A Vozes de Gênova

 

 


 

Carta de Vandana Shiva a Claudio Martini, governador da Toscana

"O sistema globalizado da alimentação e da agricultura está sendo difundido em todos os lugares, gerando violências, monoculturas e doenças. O aumento dos custos de produção e o endividamento fazem lembrar a situação da Índia, empurrando cada vez mais os camponeses para a fome: os preços dos produtos agrícolas despencaram de 50% enquanto o preço dos alimentos subiu de 400%. O resultado é um acúmulo de recursos porque os pobres não podem comprar comida e esse excesso gera um lucro para os mercados e as empresas globais, subtraindo os meios de sustento dos camponeses e a comida dos pobres…. O empenho deve ser no sentido de se construir um mundo de paz, de democracia e de liberdade, onde possam prosperar a biodiversidade e as nossas diferentes culturas."

José Bové, sindicalista francês, na inauguração do Fórum Público de Gênova

"Os representantes do G8 querem fazer de Gênova uma nova Yalta para compartilhar o mundo entre si…vão preparar aqui o próximo encontro da Organização Mundial do Comércio em Qatar, de modo que nada possa contrastar a lógica do mercado."

Maria dos Santos, do Movimento Sem Terra do Brasil

"Nos últimos 17 anos de luta, foram obtidos terrenos para 300.000 famílias e 1.800 latifúndios improdutivos foram expropriados e tornados férteis…1% da população brasileira possui 46% das terras cultiváveis e há 4,8 milhões de famílias sem terra. Os objetivos do movimento são a conquista da terra, a reforma agrária por uma sociedade mais justa e solidária e o desenvolvimento social das comunidades rurais."

Site Amici della Terra

"… a nova rodada de negociações, deve começar em Qatar no próximo mês de novembro, com o cativante título "Round do desenvolvimento". Ela deverá alargar o campo de competência da Organização Mundial do Comércio, introduzindo novos argumentos, como a concorrência e ampliando o alcance dos argumentos que já estão sendo regulados de modo parcial, como as concorrências públicas, os investimentos e os serviços."

Giorgio Bocca, jornalista italiano em sua coluna "O anti-italiano" da revista L’Espresso.

" … é o espetáculo e nada além disso que cada poderoso da Terra quer, enquanto, frequentemente de modo efêmero, se encontram no poder… O ministro das Relações Exteriores (da Itália) Ruggiero nos explicou que as reuniões dos governantes mais ricos do mundo ocorrem para encontrar um acordo sobre como governá-lo: ou seja, uma reunião necessária e útil entre filantropos democraticamente eleitos… Não dá para entender para que serve essa convenção democrática quando um dos convidados, o presidente americano Bush, tem a seu lado as 40 multinacionais que decidem sobre a macroeconomia do planeta, as quais têm, por sua vez, as costas devidamente guardadas por inúmeros porta-aviões e bombas atômicas e mísseis e bases que só têm o escopo — conforme os próprios títulos dos quotidianos da União — de "proteger a nossa riqueza", ameaçada pelos "estados gangster". Porque acontecem essas reuniões, como a de Kyoto, onde se decide democraticamente sobre a luta contra a poluição; para depois o mais rico dos ricos dizer que não está de acordo… O G8 serve, assim como serviram todos os congressos para a paz - para fazer com que os mais fracos aprovem as decisões dos mais fortes. Haverá, como antigamente, trocas de honorificências, festas e banquetes para quem não tem nada a dizer, mas que servem para conferir grandeza do evento. E servem ao espetáculo como modo de resolver ou de eludir os problemas sem solução do desenvolvimento sem controle, como um modo safado de celebrar a potência."

Jeremy Rifkin, economista e ambientalista

"Há quatro tipos de reações. A primeira é aquela de quem diz: "Não é verdade, não está acontecendo nada." A segunda: "Algo está acontecendo, mas é tão grande, tão forte, que não posso fazer nada." A terceira: "Não posso fazer nada, mas tenho certeza que alguém, em algum lugar, vai fazer alguma coisa: os cientistas da General Electric, da General Motors, da General Dynamics sabem o que estão fazendo e certamente acharão o modo de consertar tudo…

É claro que nenhuma dessas três reações levará a nada de útil. "A única alternativa é um verdadeiro pulo de nível de consciência ou, se preferirem, de ciência, da parte de toda uma geração. Trata-se de começar a ver as coisas de um outro ponto de vista: parar de pensar cada um por si, ou como um grupo, ou como uma nação. Devemos pensar como espécie."

Mario Monicelli, cineasta italiano

"… o que importa é a emoção e o entusiasmo com os quais se fazem certas coisas. Sim, ainda hoje… finalmente hoje… Disseram que a história tinha terminado com a queda do muro de Berlim. Em vez disso, finalmente, a história recomeça. Existe a sensação de que algo está recomeçando, algo que parecia morto, apagado…"

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