|
|
Para aqueles que não vivem sem um rótulo,
a arte de Barbara Kruger é "encaixada" em fotomontagem.
Ela utiliza fotografias retiradas da televisão, filmes, jornais e
revistas como matéria-prima. Com esse material em mãos, recorta, aumenta,
justapõe, estica, distorce. Uma nova e inocente imagem surge, e ela
trata de tirar essa inocência com palavras extremamente acusatórias.
São frases escritas com letras enormes em negrito. As cores são poucas:
preto, branco e vermelho, de vez em quando. Mesmo assim, é impossível
não parar para ver um trabalho dela.
Cartaz para uma campanha pró-aborto
A interferência das frases
nas fotografias é chocante: há a impressão clara que ambas duelam
entre si. As frases estridentes dão outros sentidos às imagens. Pode-se
afirmar que eis aqui um caso raro em que na luta entre imagem x linguagem,
esta última leva vantagem. Em um trabalho, por exemplo, há um desenho
típico dos anos 50 no qual duas meninas brincam com uma marionete.
Uma imagem singela, não fosse o veneno do escrito: "Quem é livre
para escolher?", envolto por bandeiras dos Estados Unidos. Deste
modo, sem as frases, seriam fotografias comuns e até inanimadas. A
força do trabalho vem deste conflito semiótico. O impacto vem desta
briga, que faz com que a arte de Kruger, apesar de presa a um veículo
de divulgação, seja extremamente movimentada e inquieta.
| home | 1 | 2
| 3 | 4 |
|
|