A explosão
das Torres e do Pentágono foi um evento imprevisível,
em sua espetacularidade criminosa, mas a trama que entrevemos por trás
do evento apocalíptico é uma trama que estamos descrevendo
há anos: devastação da mente global, do imaginário
coletivo, da sociedade planetária. Desespero que se acumula nas
pregas invisíveis do tempo hiper-moderno.
O que
será que fazia, quando era criança, o piloto que assumiu
o comando do Boeing que partiu de Boston, na manhã do dia 11
de setembro? Talvez aos cinco anos se encontrasse em Sabra ou em Chatila,
e tivesse visto assassinarem seu pai ou sua mãe ou seu irmão?
Ou talvez estivesse em Bassora, nos dias dos bombardeios americanos,
ou talvez seu filho tivesse morrido por não ter podido receber
os tratamentos necessários durante os anos do embargo ocidental?
São
vinte anos que a ditadura liberal devasta, empobrece e agride a maioria
da humanidade. Mais cedo ou mais tarde isso tinha que acontecer.
São vinte anos que as populações do mundo estão
sendo impelidas ao desespero. Mais cedo ou mais tarde isso tinha que
acontecer.
O internacionalismo
se dissolveu e foi substituído, em toda parte, pelo egoísmo
nacionalista, pela estreiteza de pensamento regionalista, pela ignorância
do integralismo.
Mais cedo
ou mais tarde isso tinha que acontecer.
Os cenários
Agora
tentemos imaginar quais os cenários que se abrem diante de nós.
A guerra está nas coisas, automatismo ao qual as pessoas não
podem se opor. Podem somente se deter (os homens e as mulheres). É
uma guerra de um tipo novo, porque não tem um inimigo identificável.
O inimigo pode estar em qualquer parte.
Na fase de sua loucura psicopática, a ditadura liberal visa militarizar
cada espaço da vida planetária. A paranóia do controle
tecno-militar cometeu uma falha gigantesca, embora a única coisa
que saibam fazer (porque essa é a imaginação do
poder) seja a de multiplicar aquela paranóia. E irão cometer
outras falhas gigantescas.
A recessão
econômica está destinada a galopar como um cavaleiro da
manta negra. O ataque às towers destruiu uma parte do cérebro
financeiro global, não em sentido figurado, mas de uma maneira
física, cruel. Homens e mulheres que trabalhavam para as empresas
de consultoria, para os escritórios de programação
econômica, administrativa, financeira morreram. Células
indispensáveis da máquina econômica global canceladas
em uma hora.
O setor
administrativo da world virtual class foi dizimado. E, ao mesmo tempo,
foi dissolvida a "confiança dos consumidores", última
tábua de salvação à qual se agarrava a economia
mundial.
No cenário
mais provável (escalada da guerra contra o mundo islâmico),
a guerra atingirá os países produtores de petróleo.
A retaliação poderá estrangular a Europa.
Num cenário desse tipo, muitos estarão se perguntando,
fato compreensível: mas será que ainda faz sentido a existência
de um movimento como o nosso, que luta contra a ditadura liberal e contra
a paranóia da segurança?
O terceiro ator
Os atores que vemos afundar no vórtice da guerra são o
"globalismo" capitalista, com sua política de tipo
monetarista e "hiper-liberalista", de um lado. E a proliferação
de identidades agressivas locais, que tomam a forma de integralismo
e de nacionalismo. Uma alimenta a outra, diretamente e indiretamente.
Deleuze
e Guattari falam de desterritorialização (o efeito da
globalização, a erradicação que tolhe o
terreno debaixo dos pés das comunidades e dos indivíduos),
e re-territorialização (a necessidade agressiva de identificação,
do fato de se pertencer).
Com quem você fica? É a pergunta feita a todos. Com o ocidente
ou com a barbárie? (já nos fizeram essa pergunta chantagista
há vinte e cinco anos, e nos perseguiram porque não aceitávamos
ficar do lado dos assassinos stalinistas das brigadas vermelhas nem
do lado do compromisso histórico). Com quem você fica?
É a pergunta feita a cada um, preparando o pogrom contra os derrotistas,
os desertores, os inimigos da frente interna.
De dois anos para cá, tem se desenvolvido no mundo um movimento
global. Esse movimento elegeu como alvo principal a ditadura liberal
e atingiu seu alvo com uma determinação pacífica
e racional. A ditadura liberal entrou em crise por razões estruturais
que não podem ser reduzidas à mobilização
do movimento global. Mas à crise da nova economia e da ditadura
liberal, o movimento global forneceu uma moldura cultural, uma perspectiva
política, uma esperança.
Agora
há quem exige que esse movimento tome uma posição.
Ou com o ocidente ou com o integralismo. Aqueles que apontam o dedo
e pedem que se tome uma posição são uns porcos
e uns escravos. E a eles dedicamos o nosso desprezo e indiferença.
Será que temos que declarar que pertencemos ao mundo ocidental?
Não nos definiremos nunca por pertencermos a quem quer que seja.
Não somos nem pró-árabes nem pró-americanos
e não seremos nunca nem anti-árabes nem anti-americanos.
O nosso
movimento é o terceiro ator:
O movimento global contra o "globalismo" capitalista e contra
a agressividade que impõe uma identidade é o terceiro
ator, aquele que permite de sair do dilema diabólico das duas
loucuras complementares, em cuja armadilha o mundo parece estar preso.
A nossa tarefa é bem clara. Não consiste somente em dizer
não à guerra, não ao terror. Nossa tarefa é
aquela de tornar possível a auto-organização da
sociedade, independentemente dos estados, independentemente dos alinhamentos,
independentemente dos exércitos e, também independentemente
da economia "globalista".
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IL MOVIMENTO
COME TERZO ATTORE
FRANCO
BERARDI
L'esplosione delle Towers e del Pentagono è stato un evento imprevedibile
nella sua criminale spettacolarità, ma la trama che intravvediamo
dietro
l'evento apocalittico è una trama che da anni andiamo descrivendo:
devastazione della mente globale, dell'immaginario collettivo, della
società planetaria. Disperazione che si accumula nelle pieghe
invisibili
del tempo ipermoderno.
Che faceva da bambino il pilota che ha preso i comandi del Boeing partito
da Boston la mattina dell'11 settembre? Forse a cinque anni stava a
Sabra o
a Chatila, e ha visto uccidere il padre o la madre o il fratello? oppure
stava a Bassora nei giorni dei bombardamenti americani, o forse suo
figlio
è morto perché non ha potuto ricevere le cure necessario
negli anni
dell'embargo occidentale?
Da venti anni la dittatura liberista devasta, impoverisce, aggredisce
la
maggioranza dell'umanità. Prima o poi doveva succedere.
Da venti anni le popolazioni del mondo sono spinte verso la disperazione.
Prima o poi doveva succedere.
L'internazionalismo si è dissolto ed è stato dovunque
sostituito
dall'egoismo nazionalista, dalla grettezza localista, dall'ignoranza
dell'integralismo.
Prima o poi doveva succedere.
Gli scenari
Ora cerchiamo di immaginare quali scenari si aprono davanti a noi.
La guerra è nelle cose, automatismo al quale gli uomini non possono
opporsi. Soltanto sottrarsi possono (gli uomini e le donne). E' una
guerra
di tipo nuovo, perché essa non ha un nemico individuabile. Il
nemico può
essere dovunque.
Nella fase della sua follia psicopatica la dittatura liberista punta
a
militarizzare ogni spazio della vita planetaria. La paranoia del controllo
tecno-militare ha fatto una cilecca gigantesca, eppure la sola cosa
che
sanno fare (perché questa è limmaginazione del potere)
sarà òoltiplicare
quella paranoia. E faranno altre cilecche gigantesche.
La recessione economica è destinata a galoppare come un cavaliere
dal
mantello nero. L'attacco alle towers ha distrutto una parte del cervello
finanziario globale, non in senso figurato, ma in una maniera fisica,
crudele. Uomini e donne che lavoravano per le agenzie di consulenza,
per
gli uffici di programmazione economica amministrativa, finanziaria sono
morti. Cellule indispensabili della macchina economica globale cancellate
in un'ora.
Il settore dirigente della world virtual class è stato decimato.
E al tempo stesso si è dissolta la "fiducia dei consumatori",
ultimo
appiglio a cui restava appesa l'economia mondiale.
Nello scenario più probabile (escalation di guerra contro il
mondo
islamico) la guerra colpirà i paesi produttori di petrolio. La
ritorsione
potrà strangolare l'Europa.
In uno scenario di questo genere molti si chiedono, comprensibilmente:
ma
ha ancora senso lesistenza di un movimento come il nostro, che
si batte
contro la dittatura liberista e contro la paranoia securitaria?
Il terzo attore
Gli attori che vediamo sprofondare nel vortice della guerra sono il
globalismo capitalista, con la sua politica di tipo monetarista e
iperliberista, da una parte. E il proliferare delle identità
aggressive
locali, che prendono forma di integralismo o di nazionalismo. L'una
alimenta l'altra, direttamente e indirettamente.
Deleuze e Guattari parlano di deterritorializzazione (l'effetto della
globalizzazione, lo sradicamento che toglie il terreno da sotto i piedi
delle comunità e degli individui), e riterritoriailzzazione (il
bisogno
aggressivo di identificazione, di appartenenza).
Con chi stai? si chiede ad ognuno. Con l'occidente o con la barbarie?
(già
venticinque anni fa ci rivolsero questa domanda ricattatoria, e ci
perseguitarono perché non accettavamo di stare nè con
gli assassini
stalinisti delle brigate rosse né con gli assassini stalinodemocristiani
del compromesso storico). Con chi stai? si chiede ad ognuno, preparando
il
pogrom contro i disfattisti, i disertori, i nemici del fronte interno.
Da due anni un movimento globale si è sviluppato nel mondo. Ha
eletto come
suo bersaglio principale la dittatura linberista e ha colpito quel
bersaglio con determinazione pacifica e ragionevolezza. La dittatura
liberista è entrata in crisi per motivi strutturali che non si
possono
ridurre alla mobilitazione del movimento globale. Ma alla crisi della
new
economy e della dittatura liberista, il movimento globale ha fornito
una
cornice culturale, una prospettiva politica, una speranza.
Adesso c'è qualcuno che si rivolge a questo movimento per ingiungergli
di
prender posizione. O con l'occidente o con l'integralismo.
Coloro che puntano il dito e chiedono di prendere posizione sono dei
porci
e dei servi. A loro dedichiamo disprezzo e indifferenza. Dovremmo
dichiarare la nostra appartenenza al mondo occidentale?
Non ci definiremo mai per appartenenza. Non siamo filoarabi né
filoamericani e non saremo mai né antiarabi né antiamericani.
Il nostro
movimento è il terzo attore:Il movimento globale contro il globalismo
capitalista e contro laggressività identitaria è
il terzo attore, quello che permette di uscire dal dilemma diabolico
delle due follie complementari in cui il mondo sembra
intrappolato.
Il nostro compito è già oggi chiaro. Non è soltanto
quello che consiste nel
dire no alla guerra e no al terrore. Il nostro compito è quello
di rendere
possibile lautorganizzazione della società al di fuori
degli stati, al di
fuori degli schieramenti, al di fuori degli eserciti, e anche al di
fuori
delleconomia globalista.
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