Mulheres enfrentam as bestas das corporações: rebater é preciso

 

 


Russell Mokhiber e Robert Weissman
Push Back
26 de junho de 2002

Tradução Imediata

Deixem que os empresários criminosos assumam o comando de Wall Street.

E que os investidores fujam do mercado.

Alô, alô, criminosos.

Adeus, mercado.

Poluam a natureza.

E que a natureza confronte os poluidores.

Forcem o povo à beira da miséria, e o povo rebaterá.

Em Escravos, Nigéria, 600 mulheres se apoderaram do terminal de petróleo da ChevronTexaco.

As mulheres desarmadas ameaçaram tirar as roupas – um gesto tradicional de vergonha visando humilhar a ChevronTexaco.

Apesar da riqueza de seu petróleo, o Delta do Níger é um dos mais pobres – e mais poluídos – lugares da África Ocidental.

"A Chevron nos negligenciou," diz Felicia Itsero, 67, uma das mulheres manifestantes. "Eles nos negligenciaram por muito tempo. Por exemplo, cada vez que ocorre um derramamento, eles não limpam nem pagam ressarcimento. Nossos tetos são destruídos pelas substâncias químicas. Nada de água potável em nossos rios. Nossos peixes morrem com seus agentes químicos, até os peixes que pescamos em nossos rios cheiram a petróleo cru." (vide www.moles.org)

Na Virgínia Ocidental, a indústria carvoeira, que há gerações controla a Virgínia Ocidental, está tentando obstruir, por meio de uma sessão especial do poder legislativo do estado, uma nova lei que permitiria aos caminhões de carvão transportar até 120.000 libras de carvão – acima do limite atual de 80.000. Desse modo, a segurança no tráfego vai para o espaço. E as estradas também.

Na semana passada, o Charleston Gazette, o jornal mais importante do estado, referiu-se aos protestos da Nigéria escrevendo o seguinte:

"Esse dreno do padrão de riqueza (na Nigéria), a essência do colonialismo, pé parecido com a forma como as corporações do carvão de fora do estado tratam a população da Virgínia Ocidental. Será que protestarmos nus (na Virgínia Ocidental) seria um modo de manifestação eficaz?"

Na semana passada, Julia Butterfly Hill foi detida e deportada do Equador. (vide www.amazonwatch.org)

Hill protestava contra a construção de um oleoduto que atravessaria uma reserva natural. As comunidades indígenas seriam afetadas e são vigorosamente contrárias ao oleoduto.

Ela foi tratada com força. Foi levada pela manhã ao aeroporto e escoltada por 10 policiais, depois foi forçada a embarcar num avião para o Panamá.

Hill conquistou reconhecimento internacional no fim dos anos 90, depois de passar dois anos no topo de uma sequóia vermelha no norte da Califórnia, para impedir que a árvore fosse cortada. No Equador, ela encontrou-se com a comunidade Mindo, que se empenhou por três meses em manifestações, sentando-se nas árvores para impedir a construção do oleoduto.

E enquanto estamos escrevendo, Diane Wilson, da quarta geração de uma família de pescadores de camarão, está na parte externa da indústria química da Union Carbide de sua cidade natal, Sea Drift, no Texas. (vide www.bhopal.net) A Dow Chemical comprou a Union Carbide em 1999.

A indústria da Dow é uma das maiores poluidoras da região.

Wilson está em greve de fome para protestar contra o tratamento que a Union Carbide dispensou aos residentes de Bhopal, na Índia.

Bhopal é a cidade do norte da Índia que foi atacada com gases tóxicos quando o estabelecimento da Union Carbide explodiu em 1984, matando milhares.

Wilson visitou Bhopal depois do acidente e não pode esquecer o que viu.

Ela está indignada que a Dow esteja fazendo de tudo para abrandar as acusações que incriminam Warren Andersen, o ex-presidente da Union Carbide CEO, para negligência criminal, uma ofensa não sujeita a extradição.

Ela está revoltada com o fato de que 150.000 vítimas tenham recebido só US$ 500 da Union Carbide, quando nos EUA, têm havido acordos da ordem de milhões de dólares pagos pela Dow a vítimas desse país.

Apoiando as demandas das vítimas na índia, Diane Wilson quer que Andersen seja extraditado para aquele país.

Warren Andersen é um fugitivo dos tribunais indianos.

Ela quer que a empresa enfrente os processos nos quais é acusada de crimes de homicídio culposo.

São 15 anos que Wilson tem lutado contra as empresas químicas que destruíram a baía que forneceu o sustento para sua família por várias gerações.

O contra-ataque das corporações tem sido perverso.

Mataram os seus cães.

Atiraram em membros de sua família.

O seu barco de pesca foi afundado duas vezes.

Mas ela continua a lutar na justiça.

Ela diz que vai continuar sua greve de fome até que seja feita justiça às pessoas de Bhopal.

Isso custa, além de um julgamento criminal da Union Carbide/Dow, e seus executivos.

A greve de fome de Wilson segue outra, iniciada em Nova Déli no dia 8 de junho, quando duas sobreviventes do ataque de gás de Bhopal -- Tara Bai, 35, e Rashida Bi, 46 – juntamente com o ativista de longa data de Bhopal, Satinath (Sathyu) Sarangi, 48, ficaram sentados fora do Parlamento indiano e começaram uma greve de fome até que o governo garantisse que justiça seria feita a Bhopal.

Depois de 18 dias sem comer, as duas mulheres desfaleceram durante uma manifestação e foram levadas ao hospital.

Sathyu quebrou a dieta com suco de laranja.

Logo depois, Wilson começou a sua greve. E diz que continuará até que seja feita justiça em Bhopal.

Mulheres no Texas, na Nigéria, no Equador e na índia estão nos ensinando uma verdade fundamental.

Pode-se falar ou carregar faixas, mas quem vai escutar?

Mas tente colocar o corpo em campo e as coisas começam a se mexer.

Levante-se.

Vá para a rua.

Rebata.

------------------------------------------------------------------------

Russell Mokhiber é editor de Corporate Crime Reporter, com sede em Washington, D.C. Robert Weissman é editor de Multinational Monitor, com sede em Washington, D.C.http://www.multinationalmonitor.org. Ambos são co-autores de Corporate Predators: The Hunt for MegaProfits and the Attack on Democracy (Empresas Predatórias: A Caça por MegaLucros e o Ataque à Democracia) (Monroe, Maine: Common Courage Press, 1999; http://www.corporatepredators.org).

Women Take on the Corporate Beasts

Push Back

by Russell Mokhiber and Robert Weissman

July 26, 2002

Let the corporate criminals take over Wall Street.

And investors flee the market.

Hello criminals.

Goodbye market.

Pollute nature.

And nature confronts the polluters.

Push the people to the edge of their misery, and the people push back.

In Escravos, Nigeria, 600 women seized control of the ChevronTexaco oil terminal.

The unarmed women villagers threatened to remove their clothes -- a traditional shaming gesture aimed at humiliating ChevronTexaco.

Despite its great oil wealth, the Niger Delta is among the poorest -- and most polluted -- places in West Africa.

"Chevron has neglected us," says Felicia Itsero, 67, one of the protesting women. "They have neglected us for a long time. For example, any time spills occur, they don't do proper clean-up or pay compensation. Our roofs are destroyed by their chemical. No good drinking water in our rivers. Our fishes are killed on daily basis by their chemicals, even the fishes we catch in our rivers, they smell of crude oil." (see www.moles.org)

In West Virginia, the coal industry, which for generations has controlled West Virginia, is trying to jam through a special session of the state legislature a new law that would allow coal trucks to carry 120,000 pounds of coal -- up from the previous limit of 80,000. There goes traffic safety. There go the roads.

Last week, the Charleston Gazette, the state's leading newspaper, referring to the protests in Nigeria, wrote this:

"This drain the wealth pattern (in Nigeria), the essence of colonialism, smacks of the way out-of-state coal corporations treat West Virginians. We wonder if a naked protest (in West Virginia) would accomplish anything."

Last week, Julia Butterfly Hill, was arrested and deported from Ecuador. (see www.amazonwatch.org)

Hill was protesting an Occidental oil pipeline being built through a nature reserve. The pipeline faces massive opposition from indigenous communities that would be affected.

She was roughed up. She was taken in the morning to the airport escorted by 10 police officers and then forced to board a plane to Panama.

Hill gained worldwide recognition in the late 1990s after spending two years camped atop a redwood tree in northern California to save it from being cut down. In Ecuador, she met with the Mindo community, which staged a three-month tree sit to block construction of the pipeline.

And as we write, Diane Wilson, a fourth generation shrimper and mother of five, is outside of a Union Carbide chemical facility in her hometown, Sea Drift, Texas. (see www.bhopal.net) Dow Chemical purchased Union Carbide in 1999.

The Dow facility is one her area's biggest polluters.

Wilson is in the midst of a hunger strike to protest Union Carbide's treatment of residents of Bhopal, India.

That's the city in northern India that was gassed when a Union Carbide facility blew up in 1984, killing thousands.

Wilson visited Bhopal after the accident and has never forgotten.

She is outraged that Dow is pushing to water down the criminal charge against Warren Andersen, the former Union Carbide CEO, to criminal negligence, a non-extraditable offense.

She is outraged that the 150,000 victims received only $500 from Union Carbide, when in the United States, there have been million dollar settlements paid out by Dow to people injured here.

Following the demands of victims in India, Diane Wilson wants Andersen extradited to India.

Warren Andersen is a fugitive from the Indian courts.

She wants the company to face pending criminal charges for culpable homicide.

For 15 years now, Wilson has been fighting the chemical companies that destroyed the bay that provided for generations of her family.

The corporate counterattack against Wilson has been vicious.

Her dogs have been killed.

Members of her family have been shot at.

Her shrimp boat has been sunk twice.

But she continues to fight for justice.

She says she will continue the water-only hunger strike until the people of Bhopal get justice.

That means money, and a criminal trial of Union Carbide/Dow, and its executives.

Wilson's hunger strike follows one begun in New Delhi on June 8, when two women gas survivors from Bhopal -- Tara Bai, 35, and Rashida Bi, 46 -- together with long-time Bhopal activist Satinath (Sathyu) Sarangi, 48, sat outside the Indian Parliament and pledged to fast until the Government ensured that justice would be done in Bhopal.

After 18 days without food, the two women hunger strikers collapsed during a mass rally and were taken to hospital.

Sathyu broke his fast with orange juice.

Wilson picked up the fast soon thereafter. She says she will continue until justice is done in Bhopal.

Women in Texas, Nigeria, Ecuador, and India are teaching us a basic truth.

You can talk or write a blue streak and who listens?

But put your body on the line and things begin to move.

Get up.

Get out.

Push back.

------------------------------------------------------------------------

Russell Mokhiber is editor of the Washington, D.C.-based Corporate Crime Reporter. Robert Weissman is editor of the Washington, D.C.-based Multinational Monitor, http://www.multinationalmonitor.org. They are co-authors of Corporate Predators: The Hunt for MegaProfits and the Attack on Democracy (Monroe, Maine: Common Courage Press, 1999; http://www.corporatepredators.org).

 

 

Envie um comentário sobre este artigo