das crises seriais, vendendo-se a si própria como remédio milagroso para um mundo em sofrimento.
Naomi Klein é jornalista premiada e colunista sindicalizada, autora dos best-sellers internacionais e do New York Times: “The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism” (A Doutrina de Choque: o Avanço do Capitalismo de Desastre) (setembro de 2007); e do best-seller internacional precedente: “No Logo: Taking Aim at the Brand Bullies”, além da coleção de artigos “Fences and Windows: Dispatches from the Front Lines of the Globalization Debate” (Cercas e Janelas: Despachos das Linhas de Frente do Debate sobre a Globalização) (2002).
Copyright © 2008 The Nation
In English
Published on Thursday, July 3, 2008 by The Nation
Disaster Capitalism: State of Extortion
by Naomi Klein
Once oil passed $140 a barrel, even the most rabidly right-wing media hosts had to prove their populist cred by devoting a portion of every show to bashing Big Oil. Some have gone so far as to invite me on for a friendly chat about an insidious new phenomenon: “disaster capitalism.” It usually goes well–until it doesn’t.
For instance, “independent conservative” radio host Jerry Doyle and I were having a perfectly amiable conversation about sleazy insurance companies and inept politicians when this happened: “I think I have a quick way to bring the prices down,” Doyle announced. “We’ve invested $650 billion to liberate a nation of 25 million people. Shouldn’t we just demand that they give us oil? There should be tankers after tankers backed up like a traffic jam getting into the Lincoln Tunnel, the Stinkin’ Lincoln, at rush hour with thank-you notes from the Iraqi government…. Why don’t we just take the oil? We’ve invested it liberating a country. I can have the problem solved of gas prices coming down in ten days, not ten years.”There were a couple of problems with Doyle’s plan, of course. The first was that he was describing the biggest stickup in world history. The second, that he was too late: “We” are already heisting Iraq’s oil, or at least are on the cusp of doing so.
It’s been ten months since the publication of my book The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism , in which I argue that today’s preferred method of reshaping the world in the interest of multinational corporations is to systematically exploit the state of fear and disorientation that accompanies moments of great shock and crisis. With the globe being rocked by multiple shocks, this seems like a good time to see how and where the strategy is being applied.
And the disaster capitalists have been busy–from private firefighters already on the scene in Northern California’s wildfires, to land grabs in cyclone-hit Burma, to the housing bill making its way through Congress. The bill contains little in the way of affordable housing, shifts the burden of mortgage default to taxpayers and makes sure that the banks that made bad loans get some payouts. No wonder it is known in the hallways of Congress as “The Credit Suisse Plan,” after one of the banks that generously proposed it.
Iraq Disaster: We Broke It, We (Just) Bought It
But these cases of disaster capitalism are amateurish compared with what is unfolding at Iraq’s oil ministry. It started with no-bid service contracts announced for ExxonMobil, Chevron, Shell, BP and Total (they have yet to be signed but are still on course). Paying multinationals for their technical expertise is not unusual. What is odd is that such contracts almost invariably go to oil service companies–not to the oil majors, whose work is exploring, producing and owning carbon wealth. As London-based oil expert Greg Muttitt points out, the contracts make sense only in the context of reports that the oil majors have insisted on the right of first refusal on subsequent contracts handed out to manage and produce Iraq’s oil fields. In other words, other companies will be free to bid on those future contracts, but these companies will win.
One week after the no-bid service deals were announced, the world caught its first glimpse of the real prize. After years of back-room arm-twisting, Iraq is officially flinging open six of its major oil fields, accounting for around half of its known reserves, to foreign investors. According to Iraq’s oil minister, the long-term contracts will be signed within a year. While ostensibly under control of the Iraq National Oil Company, foreign firms will keep 75 percent of the value of the contracts, leaving just 25 percent for their Iraqi partners.
That kind of ratio is unheard of in oil-rich Arab and Persian states, where achieving majority national control over oil was the defining victory of anticolonial struggles. According to Muttitt, the assumption until now was that foreign multinationals would be brought in to develop brand-new fields in Iraq–not to take over ones that are already in production and therefore require minimal technical support. “The policy was always to allocate these fields to the Iraq National Oil Company,” he told me. This is a total reversal of that policy, giving INOC a mere 25 percent instead of the planned 100 percent.
So what makes such lousy deals possible in Iraq, which has already suffered so much? Ironically, it is Iraq’s suffering–its never-ending crisis–that is the rationale for an arrangement that threatens to drain its treasury of its main source of revenue. The logic goes like this: Iraq’s oil industry needs foreign expertise because years of punishing sanctions starved it of new technology and the invasion and continuing violence degraded it further. And Iraq urgently needs to start producing more oil. Why? Again because of the war. The country is shattered, and the billions handed out in no-bid contracts to Western firms have failed to rebuild the country. And that’s where the new no-bid contracts come in: they will raise more money, but Iraq has become such a treacherous place that the oil majors must be induced to take the risk of investing. Thus the invasion of Iraq neatly creates the argument for its subsequent pillage.
Several of the architects of the Iraq War no longer even bother to deny that oil was a major motivator. On National Public Radio’s To the Point , Fadhil Chalabi, one of the primary Iraqi advisers to the Bush Administration in the lead-up to the invasion, recently described the war as “a strategic move on the part of the United States of America and the UK to have a military presence in the Gulf in order to secure [oil] supplies in the future.” Chalabi, who served as Iraq’s oil under secretary and met with the oil majors before the invasion, described this as “a primary objective.”
Invading countries to seize their natural resources is illegal under the Geneva Conventions. That means that the huge task of rebuilding Iraq’s infrastructure–including its oil infrastructure–is the financial responsibility of Iraq’s invaders. They should be forced to pay reparations. (Recall that Saddam Hussein’s regime paid $9 billion to Kuwait in reparations for its 1990 invasion.) Instead, Iraq is being forced to sell 75 percent of its national patrimony to pay the bills for its own illegal invasion and occupation.
Oil Price Shock: Give Us the Arctic or Never Drive Again
Iraq isn’t the only country in the midst of an oil-related stickup. The Bush Administration is busily using a related crisis–the soaring price of fuel–to revive its dream of drilling in the Arctic National Wildlife Refuge (ANWR). And of drilling offshore. And in the rock-solid shale of the Green River Basin. “Congress must face a hard reality,” said George W. Bush on June 18. “Unless members are willing to accept gas prices at today’s painful levels–or even higher–our nation must produce more oil.”
This is the President as Extortionist in Chief, with gas nozzle pointed to the head of his hostage–which happens to be the entire country. Give me ANWR, or everyone has to spend their summer vacations in the backyard. A final stickup from the cowboy President.
Despite the Drill Here. Drill Now. Pay Less bumper stickers, drilling in ANWR would have little discernible impact on actual global oil supplies, as its advocates well know. The argument that it could nonetheless bring down oil prices is based not on hard economics but on market psychoanalysis: drilling would “send a message” to the oil traders that more oil is on the way, which would cause them to start betting down the price.
Two points follow from this approach. First, trying to psych out hyperactive commodity traders is what passes for governing in the Bush era, even in the midst of a national emergency. Second, it will never work. If there is one thing we can predict from the oil market’s recent behavior, it is that the price is going to keep going up regardless of what new supplies are announced.
Take the massive oil boom under way in Alberta’s notorious tar sands. The tar sands (sometimes called the oil sands) have the same things going for them as Bush’s proposed drill sites: they are nearby and perfectly secure, since the North American Free Trade Agreement contains a provision barring Canada from cutting off supply to the United States. And with little fanfare, oil from this largely untapped source has been pouring into the market, so much so that Canada is now the largest supplier of oil to the United States, surpassing Saudi Arabia. Between 2005 and 2007, Canada increased its exports to the States by almost 100 million barrels. Yet despite this significant increase in secure supplies, oil prices have been going up the entire time.
What is driving the ANWR push is not facts but pure shock doctrine strategy–the oil crisis has created the conditions in which it is possible to sell a previously unsellable (but highly profitable) policy.
Food Price Shock: Genetic Modification or Starvation
Intimately connected to the price of oil is the global food crisis. Not only do high gas prices drive up food costs but the boom in agrofuels has blurred the line between food and fuel, pushing food growers off their land and encouraging rampant speculation. Several Latin American countries have been pushing to re-examine the push for agrofuels and to have food recognized as a human right, not a mere commodity. United States Deputy Secretary of State John Negroponte has other ideas. In the same speech touting the US commitment to emergency food aid, he called on countries to lower their “export restrictions and high tariffs” and eliminate “barriers to use of innovative plant and animal production technologies, including biotechnology.” This was an admittedly more subtle stickup, but the message was clear: impoverished countries had better crack open their agricultural markets to American products and genetically modified seeds, or they could risk having their aid cut off.
Genetically modified crops have emerged as the cureall for the food crisis, at least according to the World Bank, the European Commission president (time to “bite the bullet”) and Prime Minister of Britain Gordon Brown. And, of course, the agribusiness companies. “You cannot today feed the world without genetically modified organisms,” Peter Brabeck, chairman of Nestlé, told the Financial Times recently. The problem with this argument, at least for now, is that there is no evidence that GMOs increase crop yields, and they often decrease them.
But even if there was a simple key to solving the global food crisis, would we really want it in the hands of the Nestlés and Monsantos? What would it cost us to use it? In recent months Monsanto, Syngenta and BASF have been frenetically buying up patents on so-called “climate ready” seeds–plants that can grow in earth parched from drought and salinated from flooding.
In other words, plants built to survive a future of climate chaos. We already know the lengths Monsanto will go to protect its intellectual property, spying on and suing farmers who dare to save their seeds from one year to the next. We have seen patented AIDS medications fail to treat millions in sub-Saharan Africa. Why would patented “climate ready” crops be any different?
Meanwhile, amid all the talk of exciting new genetic and drilling technologies, the Bush Administration announced a moratorium of up to two years on new solar energy projects on federal lands–due, apparently, to environmental concerns. This is the final frontier for disaster capitalism. Our leaders are failing to invest in technology that will actually prevent a future of climate chaos, choosing instead to work hand in hand with those plotting innovative schemes to profit from the mayhem.
Privatizing Iraq’s oil, ensuring global dominance for genetically modified crops, lowering the last of the trade barriers and opening the last of the wildlife refuges… Not so long ago, those goals were pursued through polite trade agreements, under the benign pseudonym “globalization.” Now this discredited agenda is forced to ride on the backs of serial crises, selling itself as lifesaving medicine for a world in pain.
Naomi Klein is an award-winning journalist and syndicated columnist and the author of the international and New York Times bestseller The Shock Doctrine: The Rise of Disaster Capitalism (September 2007); an earlier international best-seller, No Logo: Taking Aim at the Brand Bullies ; and the collection Fences and Windows: Dispatches from the Front Lines of the Globalization Debate (2002).
Copyright © 2008 The Nation