ATA DA 3a REUNIÃO DO NÚCLEO DE PESQUISA EM JORNALISMO PERSEU ABRAMO, REALIZADA DIA 14 DE AGOSTO DE 2017.
Aos 14 de agosto de dois mil e dezessete, às quinze horas, na sala da REDE PUC no 2o subsolo da PUCSP (R. Min. Godói, 969 – Perdizes), reuniram-se em sessão presidida pelo coordenador do núcleo Prof. Dr. Silvio Roberto Mieli, estando presentes o Prof. Dr. Renato Levi, Maria Aparecida de Souza, e a aluna Raquel Ribeiro de Arruda para debater a seguinte pauta: Disposições Gerais. Sob protestos, o núcleo lamentou a recusa da comunicação para o XIII Congresso Internacional da APCG (“A criação em circulação” ) a realizar-se em Ouro Preto entre 18 e 20 de outubro de 2017. O tema da comunicacão seria o “Valor de exposição: a proliferação do termo “curadoria” como passagem da museologia à museificação”, já citado em ata anteiror. A resposta dos organizadores que atestam inadequação ao tema e à linha de pesquisa do evento só reitera os imensos entraves burocrático/acadêmcios para o estabelecimento de interfaces, diálogos e alargamento dos horizontes conceituais, principalmente na área da criação e da invenção. Um resumo da comunicacão será postada no site do núcleo. Em seguida foi apresentada a aluna Raquel Ribeiro de Arruda, do curso de Multimeios, como a nova estudante ligada ao Núcleo através de sua pesquisa de Iniciação Científica aprovada (PIBIC-CNPq 2017): “Loucura: Uma Produção de Subjetividade e Transformação Social pela Linguagem Radiofônica”. Por fim comentou-se o lançamento da campanha ESCUTA AGEMT/AGEMT ESCUTA (https://soundcloud.com/agemt/vinheta_agemtescutagemt), que visa disponibilizar número de What s app para que a comunidade puquiana tenha um canal de participacão/manifestação. O Cartaz do projeto e uma vinheta foram produzidos pela REDEPUC e ficaram a cargo da estagiária Ana Carolina do curso de multimeios. Trata-se de mais uma experiência para subsidiar o projeto da RADIOAGEMT WEB da Agência Maurício Tragtenberg, ligado ao Núcleo Perseu Abramo.
Como nada mais restado a ser discutido, deram-se por encerrados os trabalhos, sendo a próxima reunião com data a ser estipulada para o dia 02 de outubro, no mesmo local, na qual se lavra esta ata, que segue assinada pelo coordenador.
Prof.Dr. Silvio Roberto Mieli
ATA DA 2a REUNIÃO DO NÚCLEO DE PESQUISA EM JORNALISMO PERSEU ABRAMO, REALIZADA DIA 29 DE MAIO DE 2017.
Aos vinte e nove de maio de dois mil e dezessete, às quinze horas, na sala da REDE PUC no 2o subsolo da PUCSP (R. Min. Godói, 969 – Perdizes), reuniram-se em sessão presidida pelo coordenador do núcleo Prof. Dr. Silvio Roberto Mieli, estando presentes o Prof. Dr. Renato Levi e Maria Aparecida de Souza, para debater a seguinte pauta: 1. Andamento das pesquisas; 2. Disposições Gerais. O eixo BIG DATA avança no sentido de acompanhar o processo de quantificação, robotização e sobrecodificação, mas neste último trimestre também se aproximou do fenômeno de “fake news” (e num segundo plano da questão conhecida recentemente como “pós-verdade”). A Rede PUC encarregou-se de elaborar material sobre a questão da “pós-verdade”). Aproximou-se o fenômeno de BIG DATA dos conceitos de “boa cópia” platônica (via Gilles Deleuze), e dos insights de José Miguel Wisnik contidos no texto Ilusões Perdidas”. Quanto ao eixo Debordagens (sociedade do espetáculo e teoria do hype), o núcleo está produzindo o paper “Valor de exposição: a proliferação do termo “curadoria” como passagem da museologia à museificação”, onde defende que o uso excessivo do termo curadoria atualiza os conceitos de sociedade de espetáculo. Um termo oriundo da museologia virou sinônimo de um certo tipo de gestão da economia, da sociedade e da educação. “Curar” nos remete originalmente ao cuidado, ao cultivo interior ou do outro, mas acabou revelando um movimento inexorável rumo à hiperexposição. Por fim, quanto ao eixo Arte e tecnopolítica (uma nova fase do midiativismo), foi discutida a melhor forma de aproveitamento da fala “Dsígnio e Poder”, apresentada no Seminário DCzz / Design e Conspiração: ziguezagues entre Arte e Filosofia, em 2016. Ficou acordado que uma versão resumida seria apresenatda no site do núcleo e uma versão ampliada seria encaminhada como artigo em algma revista qualificada.
Em seguida o coordenador apresentou a proposta de o núcleo encaminhar o pedido de concessão de título de doutor honoris causa a Frei Betto, escritor e militante dominicano que teve participação importante na luta contra a ditadura, no movimento de redemocratização e na potencialização dos estudos e práticas da teologia da libertação no Brasil. A pesquisadora Maria Aparecida Santos (Pary) ressaltou o oportunismo da ideia, já que Frei Betto foi jornalista em meados dos anos 60, paralelamente à sua militância política, o que justifica também o pedido a partir de um núcleo do Departamento de Jornalismo. Pary ficou incumbida do levantamento do percurso burocrático/institucional para que o núcleo encaminhe o pedido. A outra proposta encaminhada foi a de que o Núcleo centralize o projeto RADIOAGEMT, projeto de web radio conduzido pela Agência Maurício Tragtenberg. Pary Souza descreveu o andamento da elaboração de roteiro para o piloto do programa Radio Xangô, com enfoque a partir das matrizes de cultura africana e suas influências na cultura brasileira, que será produzido para o projeto da RADIOAGENT.
Como nada mais restado a ser discutido, deram-se por encerrados os trabalhos, sendo a próxima reunião com data a ser estipulada para o dia 14 de agosto, no mesmo local, na qual se lavra esta ata, que segue assinada pelo coordenador.
Prof.Dr. Silvio Roberto Mieli
ATA DA 1a REUNIÃO DO NÚCLEO DE PESQUISA EM JORNALISMO PERSEU ABRAMO, REALIZADA DIA 31 DE MARÇO DE 2017.
Aos trinta e um de março de dois mil e dezessete, às quinze horas, na sala da REDE PUC no 2o subsolo da PUCSP (R. Min. Godói, 969 – Perdizes), reuniram-se em sessão presidida pelo coordenador do núcleo Prof. Silvio Roberto Mieli, estando presentes o Prof. Renato Levi e Maria Aparecida de Souza, para debater a seguinte pauta: 1. Cronograma de atividades para 2017; 2. Disposições Gerais. Inicialmente o coordenador ressaltou a necessidade de fortalecimento da linha de pesquisa INFORMAÇÃO, DIFERENÇA, DESIGN E TECNOPOLÍTICAS (Indditec), apresentando ao Núcleo a sua sugestão de eixos de aprofundamento para o ano de 2017. O coordenador passou a ler um resumo de cada eixo (que segue abaixo), e seguiu-se debate sobre a proposta.
1-BIG DATA: um lance de dados jamais abolirá o acaso?
O que chamamos hoje de Big Data é uma espécie de pós-sociedade da informação. Urge tomar o fenômeno a partir do olho do furacão. O momento parece muito oportuno. Ao analisar a recente manifestação de Marc Zuckerberg através do texto Building Global Community(http://migre.me/wasyx), a pesquisadora e ativista Tiziana Terranova, especialista em tecnologia da informação, avaliou que grandes empresas do Silicon Valley estabeleceram a sua governança através de plataformas informáticas — internet das coisas, cidades inteligentes, smart government, economia compartilhada, etc. Mas eis que o Facebook foi a única que deslocou o seu campo de ação da regulação algorítmica dos fluxos logísticos à regulação direta daquilo que Zuckerberg chamou recentemente de ‘tecido social’, ou seja, modulação dos processos associativos e dos ‘valores coletivos’ que deles emergem. Em resumo, o “documento de Zuckerberg torna ainda mais claro como Silicon Valley está formulando aquilo que Foucault descreveria como uma nova “racionalidade política”, que assume a herança do liberalismo ao identificar o problema principal como o governo das ‘populações” (os milhares de usuários/receptores), a massificação da sua vida social, política e cultural e a proteção dos “riscos” e “erros” da circulação da informação (das notícias falsas, sensacionalismo, polarização, terrorismo, a mudança climática e as pandemias) no interior de uma economia de mercado global que nunca coloca em discussão as relações de propriedade ou a acumulação de valor econômico. Juntamente com o movimento da Silicon Valley para a smart city (duramente criticado por Evgeny Morozov, dentre outros) o capitalismo das plataformas intensifica a sua vocação de transformar-se no governo da sociedade. Quais formas de tecnopolítica podem responder a esta nova configuração?”, indaga Tiziana Terranova. Cibernética, ciberespaço, infosfera, Big Data. O que se pretende aqui é estabelecer critérios para realizar uma análise qualitativa da hiperinformação e da sobrecodificação. Redes e mídias sociais, processos de automação da informação e produção de opinião em rede, robotização da opinião e da distribuição de conteúdos, filtragem algorítmica de informação; algoritmização das relações sociais, relação quantidade X qualidade da informação, jornalismo de dados, data visualização. O ser humano sempre lidou com codificações e decodificações. Os computadores nasceram durante a II Grande Guerra para construir bombas e para quebrar códigos dos países em conflito. E, posteriormente, os biólogos James Watson e Francis Crick revelaram a descoberta do “código” genético e a estrutura da molécula de DNA (1953), abrindo caminho para a bioinformática. Depois do surgimento da internet, instrumento por excelência da sociedade de controle, passou a ser vital preservar o que ainda não foi codificado, assim como passar conteúdos por baixo dos códigos e, segundo o alerta dos cypherpunks, embaralhar os códigos. No grupo de procedimentos que permitem o controle dos discursos, Foucault fala (na Ordem do Discurso) em conjurar os acasos, principalmente através da identidade, da autoria e das disciplinas. Parece particularmente importante olhar para o fenômeno Big Data como uma espécie de tentativa, ela também, de conjurar, tramar contra os acasos e as margens de indeterminação da vida e da história. Não é pouca coisa. Tomemos aquele verso do “Lance de Dados”, do poeta simbolista Stéphane Mallarmé, traduzido por Haroldo de Campos: “um lance de dados jamais abolirá o acaso”. Será?
2- Arte e tecnopolítica (uma nova fase do midiativismo)
Segundo muitos pesquisadores, teóricos e ativistas, a tecnopolítica seria a utilização tática e estratégica dos instrumentos tecnológicos para a organização, comunicação e ação coletiva. Nesse sentido, haveria uma diferença em relação ao conceito de ciberativismo, na medida em que a tecnopolítica não se limitaria unicamente à esfera digital, mas volta-se a algumas práticas coletivas que podem emergir da internet e que transbordam para o núcleo duro da realidade social de modo mais efetivo e complexo. Algumas dessas práticas coletivas envolvem a retomada dos espaços públicos em amplo espectro (pixo, tática black-bloc), música, teatro, performances, artes plásticas, literatura, saraus literários. Que outras práticas estão surgindo neste contexto? Como se configuram?
Charles Esche, curador da recente Bienal de São Paulo, ressaltou algo importante relativo aos desdobramentos do que se pretende discutir na interface das relações entre arte e política (ainda que a nossa preocupação não esteja vinculada ao sistema institucional de arte): “Um dos conceitos para o qual me parece que devemos olhar com atenção é o dos “commons”, um conjunto de valores ou de bens que não têm um proprietário individual, mas coletivo. O Estado manteve para si durante muito tempo a ideia de “commons”, agora parece-me que há oportunidade de generalizar a ideia de propriedade coletiva. E parece-me que as próprias instituições artísticas incorporam já em si o conceito de “common”.
3-DEBORDAGENS: por uma teoria do hype.
A grande sacada de Debord — neste ano comemora-se o cinquentenário da publicação de Sociedade do Espetáculo — foi ter percebido que a espetacularização da realidade é uma espécie de roubo daquilo que é construído socialmente e compartilhado, mas que se desloca para uma esfera intocável, quase intransponível, alcançável somente pelo valor de troca. Portanto sugere-se aqui uma discussão da LINGUAGEM, da CULTURA e do COMPORTAMENTO a partir do conceito de sociedade do espetáculo (e do hypecomo uma espécie de unidade mínima do espetáculo). A superação das relações fetichistas e a construção de uma comunicação liberada do seu jugo instrumental (dimensões inseparáveis de um projeto de retomada do comum). Nesse contexto, a relação entre profanação (Agamben) e crítica à sociedade do espetáculo passa a ser fundamental.
Os três eixos apontados acima se entrecruzam e interpenetram. Tangenciando esses três planos apontados temos vários pontos de intersecção, mas principalmente o seguinte: a necessidade de fugir ao poder e ao controle, passando conteúdos (linguagens) por baixo dos códigos (quantificação excessiva da realidade). Esta lógica aponta para um projeto político, ou ao menos para um tipo de desenho de sociabilidade que, no fundo, será o principal foco das nossas pesquisas.
Como nada mais restado a ser discutido, deram-se por encerrados os trabalhos, sendo a próxima reunião com data a ser estipulada para o dia 29 de maio, no mesmo local, na qual se lavra esta ata, que segue assinada pelo coordenador
Prof.Dr. Silvio Roberto Mieli