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A política e as profissões de fé "Os ricos da cidade estão cheios de violência" |
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Robert
Jensen Tradução
Imediata |
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Depois de ter ouvido tanto John Kerry quanto George W. Bush, quando acabaram seus respectivos discursos de concessão e vitória, com o onipresente "Deus abençoe a América", decidi que de agora em diante passarei a concluir todos as minhas futuras falas políticas com a frase "Deus condene a América", citando a Bíblia como suporte. Muitas pessoas no movimento anti-guerra e anti-império tendem a se expressar no sentido da linguagem pacifista dos evangellho quando invocam a religião, mas eu sempre fui fã dos chamados "profetas menores" do Antigo Testamento, tais como Micah. Provavelmente, o verso mais conhecido de Micah é: "Eis o que o Todo-Poderoso requer de vocês: além de fazer justiça, amar a bondade e andar humildemente com Ele." (Micah 6:8). É um belo trecho, um bom lembrete mesmo para os que não são crentes de que um caminho decente na vida possa ser expresso com simplicidade: justiça, bondade, humildade. Mas Micah não pára na articulação do ideal; ele fala do fracasso daqueles que ocupam o poder de viverem conforme o ideal. Ele nomeia a vileza da terra: "Pois os ricos da cidade estão cheios de violência, e os seus habitantes falam mentiras, e a língua deles é enganosa na sua boca." (6:12). A linguagem de Micah é dura: "Pereceu da terra o homem piedoso; e entre os homens não há um que seja reto; todos armam ciladas para sangue; caça cada um a seu irmão com uma rede." (7:2). Apesar das profissões de fé cristã de Bush e sua gangue, tudo se parece com esta administração: disposta a fazer uso da violência e níveis obscenos de violência, incluindo a violência contra os inocentes para estender e aprofundar o poder dos EUA, e dispostos a mentir para manipular a opinião pública para aumentar o apoio às guerras ilegais. Eu gosto de ler os profetas não somente por causa de sua paixão, mas também como lembrete de que há muitos momentos na História em que os líderes seja os reis de Israel do passado ou os presidentes dos EUA acumularam um tal nível de poder, que é impossível desafiá-los a curto prazo. Há momentos em que esses líderes corromperam ou enganaram a maioria do povo de modo a poderem governar com o apoio popular. Bush ganhou o segundo termo com uma margem de 3 1/2 milhões de votos. Muitos que votaram nele acreditam, ou querem acreditar, que os Estados Unidos são o instrumento de Deus na Terra. Essas pessoas deveriam ler Micah mais atentamente. Talvez podemos parar com a nossa agressão contra o resto do mundo, e com o nosso desrespeito pelo crescente colapso ecológico antes que seja tarde demais, antes que " a terra será entregue à desolação por causa dos seus moradores, por causa do fruto das suas obras." (7:13). Um dia, talvez, chegaremos ao ponto profetizado por Micah: "As nações o verão, e envergonhar-se-ão, por causa de todo o seu poder ." (7:16). Para isso, Micah nos faz lembrar da necessidade de compromisso a longo prazo: "Não te alegres, inimiga minha, a meu respeito; quando eu cair, levantar-me-ei; quando me sentar nas trevas, o Senhor será a minha luz." (7:8) Estamos sentados nas trevas; não adianta mentir que a realidade seja outra. O projeto imperial dos EUA é podre até a raiz, fato que nenhum candidato e nenhum partido parece disposto a reconhecer. A eleição de Bush é perturbadora porque revela quantos compatriotas compartilham desse projeto diabólico. Dessa forma, que Deus condene a América, para que o mundo possa viver. Robert Jensen é professor de jornalismo na Universidade do Texas em Austin e é o autor de "Citizens of the Empire: The Struggle to Claim Our Humanity" ("Cidadãos do Império: a luta para reclamar a nossa humanidade") , publicado pela City Lights Books. Pode ser contactado no endereço: rjensen@uts.cc.utexas.edu.
November 4, 2004 Politics and Professions of Faith "Your Rich Men Are Full of Violence" By ROBERT JENSEN After hearing both John Kerry and George W. Bush end their concession and victory speeches with the ubiquitous "God bless America," I decided to conclude all my future political talks with the call "God condemn America," and quote the Bible in support. Many in the anti-war and anti-empire movement tend toward the pacifist language of the gospels when they invoke religion, but I've always been a fan of the so-called "minor prophets" of the Old Testament, such as Micah. Probably the best-known verse from Micah is: "And what does the Lord require of you but to do justice, and to love kindness, and to walk humbly with your God?" (6:8). It's a beautiful passage, a reminder -- even for non-believers -- that a decent path through life can be expressed simply: justice, kindness, humility. But Micah doesn't stop at articulating the ideal; he speaks of the failure of those in power to live up to the ideal. He names the wickedness in the land: "Your rich men are full of violence; your inhabitants speak lies, and their tongue is deceitful in their mouth" (6:12). Micah's language is harsh: "The godly man has perished from the earth, and there is none upright among men; they all lie in wait for blood, and each hunts his brother with a net" (7:2). Despite the professions of Christian faith from Bush and his gang, that all sounds a lot like this administration: willing to use violence -- and obscene levels of violence, including violence against innocents -- to extend and deepen U.S. power, and willing to lie to manipulate public opinion to build support for illegal wars. I like reading the prophets, not just for their passion but as a reminder that there are many moments in history when leaders -- whether they are the kings of ancient Israel or the presidents of the United States -- will have amassed such concentrated power that no challenge in the short term is possible. There are moments when those leaders will have bought off or deceived the majority of people so that they rule with popular support. Bush won a second term with a 3 1/2 million-vote margin. Many of the people who voted for him believe, or want to believe, that the United States is God's instrument on this earth. They should read Micah more closely. Perhaps we can turn back from our assault on the rest of the world, and our disregard for the cascading ecological collapse, before it's too late, before "the earth will be desolate because of its inhabitants, for the fruit of their doings" (7:13). One day, perhaps, we will reach the point Micah promises: "The nations shall see and be ashamed of their might" (7:16). To reach that, Micah reminds us of the need for commitment over the long haul: "Rejoice not over me, O my enemy; when I fall, I shall rise; when I sit in darkness, the Lord will be a light to me" (7:8). We sit in darkness; there is no point in pretending otherwise. The imperial project of the United States is rotted to the core, a fact neither candidate nor party seems able or willing to acknowledge. Bush's election is disturbing mostly because it reveals just how many fellow citizens share in that wicked project. So, God condemn America, please, so that the world might live. Robert Jensen is a journalism professor at the University of Texas at Austin and the author of "Citizens of the Empire: The Struggle to Claim Our Humanity" from City Lights Books. He can be reached at rjensen@uts.cc.utexas.edu.
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