Guerra, S.A.

 

 


Mike Ferner
New Statesman

17 de junho de 2002

Tradução Imediata

"Afinal, que mal fizemos? Nós também somos seres humanos. Tratem-nos como seres humanos, diz Gulalae, uma mulher afegã de 37 anos, morando no meio do pó, da fome e do medo do campo de refugiados de Shamshatoo, no Paquistão. Ela qualifica Osama bin Laden de um "estranho" e diz que, por causa dele, "o Afeganistão virou um inferno para os demais".

A palavra cruel não é suficiente para começar a se descrever as condições pelas quais Gulalae e sua família estão passando. Num período de três meses, em apenas um dos distritos de Shamshatoo, a desidratação causada por uma bactéria está matando uma criança por dia, praticamente. A miséria nesta cidade de refugiados é como um grão de areia no mar de sofrimento que é o Afeganistão. Mas os norte-americanos sabem muito pouco sobre isso.

Quem se informa apenas através das reportagens dos meios de comunicação principais, nunca ficaria sabendo que durante os três primeiros meses da "Nova Guerra da América" o número de mortos da população civil devido aos bombardeios dos EUA no Afeganistão ultrapassou 3.700-um número maior de pessoas do que aquelas mortas nos ataques do 11 de setembro. Mas o custo, incluindo-se as bombas cluster (em grupo), as minas terrestres, a destruição dos sistemas hídricos e de esgotos e as cápsulas de urânio depauperado sem dúvida chegará a centenas de milhares. Acrescentando-se os mortos inocentes marcados para retaliação, à medida que o ciclo internacional de violência continua, e a nossa guerra para acabar com o terrorismo parece ter sido calculada para fazer exatamente o oposto.

Então porque estamos guerreando? De todos os modos que podíamos ter usado para responder aos ataques em Nova York e Washington, porque justamente a guerra?

Numerosos argumentos psicológicos, culturais e históricos podem ser agrupados para responder a essa pergunta, mas o argumento seguinte fornece uma resposta tão boa quanto qualquer outro e melhor do que a maioria: "A guerra é uma extorsão. Sempre foi. Uma extorsão pode ser descrita como algo que não é o que parece para a maioria das pessoas. Somente um pequeno grupo de iniciados, uma 'panelinha', sabe do que realmente se trata. É conduzida para o benefício da pequena minoria, aos custos da maioria."

Palavras de um pacifista radical? Só se qualificarmos dessa forma o Major General do Corpo da Marinha. Em seus anos de crepúsculo, o General Smedley Butler aliviou o peso de sua alma da mesma forma como o fizeram outros militares de carreira, como o Admiral Hyman Rickover, que admitiu que a adoção do nuclear pela Marinha foi um erro e Robert McNamara, que quase encontrou as palavras para pedir desculpas por supervisionar a guerra do Vietnã. Ao contrário de Rickover e McNamara, Butler deu os nomes das pessoas envolvidas e revelou para quem o sistema realmente funciona.

"Eu ajudei a tornar o México um lugar mais seguro para os interesses petrolíferos americanos em 1914. Eu ajudei a tornar o Haiti e Cuba um lugar decente para que a turma do National City Bank pudesse coletar sua renda. Eu ajudei a violentar meia dúzia de repúblicas da América Central para o benefício de Wall Street. Eu ajudei a purificar a Nicarágua para a International Banking House da Brown Brothers em 1902-1912. Eu trouxe luz para os interesses açucareiros americanos na República Dominicana em 1916. Eu ajudei a fazer de Honduras um lugar apropriado para as companhias de frutas americanas em 1903. Na China, em 1927, eu ajudei a garantir que a Standard Oil pudesse prosseguir suas atividades sem ser molestada." Butler reconheceu que passou a maior parte de seus 33 com os Marines como "o músculo de alta classe a serviço dos Grandes Negócios, de Wall Street e dos banqueiros. Em poucas palavras, eu fui um extorsionário, um gangster para o capitalismo."

Assim, de uma maneira simples e eficaz, Butler expôs uma verdade bastante desconhecida- como os militares servem os interesses estratégicos de propriedade sob a forma de corporações.

Muito mais conhecida é a prática corrupta do lucrar-se diretamente com a guerra.

"...Com apenas vinte e quatro anos no começo da guerra (Civil), (J. Pierpont) Morgan percebeu primeiro que as guerras eram para o lucro dos espertos e para a morte dos pobres. Alguém lhe deu a dica de que um depósito do governo continha rifles considerados defeituosos e com uma genial simplicidade, um dia ele comprou esses rifles do governo por $17.500, revendendo os mesmos rifles ao governo no dia seguinte por $110.000...Uma comissão do Congresso que investigava essa pequena transação afirmou sobre ele, e outros seqüestradores de lucros e especuladores: 'Pior que traidores são os homens que, fingindo lealdade à bandeira, festejam e se engordam com as desgraças da nação.'"

Para não acreditarmos que tais tradições não são mais observadas, consideremos o caso da Eagle-Picher Technologies Corp. A empresa produz sofisticadas baterias para alimentar os sistemas de condução da bombas "inteligentes". Funcionários da empresa alegam terem recebido ordens para abafar defeitos em milhões de defeitos de baterias que, por fim, causariam falhas nos sistemas de condução. E quantos civis afegãos foram mortos por bombas "guiadas" por baterias Eagle-Picher Corp. defeituosas?

No Afeganistão, assim como em cada guerra, as corporações têm o papel fundamental de proteger seus interesses -tanto se esses interesses forem lucros decorrentes da guerra declarada, quanto no que toca às presas geo-estratégicas de guerra.

Esqueçamos por um momento os indiciáveis especuladores de guerra como J.P. Morgan e consideremos apenas um exemplo de como a riqueza da guerra, gerada legalmente, capacita os poucos que pertencem à "panelinha da extorsão" de se beneficiarem econômica e politicamente, aos custos da maioria. O caso da du Pont Corporation é suficiente.

Comparados a alguns de seus colegas especuladores, os lucros da du Pont Corporation parecem definitivamente patrióticos. A empresa, cuja pólvora salvou o mundo para a democracia verificou um aumento do seu lucro médio anual de $6.000.000, antes da guerra, para um valor quase 10 vezes superior, durante a mesma.

Na metade dos anos 20, a família du Pont tinha comprado quase um quarto das ações da General Motors Corporation. Não só esse investimento foi altamente lucrativo, durante a campanha bem-sucedida da GM de destruir os sistemas de trânsito urbano de massa, como quem melhor que um du Pont para dirigir o Bureau of Public Roads (Departamento de Rodovias Públicas) do Presidente Eisenhower e desenvolver o National System of Interstate and Defense Highways (Sistema Nacional de Rodovias Interestaduais e de Defesa), junto com o Secretário de Defesa de Eisenhower (e ex-presidente da GM), Charles Wilson?

Se os lucros de guerra forem investidos com esse nível de cuidado, imagine quanto planejamento é dedicado às presas geo-estratégicas de guerra? Para uma olhada nesse jogo, poucos guias estão melhores capacitados do que o Assessor para a Segurança Nacional do Presidente Carter, Zbigniew Brzezinski.

Tendo servido também na Comissão do Departamento de Defesa do Presidente Reagan, em Estratégia Integrada a Longo Prazo, Brzezinski é altamente qualificado para escrever The Grand Chessboard: American Primacy and Its Geostrategic Imperatives (O Grande Tabuleiro de Xadrez: Primazia Americana e seus Imperativos Geo-estratégicos. Trata-se de um daqueles livros que força uma pergunta do tipo: "por que motivo alguém, na realidade, botaria isso no papel?"

Brzezinski descreve a extensão de terra da Eurásia como fundamental para o domínio global. Ele afirma que o fim da União Soviética abriu o caminho para que os EUA se tornassem a primeira potência não-eurasiática a dominar essa região crítica, "e a primazia global da América depende diretamente de por quanto tempo e com que eficácia a sua preponderância no continente Eurasiático puder ser mantida..."

Em 1977 ele afirmou que os "ãos" da Ásia Central seriam o próximo centro de conflito para a dominação mundial, e em função do crescimento econômico esperado da Ásia, ele qualificou essa região em torno do Mar Cáspio como "infinitamente mais importante como prêmio econômico potencial: uma enorme concentração de gás natural e reservas de petróleo que fazem parecer diminutas aquelas do Kuait, do Golfo do México ou do Mar do Norte, além de abrigarem importantes minerais, incluindo o ouro."

O ex-membro do Conselho Nacional de Segurança de Reagan raciocinou: "Consequentemente, o interesse principal da América é ajudar garantir que nenhuma potência venha a controlar esse espaço geopolítico e que a comunidade global tenha lá um livre acesso econômico e financeiro."

Além disso, ele deduziu: "Isso dá um bônus para a artimanha e manipulação de modo a prevenir a emergência de uma coalizão hostil que poderia eventualmente procurar desafiar a primazia da América." Não deixando lugar a qualquer dúvida, ele esclareceu: "Para colocar a questão numa terminologia que volta à era mais brutal dos antigos impérios, os três grandes imperativos da geo-estratégia imperial são prevenir a intriga e manter a dependência em termos de segurança entre os vassalos, para manter (os satélites) flexíveis e protegidos, e impedir que os bárbaros se juntem."

Para aqueles suficientemente loucos a ponto de imaginar uma Terra não comandada pelos EUA, ele adverte que "a retirada da América do cenário mundial -devido a uma emergência repentina de um rival bem-sucedido- produziria uma intensa instabilidade internacional. E provocaria uma imediata anarquia global."

Brzezinski aconselha "impedir que os bárbaros se juntem," e prediz "anarquia global" se o domínio dos EUA for ameaçado. A linguagem de velho guerreiro da guerra fria, embora pitoresca, não é tão precisa como aquela usada por Thomas Friedman, colunista que escreve sobre política exterior para o NY Times. "Os mercados funcionam e prosperam somente quando os direitos de propriedade estiverem bem protegidos e puderem ser cumpridos. E o punho oculto que mantém o mundo seguro para que as tecnologias de Silicon Valley possam florescer é constituído pelos Corpos do Exército, Aeronáutica e Marinha dos EUA."

Com uma referência à Silicon Valley, Friedman atualiza o comentário do General Butler: "Eu ajudei a tornar o México um lugar seguro para os interesses petrolíferos americanos". Mas deixando de lado as atualizações, o petróleo mantém sua classificação secular como o padrão imperial -agora com o Afeganistão no centro do palco. E a UNOCAL Corp., tanto para citar uma empresa, não hesita solicitar que o Afeganistão seja tornado um lugar seguro para os interesses petrolíferos americanos. "Desde o início, deixamos bem claro que a construção do oleoduto proposto ($2,5 bilhões, Afeganistão) não pode começar até que um governo reconhecido seja estabelecido, que tenha a confiança dos governantes, credores e de nossa empresa. A UNOCAL prevê a criação de um Consórcio para o Oleoduto na Ásia Central que utilizará e coletará o óleo da infra-estrutura de oleoduto existente no Turcomenistão, Uzbequistão, Cazaquistão e Rússia."

Smedley Butler aprendeu que na guerra "as nações obtêm território adicional, se forem vencedoras. Simplesmente se apoderam dele." Com a popularidade dos programas de arrendamento corporativo, conseguir usar território adicional -ou propriedade- pode ser mais lucrativo do que efetivamente adquiri-lo. Mas o resultado final é o mesmo. "Esse novo território adquirido é imediatamente explorado pela minoria - a mesma minoria - que arrancou dólares em troca do sangue da guerra. Tanto o público em geral paga as contas."

Um pouco de perspectiva histórica explica porque a Nova e Aprimorada Guerra da América não é uma surpresa. Não é só devido ao petróleo. Não é só para obter mais território ou uso de território. Trata-se do trunfo da propriedade e dos direitos de propriedade sobre os direitos humanos. Os nomes mudam. Mas a história permanece a mesma através dos tempos.

Por exemplo, consulte as poucas linhas de nossa Constituição: Artigo 4, Seção 2. Incorporado na lei mais fundamental de nossa terra está o dever de restituir propriedade- na forma de escravos e serventes obrigados por contrato- a seus proprietários. Ou leia o Artigo 1, Seção 10, a Cláusula de Contratos. Segundo Peter Kellman, "O significado é claro: a obrigação do governo, conforme estipulado no Preâmbulo da Constituição, para promover o 'bem-estar geral' é secundário à lei privada, a lei dos contratos." Ou pergunte-se porque os direitos de liberdade de expressão e reunião da Primeira Emenda não se aplicam quando você está no trabalho? Ou porque as corporações têm mais direitos de livre expressão do que as pessoas?

Tente fazer o seguinte. Faça sua própria lista de como seria o nosso mundo se a América fosse uma democracia em bom estado de funcionamento, governada de fato por "nós o povo"; se os direitos humanos prevalecessem sobre os direitos de propriedade; se a decência, sabedoria e compaixão do povo americano e não os interesses da elite proprietária guiassem as nossas políticas domésticas e exteriores.

Eis algumas das perguntas que eu me faria:

 

Nós não estaríamos bombardeando uma das nações mais pobres da terra, matando milhares de civis que não têm absolutamente nada a ver com os terríveis ataques do 11 de setembro.

A General Motors Corp. não teria podido substituir os sistemas de trânsito de massa por rodovias e automóveis dependentes de petróleo.

Representantes da UNOCAL e de outras corporações não poderiam comprar sua participação no Congresso e escrever a legislação.

Não só podemos criar uma fascinante agenda, como podemos começar a fazer melhorias fundamentais uma vez que encontrarmos modos de fazer do movimento pela paz um movimento pela democracia, e do movimento pelo meio-ambiente um movimento pela democracia, e do movimento trabalhista um movimento pela democracia, e

Acho que deu para dar uma idéia.

Mike Ferner é coordenador do Program on Corporations, Law and Democracy (Programa sobre Corporações, Lei e Democracia). Ele serviu no Corpo Hospitalar da Marinha dos EUA no período 1969-73 e como membro do Conselho da Cidade de Toledo no período 1989-93. Ele é membro de Veterans for Peace e do Partido Trabalhista. Ele pode ser contactado no endereço: mferner@utoledo.edu

 

 

 

July 17, 2002

War, Incorporated

By Mike Ferner

"So what is our mistake? We are also human beings. Treat us like human beings," says Gulalae, a 37 year-old Afghan mother living in the dust, hunger and fear of the Shamshatoo refugee camp in Pakistan. She calls Osama bin Laden an "outsider" and says that because of him, "Afghanistan is made into a hell for others."

Grim does not begin to describe the conditions Gulalae and her family endure. In one three-month period, in just one district of Shamshatoo, bacteria-related dehydration killed a child nearly every day. The misery in this refugee city is like a grain of sand on the beach of suffering that is Afghanistan. But Americans know little of it.

If you only watch mainstream press accounts you'd never know that within the first three months of "America's New War," civilian deaths from U.S. bombing in Afghanistan surpassed 3,700-more than were killed in the attacks of September 11. The toll from unexploded cluster bombs, land mines, destroyed water and sewer systems and depleted uranium shells will no doubt reach into the hundreds of thousands. Add the additional innocents marked for retaliation as the international cycle of violence continues, and our war to end terrorism seems calculated to do just the opposite.

So why are we fighting? Of all the ways we could have responded to the attacks in New York and Washington, why war?

Numerous psychological, cultural and historical arguments can be mustered to answer that question, but the following does as well as any and better than most: "War is a racket. It always has beenA racket is best described as something that is not what it seems to the majority of people. Only a small 'inside' group knows what it is about. It is conducted for the benefit of the very few, at the expense of the very many."

Words of a radical peacenik? Only if a Marine Corps Major General qualifies as such. In his twilight years General Smedley Butler unburdened his soul as did other career militarists, such as Admiral Hyman Rickover, who admitted that fathering the nuclear Navy was a mistake and Robert McNamara, who almost found the words to apologize for overseeing the Viet Nam war. Unlike Rickover and McNamara, Butler named names and exposed for whom the system works.

"I helped make Mexico safe for American oil interests in 1914. I helped make Haiti and Cuba a decent place for the National City Bank boys to collect revenues in. I helped in the raping of half a dozen Central American republics for the benefit of Wall Street. I helped purify Nicaragua for the International Banking House of Brown Brothers in 1902-1912. I brought light to the Dominican Republic for the American sugar interests in 1916. I helped make Honduras right for American fruit companies in 1903. In China in 1927 I helped see to it that Standard Oil went its way unmolested." Butler acknowledged that he'd spent most of his 33 years in the Marines as "a high class muscle man for Big Business, Wall Street and the bankers. In short, I was a racketeer, a gangster for capitalism."

Thus did Butler simply and effectively expose a largely unknown truth-how the military serves the strategic interests of property in the corporate form.

Much more commonly known is the corrupt practice of war profiteering.

"...Only twenty-four at the (Civil) war's beginning, (J. Pierpont) Morgan perceived from the first that wars were for the shrewd to profit from and poor to die inHe received a tip that a store of government-owned rifles had been condemned as defective and with the simplicity of genius he bought them from the government for $17,500 on one day and sold them back to the government on the next for $110,000...A Congressional committee investigating his little deal said of him and other hijacking profiteers, 'Worse than traitors are the men who, pretending loyalty to the flag, feast and fatten on the misfortunes of the nation.'"

Lest examples from yore lead one to believe such traditions are no longer observed, consider the case of Eagle-Picher Technologies Corp. The company produces sophisticated batteries to power the guidance systems of "smart" bombs. Workers claim they were ordered to cover up defects on millions of batteries-defects that would ultimately cause the guidance systems to fail. How many Afghani civilians were killed by bombs "guided" by defective Eagle-Picher Corp. batteries?

In Afghanistan as in every war, corporations play a central role to protect their interests-whether those interests are the profits from waging war or the geostrategic spoils of war.

Forget for a moment the indictable war profiteers like J.P. Morgan and consider just one instance of how war wealth, generated legally, empowers the few "inside the racket" to benefit economically and politically at the expense of the many. The du Pont Corporation will suffice.

Compared to some of its fellow racketeers, the du Pont Corporation's profits during WWI look downright patriotic. The company whose gunpowder saved the world for democracy saw its average annual pre-war profit jump from $6,000,000 to nearly 10 times that amount during the war.

By the mid-1920's the du Pont family had bought nearly a quarter of all General Motors Corporation stock. Not only did this investment pay off handsomely during GM's successful campaign to destroy urban mass transit systems , but who better than a du Pont to run President Eisenhower's Bureau of Public Roads and develop the National System of Interstate and Defense Highways along with Eisenhower Defense Secretary (and former GM President), Charles Wilson?

If war profits are invested this carefully, imagine how much planning goes into the geostrategic spoils of war? For a peek inside this game there are few better tour guides than President Carter's National Security Advisor, Zbigniew Brzezinski.

Having also served on President Reagan's Defense Department Commission on Integrated Long-Term Strategy, Brzezinski is well-qualified to write The Grand Chessboard: American Primacy and Its Geostrategic Imperatives. It's one of those books that begs the question, "why would anybody actually put this stuff in writing?"

Brzezinski describes the Europe-Asia landmass as the key to global dominance. He asserts that the fall of the Soviet Union cleared the way for the U.S. to become the first non-Eurasian power to dominate this critical area, "and America's global primacy is directly dependent on how long and how effectively its preponderance on the Eurasian continent is sustained..."

In 1977 he named the Central Asian "stans" as the next center of conflict for world domination, and in light of expected Asian economic growth, he called this area around the Caspian Sea "infinitely more important as a potential economic prize: an enormous concentration of natural gas and oil reservesdwarf(ing) those of Kuwait, the Gulf of Mexico, or the North Seain addition to important minerals, including gold."

The former member of Reagan's National Security Council reasoned: "It follows that America's primary interest is to help ensure that no single power comes to control this geopolitical space and that the global community has unhindered financial and economic access to it."

He further deduced: "That puts a premium on maneuver and manipulation in order to prevent the emergence of a hostile coalition that could eventually seek to challenge America's primacy." Leaving nothing to doubt, he clarified "To put it in a terminology that harkens back to the more brutal age of ancient empires, the three grand imperatives of imperial geostrategy are to prevent collusion and maintain security dependence among the vassals, to keep (satellites) pliant and protected, and to keep the barbarians from coming together."

For those foolish enough to imagine an Earth not ruled by the U.S., he warns that "America's withdrawal from the world-or because of the sudden emergence of a successful rival-would produce massive international instability. It would prompt global anarchy."

Brzezinski warns to "keep the barbarians from coming together," and predicts "global anarchy" if U.S. dominance is threatened. The cold warrior's language, while picturesque, is not as precise as that used by Thomas Friedman, foreign affairs columnist for the NY Times. "Markets function and flourish only when property rights are secure and can be enforcedAnd the hidden fist that keeps the world safe for Silicon Valley's technologies to flourish is called the US Army, Air Force, Navy and Marine Corps."

With a Silicon Valley reference, Friedman updates General Butler's "I helped make Mexico safe for American oil interests" comment. But updates aside, oil retains its century-old rating as the imperial standard-with now Afghanistan at center stage. And UNOCAL Corp. for one does not hesitate to demand that Afghanistan be made safe for American oil interests. "From the outset, we have made it clear that construction of our proposed ($2.5 billion Afghanistan) pipeline cannot begin until a recognized government is in place that has the confidence of governments, lenders and our company. UNOCAL envisions the creation of a Central Asian Oil Pipeline Consortiumthat will utilize and gather oil from existing pipeline infrastructure in Turkmenistan, Uzbekistan, Kazakhstan and Russia."

Smedley Butler learned that in war "nations acquire additional territory if they are victorious. They just take it." With today's popularity of corporate leasing programs, getting the use of additional territory-call it property-can be more profitable than actually acquiring it. But the end result is the same. "This newly acquired territory is promptly exploited by the few-the self-same few-who wrung dollars out of blood in the war. The general public shoulders the bill."

A modicum of historical perspective explains why America's New and Improved War is not a surprise. It's not just oil. It's not just acquiring territory or the use of territory. It's property and property rights consistently trumping human rights. The names change. The song has remained the same throughout our history.

For instance, check out a few lines of our Constitution: Article 4, Section 2. Imbedded into the most fundamental law of our land is the duty to return property-in the form of slaves and indentured servants-to its owners. Or read Article 1, Section 10, the Contracts Clause. According to Peter Kellman, "The meaning is clear: the obligation of the government, as stated in the Preamble to the Constitution, to promote the 'general welfare' is secondary to the private law, the law of contracts." Or ask yourself why First Amendment rights of freedom of speech and assembly do not apply when you're at work? Or why corporations have more free speech rights than people?

Try this at home. Make your own list of how our world would look if America was a functioning democracy, actually governed by "we the people;" if human rights trumped property rights; if the vast decency, wisdom and compassion of the American people and not the interests of the propertied elite guided our foreign and domestic policies.

Here are a few things I'd put on my roster:

 

We wouldn't be bombing one of the poorest nations on earth, killing thousands of civilians who had absolutely nothing to do with the inexcusable attacks of September 11.

General Motors Corp. would not be allowed to replace mass transit systems with oil-addicted highways and automobiles.

Representatives from UNOCAL and other corporations would not be able to buy their way into congressional offices and write legislation.

Not only could we generate a stunning agenda, we can actually begin making some fundamental improvements once we start finding ways to make the peace movement a democracy movement, and the environmental movement a democracy movement, and the labor movement a democracy movement, and

You get the picture.

Mike Ferner is coordinator of the Program on Corporations, Law and Democracy . He served in the U.S. Navy Hospital Corps from 1969-73 and as an independent member of Toledo City Council from 1989-93. He is a member of Veterans for Peace and the Labor Party. He can be reached at: mferner@utoledo.edu

 

 

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