Opte pela Vida

 

 


George Monbiot
7 de junho de 2002

Tradução Imediata

Cada semana, às vezes cada dia, alguém me escreve pedindo conselho sobre que carreira deveria seguir. Infelizmente, eu não posso responder a todos, portanto pensei que deveria tentar formular alguns princípios orientadores gerais, esperando que as pessoas possam adaptá-los às suas próprias circunstâncias. Este conselho se aplica somente àqueles que têm uma escolha genuína de carreira, o que significa, lamentavelmente, que não se aplica à maioria da força de trabalho do mundo. Mas se as pessoas que me escrevem não tivessem escolha, acho que não estariam me fazendo essa pergunta.

Embora essa orientação possa ser aplicada a outras áreas de trabalho, os exemplos que usarei provêm do jornalismo, já que a maioria daqueles que me escrevem querem ser jornalistas, e este é o setor no qual trabalhei a maior parte do tempo. Antes de seguir essa orientação, deveria advertir o leitor de não se basear somente nas minhas palavras. Não posso garantir que esta abordagem funcionará para você. Você deveria pedir a opinião do maior número de pessoas possível. Por fim, você deve fazer suas próprias decisões: não permita que eu ou qualquer outra pessoa decida por você.

O primeiro conselho que ofereceria é esse: Você deve precaver-se quanto a seguir os conselhos de carreira dados pelos seus colegas. Nas faculdades de jornalismo, por exemplo, os estudantes são rotineiramente instruídos que, embora possa ser seu desejo escrever sobre questões relativas ao desenvolvimento na América Latina, de modo a obter as qualificações e a experiência necessárias, eles devem primeiro passar três anos trabalhando para o jornal local, antes de procurar trabalho para um periódico nacional, antes de encontrar um nicho que os possa levar a algum setor de certa forma próximo daquele onde pretendem ingressar. Em outras palavras, aconselha-se o aluno a viajar precisamente na direção oposta daquela que ele quer tomar. O aluno quer ir à América Latina? Bem, então antes deverá ir a Nuneaton. É desejo da pessoa escrever sobre os zapatistas? Bem, então antes ela deverá aprender como transformar um press release de uma corporação qualquer em "notícia". Você quer ser livre? Então primeiro você tem que aprender a ser prisioneiro.

Os conselheiros dizem que uma direção de carreira é essencial se você não quiser cair na "armadilha" da especialização: ou seja, se você quiser ser flexível o suficiente para responder às demandas mutantes do mercado de trabalho. Mas a verdade é que ao seguir o caminho que eles sugerem, você acaba se tornando um especialista: um especialista na reciclagem boçal daquilo que os ricos e poderosos consideram ser notícia. E depois de anos disso, você acabará não prestando para muitas outras coisas.

Em outras palavras, essa trajetória de carreira é contra-educacional. Pois lhe ensina a fazer o que você não quer fazer, a ser o que você não quer ser. Só uma pessoa excepcional pode emergir desse processo com os seus objetivos e ideais intactos. Na realidade, só uma pessoa excepcional para sair desse processo, seja da maneira que for. O que o mundo das corporações e das instituições querem que você faça é diametralmente oposto àquilo que você deseja fazer. Elas querem uma ferramenta digna de confiança, alguém que possa pensar, mas não por si mesma: que possa pensar pela instituição. Você pode fazer aquilo em que acredita, mas só se aquilo em que acredita coincide com os objetivos da corporação, não apenas uma vez, mas consistentemente, no decorrer dos anos (fico maravilhado com o número de pessoas cujas crenças combinam perfeitamente com as demandas do poder institucional, entretanto essas demandas podem ser contorcidas e distorcidas, depois de um ou dois anos que a pessoa estiver trabalhando na empresa).

Em mundos assim, até mesmo as pessoas inteligentes e dotadas de propósito acabam, quase imediatamente, perdendo seu senso de direção. Elas se tornam tão ocupadas em satisfazer as necessidades de seus empregadores e sobreviverem no mundo hostil para o qual foram arrastadas que não lhes sobra nem tempo nem energia para desenvolver a trajetória de carreira que realmente queriam seguir. E é você que tem que desenvolvê-la: ela simplesmente não vai acontecer por si mesma. A idéia, tão frequentemente manifestada por novos recrutas que não se sentem confortáveis com a escolha que eles próprios fizeram, de que podem reformar a instituição para a qual trabalham a partir de dentro, de forma que um dia ela poderá refletir as crenças e os códigos morais deles, é simplesmente risível. Porque apesar de toda a lenga-lenga sobre: "responsabilidade social das empresas", as corporações respondem ao mercado e às demandas de seus acionistas, e não às consciências de seus funcionários. Mesmo o diretor executivo pode fazer uma diferença somente marginal: no momento em que sua consciência interferir com o propósito não negociável da empresa — trazer lucros e aumentar o valor das ações — ele já terá sido despedido.

Isso não quer dizer que não existam oportunidades a serem perseguidas em sintonia com suas crenças dentro do mundo institucional. Existem algumas, embora geralmente se encontrem fora da maioria do sistema: programas ou revistas especializadas, algumas seções de jornais específicos, pequenas editoras cujos proprietários mantiveram seus padrões. Posições de trabalho em lugares como esses são raras, mas se você puder encontrá-las, vá atrás delas com energia e persistência. Se, depois de ter conseguido a posição, você achar que ela não é aquilo que parecia ser, ou se você achar que é constantemente desviado daquilo que queria fazer, não hesite em cair fora.

Isso também não significa que você não deveria ter "experiência de trabalho" nas instituições cuja visão de mundo você não aceita, se estiverem disponíveis, e onde há habilidades essenciais que você acha que poderá aprender às custas delas. Mas você deverá manter uma absoluta clareza quanto aos limites desse tipo de exercício, e você deverá sair da instituição no momento em que você aprendeu aquilo que precisava aprender (geralmente depois de alguns meses), quando a firma começa a tirar mais de você do que você tira dela. Quantas vezes eu ouvi estudantes que começavam a trabalhar para uma corporação, dizerem que passariam só uns dois ou três anos na mesma, para ganhar a grana necessária, e depois sair e seguir a carreira de sua escolha? Quantas vezes voltei a encontrar essas pessoas muitos anos depois, descobrindo que passaram a ter outro estilo de vida, um carro e uma hipoteca proporcionais aos seus salários, e que seus ideais iniciais desbotaram ao nível da mais vaga das memórias, que agora descartam como se fossem uma fantasia da pós-adolescência? Quantas vezes vi pessoas livres desistirem de sua liberdade?

Portanto, meu segundo conselho de carreira ecoa o conselho político oferecido por Benjamin Franklin: toda vez que você se deparar com uma escolha entre a liberdade e a segurança, escolha a liberdade. De outro modo, você acabará sem nenhuma das duas. As pessoas que vendem suas almas pela promessa de um trabalho seguro e de um salário seguro são cuspidas para fora assim que se tornam dispensáveis. Mais leal você for para com a organização, mais explorável e, por fim, descartável, você se torna.

Naturalmente, nada disso quer dizer que você vai logo começar fazendo exatamente o que quer, e ser remunerado como gostaria. Mas há três abordagens possíveis que eu recomendaria.

A primeira é simplesmente começar da forma como gostaria de continuar. É pouco provável, por algum tempo, que você possa se auto-financiar, portanto você poderá precisar complementar com algumn trabalho que lhe dê dinheiro suficiente para mantê-lo vivo, mas que não demande muita energia mental. Se você quiser escrever sobre os zapatistas mexicanos, ganhe o dinheiro necessário para poder ir até lá e fazer a sua cobertura. Se você quiser que o projeto renda, você deverá ser empreendedor. E deveria investigar todos os canais potenciais para as matérias que você espera encontrar: revistas, jornais, estações de rádio e TV, websites e editores.

Você deveria ter uma visão clara daquilo que deseja cobrir antes de partir, planeje cuidadosamente e obtenha todos os contatos possíveis das pessoas com algum conhecimento da questão. Mas ao mesmo tempo você deveria estar pronto para histórias que não tinha previsto, que poderão achar um destino inesperado. Por exemplo, você poderá se deparar coma história sobre animais selvagens enquanto estiver lá, e escrevê-la para uma revista sobre natureza, com a venda da matéria você poderá ajudar a financiar a sua viagem. Você poderá complementar seu orçamento com uma matéria de turismo, ou algo para uma revista de arquitetura, ou para um programa de comida. Às vezes, os editores adoram receber material fora do esquema (embora com mais frequência não compreendam do que se trata). Trabalhe no maior número de mídias que puder, e seja persistente.

Esteja preparado para viver e trabalhar da forma mais econômica possível: durante os meus primeiros quatro anos como freelancer eu vivi com uma média de quinhentas libras por mês. Em sete anos de trabalho no mundo pobre, consegui manter minhas despesas inferiores a três mil libras por mês. Essa é uma boa disciplina para qualquer freelancer, independentemente do sucesso financeiro que você estiver obtendo. Se você consegue viver com cinco mil libras por ano, você estará seis vezes mais seguro de alguém que precisa de trinta mil para se virar. Na Grã-Bretanha, entretanto, as possibilidades de viver economicamente foram encolhidas, de certa forma, pelos empréstimos aos estudantes: muitas pessoas em busca de um trabalho já se encontram sobrecarregadas pela dívida.

Trabalhe pesado, mas sem se apressar. Construa a sua própria reputação devagar e constantemente. E a especialização, apesar de tudo que lhe dizem na faculdade de jornalismo, é, se você souber usá-la com inteligência, não a armadilha, mas a chave para fugir da armadilha. Você pode se tornar a pessoa em que o editor pensa quando precisa de alguém para cobrir um assunto em particular, com uma perspectiva particular (digamos, a sua perspectiva). De forma que eles respondem à sua visão de mundo, mais do que você ter que responder à visão de mundo deles. A rapidez com a qual você pode se tornar um "especialista" num campo específico é surpreendente: simplesmente pelo fato que tão poucos jornalistas saberão qualquer coisa a respeito do assunto. Você encontrará oportunidades e as oportunidades encontrarão você.

A segunda abordagem possível é esta: se o mercado para o qual você deseja trabalhar parece, no início, impenetrável, então procure engajar-se na questão através de meios diferentes. Se você quiser escrever sobre os sem-teto, por exemplo (uma das questões que contam com menos cobertura nas sociedades desenvolvidas), poderá ser mais fácil encontrar trabalho junto a algum grupo que presta assistência aos sem-teto. Aprenda o ofício aprendendo as questões, e gradualmente se insira no jornalismo. Embora tal procedimento o afaste uma ou duas etapas de seu ideal, pelo menos você estará trabalhando com pessoas experienciando as questões que lhe interessam, mais do que junto a homens e mulheres indiferentes em salas de redação corporativas, pessoas que perderam seus sonhos, e sabem tão pouco sobre o mundo real quanto os conselheiros de carreira que os ajudaram a encontrar aqueles trabalhos, em primeiro lugar.

A terceira abordagem é mais árdua, mas igualmente válida. É seguida por pessoas que reconheceram as limitações de qualquer tipo de compromisso com os empregadores do sistema, e que criaram seus próprios canais de trabalho. Na maioria dos países, existe um pequeno número de jornais e meios de comunicação alternativos, gerenciados por voluntários que sobrevivem de outros modos: trabalhos em tempo parcial, bolsas ou algum tipo de previdência social. No geral, trata-se de pessoas com uma tremenda coragem e determinação, que colocaram suas crenças firmemente à frente de seu conforto. Trabalhar com essas pessoas pode ser um grande privilégio e inspiração, pela simples razão que elas —e, por conseguinte, você— estão livres, enquanto os outros não. Todo o dinheiro, todo o prestígio do mundo nunca compensarão a perda de sua liberdade.

Assim, meu último conselho é este: ao se defrontar com a escolha entre comprometer-se com a realidade ou comprometer-se com aquilo que Erich Fromm chama de o mundo "necrofílico" da riqueza e do poder, opte pela vida, seja quais forem os custos aparentes. No início, seus colegas poderão esnobá-lo, olhando-o de cima para baixo: pobre Nina, tem vinte-e-seis anos e ainda não tem carro. Porém aqueles que colocaram a riqueza e o poder acima da vida estão vivendo no mundo dos mortos, no qual os vivos colocaram suas lápides — seus certificados emoldurados significando a aceitação daquele mundo — pregadas na parede. Lembre-se de que até mesmo o editor do Times, apesar de toda a sua renda e prestígio, é ainda um funcionário que deve obedecer as ordens de seu chefe. Ele tem menos liberdade do que nós, e ser editor do Times é o máximo que pode ser alcançado.

Você sabe que tem uma vida só. Você sabe que ela é uma coisa preciosa, extraordinária, que não pode ser repetida: o produto de bilhões de anos de descobertas felizes e evolução. Então, porque desperdiçá-la, entregando-a aos mortos vivos?

 

 

Choose Life

by George Monbiot

June 07, 2002

Every week, sometimes every day, someone writes to me asking for advice about the career they should take. I can't, unfortunately, respond to them all, so I thought I should try to formulate some general guidelines, which I hope people will be able to adapt to their own circumstances. This advice applies only to those who have a genuine choice of careers, which means, regrettably, that it does not apply to the majority of the world's workforce. But if the people writing to me did not have choice, they wouldn't be asking.

While this guidance may be applicable to some people working in other areas, the examples I will use all come from journalism, as most of those writing to me want to be journalists, and this is the field in which I have mostly worked. Before you take it, I should warn you not to rely on my word alone. I can't guarantee that this approach will work for you. You should take advice from as many people as you can. Ultimately, you must make your own decisions: don't allow me or anyone else to make them for you.

The first advice I would offer is this: be wary of following the careers advice your college gives you. In journalism school, for example, students are routinely instructed that, though they may wish to write about development issues in Latin America, in order to achieve the necessary qualifications and experience they must first spend at least three years working for a local newspaper, before seeking work for a national newspaper, before attempting to find a niche which brings them somewhere near the field they want to enter. You are told to travel, in other words, in precisely the opposite direction to the one you want to take. You want to go to Latin America? Then first you must go to Nuneaton. You want to write about the Zapatistas? Then first you must learn how to turn corporate press releases into "news". You want to be free? Then first you must learn to be captive.

The advisers say that a career path like this is essential if you don't want to fall into the "trap" of specialisation: that is to say, if you want to be flexible enough to respond to the changing demands of the employment market. But the truth is that by following the path they suggest, you are becoming a specialist: a specialist in the moronic recycling of what the rich and powerful deem to be news. And after a few years of that, you are good for very little else.

This career path, in other words, is counter-educational. It teaches you to do what you don't want to do, to be what you don't want to be. It is an exceptional person who emerges from this process with her aims and ideals intact. Indeed it is an exceptional person who emerges from this process at all. What the corporate or institutional world wants you to do is the complete opposite of what you want to do. It wants a reliable tool, someone who can think, but not for herself: who can think instead for the institution. You can do what you believe only if that belief happens to coincide with the aims of the corporation, not just once, but consistently, across the years (it is a source of wonder to me how many people's beliefs just happen to match the demands of institutional power, however those demands may twist and turn, after they've been in the company for a year or two).

Even intelligent, purposeful people almost immediately lose their way in such worlds. They become so busy meeting the needs of their employers and surviving in the hostile world into which they have been thrust that they have no time or energy left to develop the career path they really wanted to follow. And you have to develop it: it simply will not happen by itself. The idea, so often voiced by new recruits who are uncomfortable with the choice they have made, that they can reform the institution they join from within, so that it reflects their own beliefs and moral codes, is simply laughable. For all the recent guff about "corporate social responsibility", corporations respond to the market and to the demands of their shareholders, not to the consciences of their employees. Even the chief executive can make a difference only at the margins: the moment her conscience interferes with the non-negotiable purpose of her company -- turning a profit and boosting the value of its shares -- she's out.

This is not to say that there are no opportunities to follow your beliefs within the institutional world. There are a few, though generally out of the mainstream: specialist programmes and magazines, some sections of particular newspapers, small production companies whose bosses have retained their standards. Jobs in places like this are rare, but if you find one, pursue it with energy and persistance. If, having secured it, you find that it is not what it seemed, or if you find you are being consistently pulled away from what you want to do, have no hesitation in bailing out.

Nor does this mean that you shouldn't take "work experience" in the institutions whose worldview you do not accept if it's available, and where there are essential skills you feel you can learn at their expense. But you must retain absolute clarity about the limits of this exercise, and you must leave the moment you've learnt what you need to learn (usually after just a few months) and the firm starts taking more from you than you are taking from it. How many times have I heard students about to start work for a corporation claim that they will spend just two or three years earning the money they need, then leave and pursue the career of their choice? How many times have I caught up with those people several years later, to discover that they have acquired a lifestyle, a car and a mortgage to match their salary, and that their initial ideals have faded to the haziest of memories, which they now dismiss as a post-adolescent fantasy? How many times have I watched free people give up their freedom?

So my second piece of career advice echoes the political advice offered by Benjamin Franklin: whenever you are faced with a choice between liberty and security, choose liberty. Otherwise you will end up with neither. People who sell their souls for the promise of a secure job and a secure salary are spat out as soon as they become dispensable. The more loyal to an institution you are, the more exploitable, and ultimately expendable, you become.

None of this, of course, means that you can start doing precisely what you want to do straight away, and be remunerated as you might wish. But there are three possible approaches I would recommend.

The first is simply to start how you mean to go on. This is unlikely, for a while, to be self-financing, so you may need to supplement it with work which raises sufficient money to keep you alive but doesn't demand too much mental energy. If you want to write about the Zapatistas in Mexico, earn the money required to get you out there and start covering them. If you want to make it pay, you must be enterprising. You should investigate all the potential outlets for the stories you hope to come across: magazines, newspapers, radio and TV stations, websites and publishers.

You should have a clear view of what you want to cover before you go, plan it carefully and find as many contacts as you can from among people with some knowledge of the issue. But at the same time you should be ready for stories you don't anticipate, which might find a home somewhere unexpected. You might for instance come across a wildlife story while you're there, with which you could help finance your trip by writing it up for a wildlife magazine. You might supplement your earnings with a travel piece, or something for an architectural magazine or a food programme. Editors are sometimes delighted to receive material from outside the box (though more often they simply won't understand it). Work in as many media as you can, and be persistent.

Be prepared to live and travel as cheaply as possible: for my first four years as a freelancer I lived on an average of five thousand pounds a year. In seven years working in the poor world, I managed to keep my expenses down to three thousand pounds a year. This is a good discipline for any freelancer, however well you're doing. If you can live on five thousand pounds a year, you are six times as secure as someone who needs thirty thousand to get by. In Britain, however, the possibilities of thrifty living have now been clouded somewhat by student loans: many people looking for work are already burdened by debt.

Work hard, but don't rush. Build up your reputation slowly and steadily. And specialisation, for all they tell you at journalism school, is, if you use it intelligently, not the trap but the key to escaping from the trap. You can become the person editors think of when they need someone to cover a particular issue from a particular angle (that is to say, your angle). They then respond to your worldview, rather than you having to respond to theirs. It's surprising how quickly you can become an "expert" in a particular field: simply because so few other journalists will know anything about it. You will find opportunities, and opportunities will find you.

The second possible approach is this: if the market for the kind of work you want to do looks, at first, impenetrable, then engage in the issue by different means. If you want to write about homelessness, for example (one of the great undercovered issues of developed societies), it might be easier to find work with a group trying to assist the homeless. Learn the trade by learning the issues, and gradually branch into journalism. Though this takes you a step or two away from your ideal, at least you will be working with the people experiencing the issues which interest you, rather than with the detached men and women in the corporate newsrooms who have themselves lost their dreams, and who know as little about the real world as the careers advisors who helped land them in those jobs in the first place.

The third approach is tougher, but just as valid. It is followed by people who have recognised the limitations of any form of engagement with mainstream employers, and who have created their own outlets for their work. Most countries have a number of small alternative papers and broadcasters, run voluntarily by people making their living by other means: part time jobs, grants or social security. These are, on the whole, people of tremendous courage and determination, who have placed their beliefs firmly ahead of their comforts. To work with them can be a great privelege and inspiration, for the simple reason that they - and, by implication, you - are free while others are not. All the money, all the prestige in the world will never make up for the loss of your freedom.

So my final piece of advice is this: when faced with the choice between engaging with reality or engaging with what Erich Fromm calls the "necrophiliac" world of wealth and power, choose life, whatever the apparent costs may be. Your peers might at first look down on you: poor Nina, she's twenty-six and she still doesn't own a car. But those who have put wealth and power above life are living in the world of death, in which the living put their tombstones - their framed certificates signifying acceptance to that world - upon their walls. Remember that even the editor of the Times, for all his income and prestige, is still a functionary, who must still take orders from his boss. He has less freedom than we do, and being the editor of the Times is as good as it gets.

You know you have only one life. You know it is a precious, extraordinary, unrepeatable thing: the product of billions of years of serendipity and evolution. So why waste it by handing it over to the living dead?

 

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