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A história de 4 operárias que lançaram um jornal anarcofeminista. Esta é a base do filme “Nem Deus, Nem Patrão, Nem Marido”, de Laura Mañá, que estréia na Argentina em 24 de junho de 2010.
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Sinopse

Quando a polícia rosarina ameaça de morte Virgínia Bolten como represália a seu discurso anarquista, esta se emigra para Buenos Aires. Uma vez ali, busca refúgio na casa de Rogelio, um homem de espírito generoso e solidário que foi amigo de seu pai. Virgínia logo estabelece com Matilde, uma mulher também anarquista que leva a cabo sua militância em uma fábrica de fiação, propriedade de Genaro Volpone.

Este encontro se produz quando na fiação estoura um conflito pela demissão de uma das operárias. É nessa ocasião, a presença de Virgínia é decisiva para levar adiante o protesto. Ainda que as medidas de força não alcancem seus objetivos, como conseqüência da mesma se constitui um grupo que, junto a Virgínia, tentará tornar realidade um velho projeto desta: a edição de um periódico anarquista em que a voz da mulher ressoe com uma firmeza e contundência inédita para a época.

Depois de se salvar de vários revés, o periódico La Voz de la Mujer ganha as ruas, convertendo-se no primeiro na América Latina que englobou as idéias comunistas-anarquistas e feministas.

A fortaleza da personalidade de Bolten transcendeu os limites da cidade: ela encabeçou a primeira comemoração e marcha pelo 1º de Maio, em 1890.

Ficha artística

Maria Alche, Alejandra Darin, Ulises Dumont, Daniel Fanego, Ana Fernandez, Agatha Fresco, Joaquin Furriel, Esther Goris, Jorge Marrale, Laura Novoa, Eugenia Tobal.

Ficha técnica

Dirigida por Laura Maña; Roteiro: Graciela Maglie e Esther Goris; Diretor de produção: Facundo Ramilo; Fotografia: Oscar Perez; Som: Jorge Stavropulos; Música original: Mauro Lázzaro; Edição: Frank Gutiérrez; Vestuário: Graciela Gaján; Produtor executivo: Alejandra Brandan (Arg), Maria Jose Poblador (Esp); Produção Geral: Fernando Sokolowicz, Maria Jose Poblador, Claudio Corbelli.

Uma produção de San Luis Cine, Cinema Uno e Luna Films em co-produção com FELEI Cooperativa Ltda., Fundación C&M e Aleph Media com apoio de INCAA, ICAA e Generalitat de Catalunha. Distribuição: Primer Plano Film Group S.A.

A respeito de Virginia Bolten

Era filha de um vendedor ambulante alemão. Trabalhou em uma fábrica de sapatos e logo na empresa açucareira Refinaria Argentina de Rosário. Casou-se com um anarquista uruguaio de sobrenome Márquez, ativista no grêmio de sapateiros.

Em 1° de Maio de 1890, encabeçou a primeira manifestação pelo 1° de Maio em comemoração aos Mártires de Chicago, levantando uma bandeira negra em letras vermelhas com os escritos: “1° de Maio, Fraternidade Universal”. Logo depois de pronunciar um discurso revolucionário e difundir propaganda anarquista aos trabalhadores em frente da Refinaria Argentina, é detida sob a acusação de atentar contra a ordem social. Foi a primeira mulher oradora em uma concentração operária.

Durante 1896/1897 editou o primeiro periódico anarcofeminista La Voz de la Mujer, cujo lema era “Nem Deus, nem patrão, nem marido”. Neste periódico se divulgam os ideais do comunismo libertários, as injustiças contra os trabalhadores e em especial contra as mulheres. Também colaborou nas páginas do jornal La Protesta.

Participou como oradora em atos anarquistas em cidades como San Nicolás de los Arroyos, Campana, Tandil y Mendoza. Em novembro de 1900 foi presa junto a Teresa Marchisio e outros quatro anarquistas por organizar uma contramarcha em repúdio à procissão católica da Virgen de la Roca, em Rosário. Também organizou a “Casa del Pueblo” junto a outros anarquistas, realizando eventos políticos-culturais, debates, discussões, leitura de poesia e teatro para os operários. Em 20 de outubro de 1901 foi presa por distribuir propaganda anarquista nas portas da Refinaria Argentina durante um conflito em que morreu pela repressão policial o operário Cosme Budislavich. Em 1902 participou de uma manifestação em Montevidéu no 1° de Maio, e como oradora denunciou a Lei de Residência Argentina e a repressão ao movimento operário. Este ano participou também de um ato do Sindicato Portuário no teatro San Martín. Em 1904 voltou a Buenos Aires e formou parte do Comitê de Greve Feminino organizado pela Federação Operária Argentina, mobilizando aos trabalhadores do Mercado de Frutos de Buenos Aires. Essas febris atividades causaram em Virginia Bolten problemas de saúde; seus companheiros do grupo de teatro Germinal iniciaram uma coleta em seu benefício. Em 1905 foi novamente presa e seu companheiro Márquez foi deportado ao Uruguai, aplicando-se a Lei de Residência.

Em 1907, participou na greve de inquilinos como parte do “Centro Feminino Anarquista”, razão pela qual se aplicou a Lei de Residência e foi expulsa para o Uruguai, sendo Montevidéu seu lugar de radicação definitiva. Sua casa se converteu em uma base de operações dos anarquistas deportados da Argentina. No Uruguai se reuniu com sua família, composta por Márquez e seus filhos pequenos. Em 1909 colaborou com o periódico anarcofeminista dirigido por Juana Rouco Buela, La Nueva Senda (1909-1910). Em Montevidéu organizou protestos pela brutal repressão ao 1° de Maio de 1909 em Buenos Aires, onde as forças policiais de Ramón Falcón assassinaram cerca de uma dezena de operários. Também participou da campanha a favor do pedagogo Francisco Ferrer y Guardia, fusilado en Montjuich em 1911. Neste ano trabalhou na Associação Feminina – Emancipación, organizando as mulheres anticlericais, a operadoras telefônicas (em sua maioria mulheres) e ativa contra as sufragistas femininas.

Formou parte do grupo que apoiou o anarco-battlismo junto a Francisco Berri, Adrian Zamboni y Orsini Bertan (anarquistas que apoiavam ao regime do presidente reformista Battle y Ordóñez, que laicizou o estado e a repartição pública, além de nacionalizar empresas de capitais estrangeiros). Durante este processo, o anarquismo perdeu apoio popular e ganhou preponderância o Partido Socialista do Uruguai. Durante 1913 o periódico do partido, chamado El Socialista, atacou fortemente a Bolten e seu grupo, acusando-las de trair ao movimento operário.

Nos últimos anos de sua vida integrou o Centro Internacional de Estudos Sociais, uma associação libertária de Montevidéu durante 1923. Segundo se crê, continuou vivendo no bairro de Manga, em Montevidéu até sua morte, ao redor de 1960.

Virginia Bolten foi apelidada a “Louise Michel rosarina”.

Fonte: http://es.wikipedia.org/wiki/Virginia_Bolten

Sobre a diretora

Laura Maña, nasceu em Barcelona, Catalunha, Espanha, em 12 de janeiro de 1968. É atriz e diretora de cinema.

Biofilmografia

Como Diretora: La vida empieza hoy – A vida começa hoje (2008); Ni Dios, ni patrón ni marido – Nem Deus, nem patrão, nem marido (2007); Morir en San Hilario – Morrer em San Hilário (2005); Palabras encadenadas – Palavras acorrentadas (2003); Sexo por compasión – Sexo por compaixão (2000); Paraules (1997).

Como Atriz: Romasanta (2004); Trece campanadas – Treze Badaladas; Nowhere; Libertarias (1996); Pizza Arrabbiata (1995); La Teta y la luna – A teta e a lua (1994); Lolita al desnudo – Lolita descoberta (1991).

agência de notícias anarquistas-ana

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