>> Cinco minutos X 2 para ouvir José Pepe Mujica, presidente do Uruguai


Cinco minutos X 2 para ouvir José Pepe Mujica, presidente do Uruguai

Discurso do Presidente do Uruguai, José Pepe Mujica na Rio+20 – Legendado PT-BR

http://youtu.be/zsOGZKRVqHQ

via: boilerdo

Uruguay’s president Mujica in Rio+20 speech (proper subtitles in many languages clicking in “CC”)



“Durante toda a tarde estivemos falando de desenvolvimento sustentável. De como eliminar o imenso problemas da pobreza.
Que se passa em nossas cabeças?

O modelo de desenvolvimento e consume que atualmente vivem as sociedades ricas?
Faço esta pergunta: o que aconteceria com este planeta se os hindus tivessem a mesma proporção de carros por família, que os alemães possuem?

Quanto oxigênio teríamos para respirar?

O mundo de hoje teria os elementos materiais para que 7 a 8 bilhões de pessoas possam desfrutar do mesmo nível de consumo e desperdício que têm as sociedades mais ricas do Ocidente?

Isto será possível, ou será que teremos que ter um dia outro tipo de discussão?

Porque nós criamos esta civilização em que estamos: filha do mercado, filha da competição, que se deparou com o progresso material enfático e explosivo.

Mas a economia de mercado criou sociedades de mercado. E nos deparamos com esta globalização, que significa olhar por todo o planeta. Estamos governando a globalização, ou é a globalização que nos governa?

É possível falar de solidariedade e que “estamos todos juntos” em uma economia que está baseada na competição despiedada? Até onde chega a nossa fraternidade?

Eu não digo nada disso para negar a importância deste evento. Pelo contrário, o desafio que temos pela frente é de uma grandiosidade colossal.

A grande crise não é ecológica. É política.

O homem não governa hoje! Não há forças envolvidas, senão as forças que governam o homem. E a vida.

Porque não viemos ao planeta para nos desenvolvermos, em termos gerais.
Viemos ao planeta para sermos felizes.

Porque a vida é curta e rapidamente se vai. E nenhum bem vale mais do que a vida, isso é claro!

Mas a vida vai se passando, e nós trabalhando e trabalhando para consumir sempre mais e a sociedade de consumo é o motor, porque, em última análise se o consumo se paralisa, a economia para, e se a economia parar, o fantasma da estagnação econômica aparece para cada um de nós.

Mas este hiper consumo, este que está agredindo o planeta, e eles têm que acelerar este hiper consumo fazendo coisas que durem pouco, porque é preciso vender muito.

E uma lâmpada elétrica, então, não pode durar mais de 1000 horas. Mas há lâmpadas elétricas que podem durar 100 mil, 200 mil horas!

Contudo, essas não podem ser feitas porque o problema é o mercado, porque temos que trabalhar e temos que sustentar uma civilização que “usa e joga fora”, por isso estamos num círculo vicioso.

Estes são problemas de caráter político, que estão dizendo que está na hora de começar a lutar por outra cultura.

Não se trata de retornar aos dias do homem das cavernas, ou de ter um “monumento ao atraso”. Mas não podemos continuar indefinidamente sendo governados pelo mercado, e sim, temos de governar o mercado.

Então eu digo, na minha humilde forma de pensar que o problema que temos é político.

Os antigos pensadores, Epicuro, Sêneca, inclusive os Aymaras, definiam:

“Pobre não é aquele que tem pouco, mas sim o que necessita infinitamente muito, e deseja, deseja, mais e mais…”

Isso é crucialmente de caráter cultural.

Então, eu saúdo os esforços e acordos que são feitos. Vou segui-los, como governante.

Sei que algumas coisas que eu estou dizendo “perturbam”. Mas devemos perceber que a crise da água e a agressão ao meio-ambiente não são a causa.

A causa é o modelo de civilização que construímos. E temos que revisar nossa forma de viver.

Eu pertenço a um país pequeno e bem dotado de recursos naturais para viver. No meu país há 3 milhões de habitantes. E milhões e 200 mil. Mas há cerca de 13 milhões de vacas, das melhores do mundo. E cerca de 8 ou 10 milhões de ovelhas estupendas. O meu país é um exportador de alimentos, laticínios, carne. É uma planície onde quase 90% da terra é aproveitável.

Meus amigos trabalhadores lutaram arduamente para conquistar o direito de 8 horas de trabalho. E agora estão conseguindo 6 horas, mas precisam ter dois empregos. Trabalham, portanto, mais do que antes.

Por quê?

Porque tem uma infinidade de despesas: a motocicleta que comprou, o automóvel que comprou e paga contas e paga contas….

E quando acordar perceberá que é um velho reumático como eu, e se passou a vida.

Alguém fará esta pergunta: este é o destino da vida humana?

Essas coisas que eu digo são elementares: o desenvolvimento não pode ir contra a felicidade. Tem que ser a favor da felicidade humana, do amor ao planeta Terra, das relações humanas, do amor aos filhos, de ter amigos, ter só o necessário. Precisamente, porque este é o tesouro mais valioso que temos, Quando lutamos pelo meio-ambiente, o primeiro elemento do meio-ambiente se chama a FELICIDADE HUMANA.

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