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Trecho destacado do livro "Império", de Michael Hardt e Antonio Negri, Ed.Record, 2001 (tradução de Berilo Vargas) |
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DECLÍNIO
E QUEDA DO IMPÉRIO
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"Com a subordinação real da sociedade ao capital, antagonismos sociais podem irromper como conflito em cada momento e em cada termo da produção e permuta comunicativas. O capital tornou-se um mundo. O valor de uso e todas as demais referências a valores e processos de valorização concebidos para ficar fora do modo capitalista de produção gradualmente desapareceram. A subjetividade está inteiramente imersa na troca e na linguagem, mas isso não quer dizer que agora seja pacífica. O desenvolvimento tecnológico baseado na generalização das relações comunicativas de produção é um motor de crise, e o intelecto geral produtivo é um ninho de antagonismos. Crise e declínio se referem não a algo externo ao Império mas ao que lhe é mais interno. Dizem respeito á própria produção de subjetividade, e portanto são ao mesmo tempo peculiaridades e contrários aos processos de produção do Império. Crise e declínio não são uma função oculta nem um futuro ominoso mas uma realidade óbvia e clara, um evento sempre esperado, uma latência sempre presente. É
meia-noite numa noite de espectros. Tanto o novo reino do Império
como a nova criatividade imaterial e cooperativa da multidão
se movem nas sombras, e nada consegue iluminar o destino que nos espera.
Todavia, ganhamos um novo ponto de referência (e amanhã
talvez uma nova consciência), que consiste no fato de que o Império
é definido pela crise, que seu declínio já começou,
e que por isso cada linha de antagonismo conduz ao evento e á
singularidade. O que quer dizer, na prática, que a crise é
imanente ao Império e indistinguível dele? É possível
na escuridão da noite teorizar positivamente e definir uma prática
do evento?"
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