>> Tua fome é o meu lucro – A especulação dos bancos com alimentos leva à fome e à miséria milhões de seres humanos.


Tua fome é o meu lucro



A especulação dos bancos com alimentos leva à fome e à miséria milhões de seres humanos.
Fonte: Inside Story / Al Jazeera (vídeo em inglês)

Hunger Games: the price of feeding the world

Bancos especuladores lucram enquanto os pobres de mundo morrem de fome
Goldman Sachs e Morgan Stanley entre os acusados de fazer a colheita financeira com a crescente crise alimentar
Fonte: Common Dreams de 3 de setembro de 2012
Tradução: Imediata


Neste fim de semana, informes acusam as mais poderosas instituições financeiras de lucrar às custas dos mais pobres e vulneráveis às flutuações dos preços, causadas pela violenta especulação com o preço de alimentos como o trigo, os grãos de soja e o milho.

“O Barclays é o banco do Reino Unido com maior envolvimento no trading de alimentos e é um dos maiores protagonistas globais, junto com os gigantes dos EUA Goldman Sachs e Morgan Stanley”, informou o jornal Independent do Reino Unido, citando pesquisa do World Development Movement (Movimento para o Desenvolvimento Global).
Christine Haigh, funcionária encarregada para a política e as campanhas do WDM, e uma das analistas da pesquisa, afirmou que o comportamento dos bancos “pode causar um aumento da bolha especulativa e contribui para a fome e a pobreza de milhões de pessoas, entre as mais pobres”.

Enquanto neste ano as secas devastaram as safras de grãos dos maiores produtores agrícolas, como os EUA e a Índia, os especialistas advertem sobre a crise alimentar que está tomando forma em todo o mundo. As acusações de ‘exploração’ por parte de grupos como o WDM e a Oxfam International, entretanto, transcendem as alterações de preço causadas pelas condições externas como a seca ou os agricultores que usam os índices das commodities para proteger o preço de suas colheitas, e denunciam a ganância e a negligência de investidores que criam condições voláteis de trading, especulando sobre os preços futuros de tais commodities, desconsiderando quaisquer danos às pessoas no mundo real.

“Populações frágeis em todo o mundo, vivendo próximas da ou na linha de pobreza, serão devastadas pela alta dos preços e pela volatilidade”, afirmou a Oxfam numa recente declaração. “Quase um bilhão de pessoas estão já pobres demais para se alimentarem, de modo que é certo que qualquer aumento no preço dos alimentos a longo prazo envolverá outros milhões de pessoas que agora estão apenas sobrevivendo.

O World Development Movement reporta estimativas de que o Barclays lucrou uma cifra de $840 milhões através de suas “atividades especulativas com alimentos” no decorrer de 2010 e 2011. O Barclays lucrou muito mais com especulação alimentar em 2010, pois os preços das commodities agrícolas estavam subindo, e um montante menor em 2011, quando os preços caíram.

Como reportado pelo Independent: “A extensão do envolvimento de apenas um banco nos mercados agrícolas aumentará as preocupações de que a especulação alimentar poderia ajudar a fazer os preços subirem de tal forma que impulsionariam uma onda de rebeliões nos países mais pobres do mundo, à medida que os suprimentos básicos se tornem inacessíveis às populações”.

O assessor para o setor privado da Oxfam, Rob Nash disse: “O mercado alimentar está se tornando mais um playground para investidores que um mercado para agricultores. A tendência dos grandes investidores de apostar nos preços dos alimentos está transformando os alimentos em ativos financeiros, enquanto exacerbam o risco de altas de preços que atingem mais duramente os pobres”.

E o Independent acrescenta:

Estima-se que as receitas que o Barclays e outros bancos fizeram com o trading de todas as commodities, do trigo ao milho ao café e ao cacau, aumentem novamente neste ano, com a subida dos preços. Os preços do milho subiram 45% desde o início de junho, e o milho aumentou 30%.

A maior parte das receitas do Barclays com “especulação alimentar” é feita por meio do estabelecimento e gerenciamento de fundos de commodities que investem dinheiro de fundos de pensão, seguradoras e indivíduos abastados, numa variedade de produtos agrícolas, em troca de taxas e comissões. O banco alega não investir seu próprio dinheiro em tais commodities.

Como a desregulamentação permitiu a criação de tais fundos em 2000, instituições como o Barclays canalizaram coletivamente a incrível cifra de $200bn (£126bn) de investimento líquido em commodities agrícolas, segundo o US Commodity Futures Trading Commission.

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