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CORNEL WEST EM SANTA FÉ |
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Apresentação
feita em Santa Fé, Novo México Tradução
Imediata (grifos
do tradutor) |
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PATRICK LANNAN: Muito obrigado. Achei que vocês todos tinham desaparecido, mas sei que ainda estão por aí. Posso ouvi-los. Bem-vindos ao evento final de nossa série de "Leituras e Conversas 2002/2003", e o evento final é sempre sobre liberdade cultural Novamente, obrigado pelo apoio. Esta noite contamos com a audiência da KUNM. Eles vão transmitir o evento. Por favor, dêem as boas-vindas a Amy Goodman. Eu sei que vocês a conhecem. [Aplausos] AMY GOODMAN Eu vou apenas apresentar o grande orador da noite. Gostaria de cumprimentar os ouvintes da KUNM, que estão escutando o programa em todo o estado no Novo México, agora, [aplausos] e aos milhares de felizardos que estão no teatro. Soube que os ingressos para vir ouvir o Dr. Cornel West se esgotaram foram vendidos em poucas horas, e isso não causa surpresa quando lemos os seus livros, quando sabemos como foram seus discursos anteriores. E é um privilégio especial apresentá-lo esta noite. E hoje é o centenário do nascimento de George Orwell. [Aplausos] Não, com o Dr. Cornel West não se trata de comentar notícias e rescrever a história, a menos que se trate da história escrita por generais da estrutura de poder dos brancos desse país; isso para deixar as coisas bem claras. Naturalmente, George Orwell estava escrevendo, em seu 1984, sobre as mudanças da história para servir aqueles no poder, e é muito importante olharmos seriamente para aquela profecia, hoje em dia. É tão esclarecedor, importante e essencial ouvirmos Cornel West hoje, pois ele não teme lançar mão de palavras como supremacia branca, porque elas são reais e é preciso lidar com elas. E ele não se limita a identificar os problemas, como também aponta as soluções. Ele trata da esperança. Esta é uma semana muito importante para se ouvir o Dr. West, a semana em que ocorreu a mais importante decisão sobre a ação afirmativa da parte do Supremo Tribunal [Aplausos] em 25 anos. Este ano também marca o aniversário do livro de W.E.B. Du Bois, The Souls of Black Folk (As Almas do Povo Negro) e, em seu livro Race Matters, o Dr. Cornel West fala sobre o primeiro autor, sobre a questão levantada por W.E.B. Du Bois, de que o problema do século XX é o problema da cor, e estou certa de que ele vai falar sobre isso hoje. O Dr. West foi descrito como um dos mais vitais e eloqüentes intelectuais públicos da América. Ele nasceu em Tulsa, Oklahoma. Anos atrás, a cidade era considerada a Wall Street negra, antes que o governo dos EUA destruisse e provavelmente tivesse até bombardeado a área, embora a história nunca tenha sido contada corretamente. E enquanto falo sobre o Dr. West como, talvez, o maior intelectual público vivo hoje, acho importante perguntar para a mídia porque não o vemos com mais freqüência, como uma das personalidades chamadas regularmente pela televisão. Eu fiz essa pergunta, uma vez, a Al Hunt, do programa Capitol Gang da CNN, enquanto mostrávamos no programa de TV -- Democracy Now uma foto do Dr. West. Porque não vemos o Dr. West regularmente em programas como o seu, em vez daquelas pessoas que sabem tão pouco a respeito de tantas coisas? [Risos] E ele disse, especialmente quando falamos da questão da guerra e do porque não ouvimos mais pessoas que falam contra a mesma, como o Dr. West Al Hunt respondeu: Bem, é claro que vocês podem vê-los. Temos Patrick Buchanan no programa. [Risos] De todo jeito, hoje tenho o prazer de não apresentar a vocês Patrick Buchanan [risos], mas o Dr. West, que foi recentemente apontado como Professor de Religião na Universidade de Princeton, Classe de 1943. Em livros pioneiros como: Race Matters; Restoring Hope; The American Evasion of Philosophy; Jews and Blacks, Let the Healing Begin; The War Against Parents; The Future of American Progressivism; e seu último livro, The Cornel West Reader, ele ensina como as crescentes divisões em nossa sociedade fomentam o desespero e a desconfiança e destroem nosso processo democrático. Tendo lançado recentemente um novo é isso mesmo, -- CD, Sketches of My Culture, o Dr. West continua a explorar novos caminhos de ensino e comunicação. Espero que saberemos o motivo de ele ter sido repreendido, quando era professor da Universidade de Harvard, por Lawrence Summers, presidente da mesma e ex-funcionário do Banco Mundial, por ter lançado este CD, o qual pode alcançar tantas pessoas e gerações. Bem, por trabalhar para criar um diálogo contínuo entre a miríade de vozes em nossa cultura, o Dr. West prossegue com seus esforços vigilantes e virtuosos para restabelecer a esperança na América. Dr. Cornel West. [Aplausos]
DR. CORNEL WEST: Oh, que honra estar em Santa Fé, Novo México! Que honra estar aqui em Santa Fé, Novo México! Eu não posso vê-los, mas que privilégio o meu [Aplausos contínuos] A grande cidade de Santa Fé, Novo México Que bênção. Que bênção, mesmo! Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer minha querida irmã, minha camarada e minha amiga. Ela tem sido uma batalhadora pela liberdade há décadas e, simplesmente, não existe ninguém como ela, nenhuma voz como a dela. Na rádio e agora, vejam só, ela estendeu seu trabalho no âmbito da televisão. Vamos dar uma outra salva de palmas à nossa irmã Amy Goodman. [Aplausos] Gostaria de agradecer a Fundação Lannan, pela bondade de me permitir vir de Nova Jérsei [risos] até aqui, Santa Fé, Novo México. Eu agradeço a J. Patrick Lannan, Sr., pela visão que teve 43 anos atrás. [Aplausos] 43 anos atrás. É o tipo de visão que promove a união entre cultura, criatividade artística, com o engajamento político. É o que os gregos chamavam de paidea, no que ela tem de melhor, a formação de atenção e o cultivo de uma personalidade e alma que disponibiliza aqueles artistas, compositores, pintores, escritores de nosso mundo que estão tentando levantar suas vozes no deserto. E gostaria de agradecer a J. Patrick Lannan, Jr., por colocar em prática aquela visão de um modo tão exemplar. [Aplausos] Eu sei que é uma luta fazer isso. Hoje em dia, a maioria dessas fundações tem um monte de dinheiro, mas não muita visão. [Risos] A Fundação Lannan tem visão. Só espero que ela tenha tanto dinheiro quanto as outras [risos]; ainda não perguntei, mas ela teve o suficiente para me trazer até aqui. Gostaria de agradecer minha nova amiga e irmã Jaune Evans que não só veio me pegar no aeroporto; ela é a diretora executiva dos projetos e ela é simplesmente uma jóia. Vamos dar uma salva de palmas a ela também. [Aplausos] Eu não sei onde ela está. Finalmente, a irmã Christie Davis, que acabei de conhecer, mas integra o time junto com a irmã Barbara Ventrello. Elas constituem a Fundação em sua totalidade. Vamos aplaudi-las. [Aplausos]. Vamos aplaudi-las. E gostaria de agradecer a cada um de vocês por virem aqui esta noite. Eu espero poder dizer algo que irá incomodá-los [risos], talvez, mesmo que por um momento, desnorteá-los. Devo dizer que fiquei muito excitado em vir a Santa Fé, Novo México, porque esta cidade tem um lugar muito especial no meu coração, porque minha querida e preciosa filha nasceu aqui, no St. Vincent Hospital [aplausos], na St. Michaels Street. De forma que irei para a sepultura com memórias muito, muito agradáveis [risos] de Santa Fé, Novo México. Assim, mesmo se venho para incomodá-los, espero fazê-lo com um espírito de generosidade [risos]. Simplesmente. Muito. Mas, de fato, essa é uma questão séria, a de que estaremos tratando hoje. Por isso gostaria de iniciar com uma nota socrática. Não acho possível falar sobre liberdade cultural sem falar sobre o exemplo de Sócrates. Sim, aquele ateniense de nariz chato, lábios grossos, pescoção, barrigudo, descalço que fazia o que, mesmo? Infectava as pessoas com a perplexidade com a qual tinha sido infectado ele mesmo. Essa é a linha de Thyestes, nos Diálogos de Platão. E, para mim, é impossível falar sobre liberdade cultural; é impossível falar sobre visão política; é impossível falar sobre engajamento existencial, sem reconhecer o legado de Atenas e passar para o verso 38 a. e falar daquela Apologia: "A vida não analisada não vale a pena ser vivida." E, naturalmente, Malcolm X acrescenta: "A vida analisada dói." Engajar-se em uma atividade socrática, uma atividade de auto-exame, auto-interrogação, auto-questionamento, requer coragem; coragem para fazer o que? Para pensar por si mesmo. William Butler Yeats está certo quando diz: "É necessário ter mais coragem para cavar fundo nos cantos mais obscuros da própria alma e lutar contra aquilo que encontramos do que a coragem que o soldado precisa ter para lutar no campo de batalha." Parte do problema, em nossa nação, em nosso mundo, é de que não temos suficientes cidadãos e seres humanos dispostos a exercer a coragem de pensar criticamente por si próprios. A América sempre foi, como o grande Richard Hofstetter colocou em seu clássico de 1963, Anti-intellectualism in America (Anti-intelectualismo na América): "A América sempre foi uma cultura anti-intelectual". Os americanos amam a inteligência mas temem o intelecto. Há uma grande diferença. Hofstetter está certo, a inteligência é uma faculdade manipuladora. Ela chega e avalia a situação, chega a conclusões, acentua os resultados. O intelecto é uma faculdade crítica. Ele avalia as avaliações. Trata-se de uma meta-atividade. Que diz: vamos examinar as premissas básicas e fazer passar pelas pressuposições os pré-julgamentos articulados de uma estrutura, de um paradigma, ao invés de apenas pensarmos dentro daquela estrutura e do paradigma. Os americanos sempre tiveram medo do intelecto. Perguntem para o Sr. Melville: Moby Dick vendeu 500 exemplares nos primeiros 75 anos. [Risos] Se pensarmos que é só a história de uma baleia, já viram. [Risos] Perguntem a Mark Twain; as pessoas acham que ele está só contando piadas, ao invés de ter escrito uma das grandes caracterizações épicas dos desafios de uma civilização, com o Nego Jim e o Tom num barco, e o Huck num barco... Perguntem a Eugene ONeill, o qual teve que guardar seu melhor trabalho que acabou sendo encenado somente após sua morte. "Ice Man Cometh", "A Long Days Journey into Night" só alguns dias atrás estávamos falando de ver Vanessa Redgrave num palco da Broadway Cultura anti-intelectual. Porque, em parte? É uma civilização de negócios; é uma civilização impulsionada pelos mercados, o que Henry James chamou de civilização de hotel [risos]. Obcecada pelo conforto, conveniência, auto-satisfação. Que não quer se engajar em atividades socráticas que perturbem ou desanimem ou desalojem as pessoas. Vamos ser ainda mais específicos, o grego naquela linha 38-a. diz: "A vida não examinada não é uma vida para o ser humano" humano deriva do latim humando, que significa enterrando. Enquanto a América é uma civilização que se esquiva da morte, foge da morte, nega a morte. É isso mesmo que se esperaria de uma civilização de hotel. [Risos] Justamente como a Disneylândia e a Disneyworld, que se gabam de que ninguém nunca tenha morrido em seus estabelecimentos. [Risos] Oh, tão americano! Sentimental, melodramático, superficial, e apesar disso, no fundo, somos federalistas, bípedes, criaturas linguisticamente conscientes que nascem entre a urina e as fezes, em nosso caminho para a inevitável extinção. É isso que somos. [Risos] Levante-se gênero, orientação sexual, região, nação; vamos mais em baixo, onde os organismos aculturados só para utilizar a linguagem maravilhosa de John Dewey negociando com o ambiente, conscientes do fato de que haverá um tempo em que não seremos mais e. talvez, somos mais humanos quando enterramos nossos mortos, forçados a reunir as três dimensões do tempo: passado, presente e futuro. Negar a morte é negar a história, a realidade, a mortalidade. E graças a Deus, a Fundação Lannan reconhece que ao falarmos de liberdade cultural, temos que falar seriamente sobre as várias formas de morte entre nós, passadas, presentes e futuras. Para fazer o que? Para nos tornarmos mais vivos, para pensarmos de forma mais crítica, talvez para termos mais compaixão, talvez até mesmo para reunirmos a coragem de querermos nos sacrificar para algo maior do que nós. Como estão vendo, eu venho de uma tradição de luta, de povos específicos que tiveram intimidade com formas de morte. A escravidão americana 244 anos era uma ameaça de morte social. Assim, quando uma civilização nega a morte mesmo assim, formas de morte . Sem condição jurídica, sem situação social, sem valor público; só uma mercadoria para ser comprada e vendida. E se não se lida com a questão da morte naquele contexto, não é possível viver psiquicamente e culturalmente porque é claro que o seu trabalho será explorado e não haverá direitos com os quais os seres humanos de origem européia podem contar que você possa contar também. Intimidade com a morte irmãos e irmãs indígenas. A expansão imperial americana me fascina. Estamos falando da invasão do Iraque. É a primeira vez que a América invadiu um país. Uai! [Risos] Meu Deus, é mesmo? Granada, Panamá, e daí poderímos continuar a lista. [Aplausos] Mas não, em 1783, o próprio George Washington disse que não queremos nos envolver com os negócios da Europa, mas que prevemos uma expansão de nossa população e território. E daí você diz, Sr. Washington, tem algumas pessoas naquela terra que o senhor tem em mente [risos] seres humanos cujas vidas são tão preciosas quanto a sua, em contato íntimo com a morte, com a expansão imperial. O mesmo é verdadeiro para os irmãos e irmãs latinos, com fronteiras movediças: um dia México, EUA no dia seguinte. Não pode ser mediado com argumentos. Trata-se de expansão imperial. Formas de morte. Luta pela liberdade dos negros. Morte cívica. Jim Crow. Jane Crow. Linchamentos. Eu chamaria isso de terrorismo americano. Quem deseja interrogar, num modo socrático, os dogmas dos supremacistas brancos, da supremacia masculina, do crescimento econômico através da prioridade corporativa, o dogma profundo disparado por toda a vida americana. Quem quer interrogar? Alguns o fizeram, sem dúvida. Norman Thomas, o ex-ministro presbiteriano. Upton Sinclair, Emma Gold. Um certo número o fez, embora empurrados às margens. Porque? Porque os americanos amam ser experimentais somente dentro de certas estruturas dogmáticas. Sejamos tão altamente inovadores e experimentais quanto possível sem socratizar a estrutura de nenhuma maneira, examinando as pressuposições básicas do paradigma dentro do qual se é altamente inovador. Não há dúvida de que os americanos têm algumas das mentes mais criativas do mundo, mas muito poucas estão dispostas a examinar as suposições básicas que constituem o paradigma dentro do qual elas são imaginativas. E quando o fazem, tem sua fama desvalorizada, e às vezes, quando se dá uma escalada do movimento, são reprimidas, baleadas, assassinadas. E, naturalmente, é verdade, Sócrates acaba com a cicuta, também. Ele está nadando contra a corrente, mas, em parte, devido ao que ele chama de parrhesia. É o verso 24 da República de Platão. Sócrates diz: "Parrhesia é a causa de minha impopularidade". Parrhesia é uma palavra grega que significa discurso ou fala direta, franca, falando como se fosse num modo requintado, mas direto da alma. E ser capaz de viver conforme o que se fala, tentando representar as próprias convicções, fundindo-se a análise com a própria vida. É isso que eu adoro em Sócrates. Levantar aquela questão fundamental: quem sou, na realidade? Começa-se sempre consigo próprio. Começa-se sempre com a auto-crítica. De que maneiras Eu estou me conformando? De que maneiras eu estou sendo cúmplice dos poderes em questão? De que maneira eu estou sendo complacente demais? E depois, olhando o ambiente, quem somos nós, na realidade, em nossos bairros, nossas comunidades? Que tipo de pessoas são os americanos, na realidade, quando se vai além dos mitos e boas maneiras e clichés? Esta noção de que, de alguma forma, a América tem uma conexão especial com o divino. [Risos] Isso remonta à fundação do país, à idéia da cidade no topo da colina, exemplo de moral para o mundo, o povo escolhido de Deus. Meu Deus! Privilégio? Sim. Trabalho duro? Sim. Que se sacrifica pelo ganho material e segurança nacional? Sim. Mais especial do que os Lituanos? Não. Mais especial que os guatemaltecos? Não. Mais especial que os israelenses? Não. Mais especial que os palestinos? Não. Mais especial que os iraquianos? Aos olhos de Deus? Não. Oh, meus Deus, isso é ir contra a corrente do país, não é mesmo? Você nunca seria eleito para um cargo público dizendo esse tipo de verdade. Isso é que é parrhesia. [Aplausos] Fala simples. Fala franca. E quem faz isso hoje em dia? Os artistas, em grande parte. Os artistas, desde os cantores de blues até Tennessee Williams, dramaturgo blues. Romancista blues, William Faulkner. Outro dramaturgo blues, Tony Kushner. Romancista blues, Toni Morrison. O irmão branco romancista blues Thomas Pynchon, Russell Banks. Parrhesia. Graças a Deus que ainda existe uma fundação que ainda acredita em parrhesia, que é a pré-condição para qualquer discurso substantivo a respeito de liberdade cultural. E como apoiamos aqueles que estão dispostos a exercer sua fala franca, seu discurso direto, de um modo não farisaico, ou cheio de si mas de um modo auto-crítico? Tão importante. Conectado a que? A Humando, a formas de morte. Uma das coisas fascinantes a respeito de Sócrates, naturalmente, é que ao contrário de tantos beneficiários da Fundação, ele nunca escreveu qualquer palavra. Faz lembrar de Jesus e de outras poucas figuras que tiveram algum impacto na história humana. Nunca escreveu uma palavra. Se não fosse pelos fascinantes Diálogos de Platão, profundamente conservador em sua visão política, mas provavelmente a tentativa mais profunda de colocar no papel a função da inteligência crítica. Sábio, mas errado; é uma justaposição fascinante, não é mesmo? Profundo mas errado, pouco convincente. Diálogos platônicos. Apresentando seu mestre e mentor como agente. Ou Xenófones, muito menos profundo que os Diálogos de Platão, mas fascinante. O favorito de Nietzsche, por exemplo. Ou a a descrição satírica de Sócrates em As Núvens de Aristófanes. Essas três fontes, as únicas fontes de que dispomos para ter acesso a Sócrates como agente. Mas o que é fascinante nessas três descrições é que elas nunca descrevem Sócrates derramando uma lágrima. Ele nunca chora. E isso sempre me fascinou. Fascinou Thomas More, logo antes de morrer na Torre de Londres, seu famoso diálogo. Ele se pergunta: Poque será que meu herói nunca chorou, já que eu estou vertendo tantas lágrimas nesta torre? Tem algo que não entendo. Na realidade, ele só ri duas vezes, e é um sorriso e uma careta, mas não vamos falar nisso agora [risos]. Nunca chorou. E eu acho que parte do problema é, e isso tem tanto a ver com a liberdade cultural que quando se fala sobre a coragem de pensar em termos críticos, pode-se permitir ao intelecto, tão crucial e precioso que é, de se tornar um refúgio que esconde e disfarça o próprio subdesenvolvimento emocional. [Aplausos] Porque alguém que nunca tenha chorado, não tenho certeza de que tenha vivido, na realidade. Porque nunca amou realmente. Safo estava certa. O amor é "amargo-doce", que nós traduzimos como "doce-amargo", mas os gregos dizem "amargo-doce". É êxtase e terror, simultaneamente. Frankie Beverly diz que é alegria e dor, ao mesmo tempo. E o que precisamos, neste momento em particular, é de uma tentativa de reunir aqueles que estão dispostos a pensar criticamente, reunir a coragem de pensar criticamente, olhar para as premissas básicas do discurso público, o modo como a nossa história nos é contada, o modo como acabamos nos concebendo a nós mesmos. Mas isso precisa estar ligado às lágrimas, e é por isso que o legado de Jerusalém é tão importante, para mim. É aí que a Bíblia Hebraica se torna, para mim, indispensável e fundamental, tanto para o religioso quanto para o leigo. É difícil conceber o que significa ser humano, sem a noção de que cada pessoa é única, distinta, irredutível, irreproduzível, cada um singular em parte porque eles formam um nós. Cada um é quem é e não qualquer outro. Eles tem sua dignidade específica, no lugar de sua individualidade. Disso trata a Gênese da Bíblia Hebraica, escrita por um povo que estava ele próprio disperso e espalhado e cujas pessoas tinham que reconceber a si mesmas e contar histórias sobre si mesmas que lhes confeririam um valor frente ao fato de que tinham sido desvalorizadas. E depois, a extensão cristã. O judeu palestino. De modo que os olhos, vertendo lágrimas, quando Amos diz "deixai a justiça escorrer como águas de honradez, como um riacho poderoso". E o Novo Testamento cristão, dizendo que Jesus chorou. Sócrates não o fez. Ele argumentava. Jesus chorava. A questão é como reunir a rica espiritualidade do questionamento socrático com a rica tradição de amor, entrega, sacrifício, de servir aos outros? Agora, novamente, eu poderia tocar "A Love Supreme" de John Coltrane e me sentar. [Risos] Eu poderia. Porque é exatamente isso que se obtém. Eu poderia simplesmente ler uma fatia de Beloved, de Toni Morrison. Eu poderia ler o sermão de Baby Sugg "In the Cleaning", falando com força, a partir do coração. O que ela faz? Ela está questionando um dogma dos brancos supremacistas que está tão profundamente inscrito na vida da América que ela está também tentando que as pessoas façam o que? Amarem-se a si próprias, sua carne, seus narizes, a textura de seus cabelos, seus quadris, porque uma certa cultura lhes disse que eles eram menos menos inteligentes, menos bonitos, menos morais. E eles acabaram acreditano nisso. Basta tocar "Whats Going On" de Marvin Gaye? A ética do amor dispara, mas para que? Questionar a América sobre sua presença imperial no Vietnã. Questionar a América sobre sua brutalidade política. Questionar a América sobre o porque eles têm tanto medo do partido das Panteras Negras, como se fosse alguma versão de insurreição violenta contra o governo dos EUA, mas parecendo não quererem falar sobre a importante insurreição violenta embora o governo dos EUA a chame de confederação em 1861, e o legado da mesma até o presente. E Deus abençoe a família Maddox Lester Maddox faleceu hoje. Ele é parte do legado supremacista branco, Deus o abençoe. Não há a menor dúvida. Também perdemos Maynard Jackson, no dia antes, na mesma cidade. Ele está lutando contra isto. Quem que exercer a parrhesia e falar francamente sobre isso, sem perder de vista a humanidade deles? Para mim, um dos grandes momentos da cultura americana ocorreu, na realidade, em agosto de 1955. Poucas pessoas querem falar disso. Em 1955, naturalmente, Emmett Till foi assassinado por outros cidadãos, uma vítima do terrorismo dos EUA, seu corpo atirado no Rio Yazoo desde a Ponte Tallahatchie, sob a ponte Tallahatchie. Mas seu corpo foi levado de volta para Chicago, onde ocorreu a primeira importante demonstração dos direitos civis. 125.000 cidadãos foram olhar o corpo de Emmett Till. Sua mãe deixou o caixão aberto de modo que o povo pudesse vê-lo. Estava exposto na Pilgrim Baptist Church, conduzido pelo Reverendo Julius Caesar Austin. E ele apresentou Mamie Till Mably, e ela andou até o artil. Ela olhou o seu filho, cuja cabeça tinha cinco vezes o tamanho de uma cabeça normal, e ela olhou nos olhos da América, assim como nas pessoas da zona sul de Chicago. Ela disse: O que? Eu não tenho nem um minuto para odiar. Eu vou buscar justiça até o fim de minha vida. Isso é maturidade espiritual [Aplausos] e maturidade moral que não desiste da tentativa socrática de interrogar a falsidade e a hipocrisia da vida americana, mas que está enraizada em algo profundo. Está enraizada na tentativa de seguir a pista da humanidade presente até mesmo nas pessoas que a desumanizaram. Que seja esse o padrão de resposta a ser usado contra o terrorismo, à luz dos últimos dois anos e meio. [Aplausos] Meu Deus, que coisa maravilhosa. Termos Moms Mabley falando em seu nome e falando em nome do melhor da tradição. Também Martin King está no fundo da cena. A voz de Fanny Lou Hamer também está lá. Como a voz de Philip Randolph. E tantos líderes negros anônimos que sabiam ter que lidar com uma situação na qual não tinham segurança, proteção, estavam sujeitos à violência ao acaso e eram odiados por serem o que eram. Era isso que significava, que significa ser negro. Inseguro, desprotegido, sujeito à violência injustificada e odiado. Agora, depois do 11 de setembro, toda a América se sente insegura, desprotegida, sujeita à violência ao acaso. [Aplausos] E odiada. Aí você diz, hummm, agora que toda a nação foi enegrecida, vamos ver qual será a resposta. [Aplausos] Interessante. Eu venho de uma tradição que diz que face ao terrorismo, deve-se invocar a justiça, não a doce vingança, não a retaliação a curto prazo. É a justiça. Persigam-nos se cometeram um crime, sim. Demonizá-los, não. E mesmo no âmbito da tradição negra, há pessoas negras que demonizam, eles são criticados com base naquela tradição sob a luz do fato de que eles não aspiram aos padrões da mãe de Emmett Till. E se esse for o caso é certamente o caso com George Bush e outros líderes. É crucial, indispensável, juntar o melhor legado de Atenas e o melhor legado de Jerusalém, mas no contexto do Novo Mundo, no qual os legados da escravidão, de Jim/Jane Crow, da brutalidade policial, do linchamento, da discriminação, da negação de empréstimos bancários. E isso continuamente, vez após outra. Sempre conectando a própria visão sobre a própria liberdade ao apuro e ao aperto de outros irmãos e irmãs de todas as cores, irmãos gays, irmãs lésbicas, irmãos com problemas físicos, irmãos e irmãs indígenas. De modo que eles todos constituam tradições de luta sobrepostas e entrelaçadas, sabendo, porém a coragem de pensar criticamente e a coragem de amar; mas acho que precisamos falar publicamene sobre a coragem de amar. E é isso que mais amo com relação ao que o movimento negro pela liberdade tem de melhor. É muito raro encontrarmos progressistas. Esses são meus caros irmãos e irmãs brancos, falando publicamente sobre o amor. Porque isso? Bem, é uma longa história. Não vamos adentrar nela. [Risos]. Não. Abraham Joshua Heschel o fez. Dorothy Day o fez. Michael Harrington no começo de carreira o fez, Michael Harrington, mais tarde, com quem trabalhei intimamente, tinha mudado de um certo tipo de catolicismo para um certo tipo de socialismo, mas foi consistente o tempo todo; e ele foi meu camarada em ambos os casos. Ele simplesmente mudou de idéia sobre certas coisas. Mas James Baldwin falou sobre o amor explicitamente, como a força mais difícil, perigosa, mas também mais significativa do mundo. Porque? Porque se você provém de um povo que foi tão odiado, o amor pode se tornar subversivo e transformador, começando com o amar-se a si próprio. Marcus Garvey falou do amor explicitamente. Sim, Elijah Mohammed não falou quanto a amar a nossos irmãos e irmãs de cor branca, mas isso não foi seu único ponto. [risos] Há outras pessoas no mundo, além dos irmãos e irmãs de cor branca. Ele foi imaturo ao basear o amor do povo negro através da desvalorização do povo branco, mas ele falou a respeito das pessoas de cor negra de se amarem a si próprias. O Sr. Louis Farrikhan a mesma coisa. Muito progresso e evolução necessários em termos do que criou em cima do Elijah, em seu começo. Sim, mas ele fala sobre se amarem a si próprios. Porque isso é importante? Porque é uma forma de representação. Dá às pessoas um senso de confiança. E parte do problema na América qual é? As pessoas não sentem que têm representação. Elas não se sentem confiantes de que podem fazer qualquer diferença. E especialmente nos estados, onde não poderia o que foi mesmo durante as eleições a última eleição? Oitenta por cento dos brancos da América acharam que as eleições foram justas e oitenta por cento dos negros da América acharam que as eleições foram injustas. Então alguém está certo e alguém está errado quanto a isto. Eu não sou nem um pouco relativista. Deve haver uma verdade quanto a isso. Trinta-e-dois por cento da população negra a favor da guerra. Quase setenta-e-cinco por cento da população branca da América a favor da guerra. Há uma bela diferença aqui. A representação faz a diferença para as pessoas que estão contra a corrente em suas percepções. O amor se torna uma forma de representação. E não só isso, como ajuda a quebrar barreiras, os muros da demarcação, assim que mesmo quando a raiva negra e a fúria negra, a justa indignação de ter que olhar para a supremacia branca em face de todas as suas dimensões, e que ainda persistem, a linguagem do amor ainda permite aos irmãos e irmãs brancos de reconhecer de que não se trata de todos eles, ou de que não é genético. Os irmãos e irmãs brancos podem fazer escolhas. John Brown é parte do movimento. A parte do movimento de Tom Hayden, porque é tudo a respeito de escolhas, decisões, empenhos, ninguém está trancado num poleiro. Ou algumas categorias. Daí que o amor se torna crucial. E não só isso, mas, é claro, acredito que seja impossível falar seriamente sobre se transformar fundamentalmente a América ou qualquer outro país, mas especialmente a América. É impossível fazer disso sem falar sobre as formas de espiritualidade e, especialmente, da música. Mas espiritualidade diz respeito a como se lida com as próprias restrições e limitações. Quando se rema contra a corrente dessas restrições e limitações, você precisa de algo que lhe dê respaldo, como uma comunidade que é sustentada por níveis de espiritualidade que têm a ver com contestar, que têm a ver com partilhar, que têm a ver com dar apoio às pessoas, de modo que elas não se tornem batalhadoras pela liberdade só no curto prazo. Miles Horton, aquele grande batalhador pela liberdade, do século XX, o irmão branco que fundou o Highlander Center, onde Rosa Parks e Stokely Carmichael e um grupo de otros batalhadores pela liberdade sairiam para o Tennessee, e se dirigiriam para o sul. Ele escreveu uma maravilhosa autobiografia chamada The Long Haul (A Longa Redada). Precisamos de batalhadores pela liberdade como Amy Goodman, que estão na luta para a longa redada, e isso é muito difícil. Sei que há muitos irmãos e irmãs de Nova York e Boston que vieram para Santa Fé procurando um pouco de distância do contexto urbano. [Risos] Posso compreender isso. Mas você leva aquela tradição com você, porque mesmo em Santa Fé, a mesma luta continua. Contexto um pouco diferente, céu mais azul, tudo bem. [Risos] Com mais montanhas bonitas, sim, tudo bem, não contesto. Sem dúvida. Mas você é o mesmo ser humano moral, espiritual, politicamente empenhado aqui do que era em Nova York, em DC, na Fildélfia, Chicago, seja de onde for que você vier e encontra aqueles que têm estado aqui há muito tempo. Irmãos e irmãs de cor. E isso há muitas gerações. Naturalmente, nossos irmãos e irmãs indígenas, século após século após século. Como podemos reuni-los? Aquele legado socrático, de um lado, e o judaico-cristão, eu diria até islâmico, quanto a Ashanti Ati e outros pensadores proféticos, o melhor de sua tradição. Por outro, à luz do momento presente, chegamos agora, no momento presente, e o que vemos? [Risos] Um dos momentos mais tenebrosos da história da civilização. A América é, agora, [Aplausos] não só um império, mas em escopo, em profundidade, em poder, excede os impérios britânico e romano. Nada semelhante em toda a história da humanidade. Nenhuma força de compensação. O repressor e arregimentador império soviético afundou há doze anos. Era uma força de contrapeso. Apoiou Mandela, quando ele era um terrorista, por 27 anos. Gostaríamos de lembrar os americanos disso. Mas não há nenhuma força de compensação. E como ambos os impérios, é arrogante; é húbris, acha que pode moldar o mundo segundo a sua própria imagem. Dita seus termos em termos daquilo que quer fazer. E como meu caro irmão, Noam Chomsky nos faz lembrar, não somente implanta uma nova doutrina de ataques preventivos, trata-se de uma doutrina que diz que se parecer que alguém irá atacá-lo, você os ataca antes que eles possam fazê-lo. Na realidade, não é bem essa a doutrina nova. A doutrina diz que se uma nação tem um grupo de elites que estiverem contemplando, eventualmente, desafiar o poder dos EUA, esse país estará sujeito a um ataque. Isso é guerra preventiva. Essa é uma nova norma nas relações internacionais. É a lei da selva, e ela envia sinais e símbolos. Tropas em centenas de países, bases em setenta nações, um grande porta-aviões em cada oceano. No âmbito doméstico, 1 por cento da população possui 48 porcento da riqueza líquida riqueza financeira. Cinco por cento possuem 70 por cento da rigueza, e isso antes do corte de impostos. [Risos] E qual é o resultado? Como vocês podem imaginar, o mais vulnerável, começando por quem? Pelas crianças. E como já 22 por cento de todas as crianças da América vivem na pobreza na nação mais rica da história da humanidade. É uma desgraça! Uma vergonha! [Aplausos] As crianças. São 7 por cento no Canadá, 6 por cento no Japão e 22 por cento na América. 42 por cento das crianças de cor vermelha, 39 por cento das crianças de pele mestiça, 37 por cento das crianças negras. Elas são o 100 por cento do futuro. A pobreza educa. Ela molda a forma como as crianças olham para o mundo, dá um sentido de quem são, da inconfiabilidade da existência. E aqui o maior império da história do mundo tem essa oligarquia plutocrática, de certa forma ainda uma hierarquia pigmentocrática em sua economia. E daí, os mais vulneráveis, as crianças. .. E quem tem relação com essas crianças? Mulheres pobres. Trabalhadoras. Deficientes físicos. Desproporcionalmente negras, mestiças e vermelhas. Sim, mas numericamente, principalmente irmãos de cor branca. Onde está o discurso? Onde está a revolta? Onde está a indignação? Ou será que o sonambulismo que está ocorrendo se tornou tão generalizado que nos sentimos como se não pudéssemos fazer qualquer diferença? [Aplausos] O que está acontecendo? Graças a Deus, de novo, pelos artistas. Quando eles conseguem superar a disfuncionalidade familiar nos subúrbios de baunilha, eles passam a ter telas maiores; muito têm. [Risos] Portanto, Deus, há algum tipo de dinâmica, em escala global, e será que sabemos do que se trata? Nenhum império dura para sempre. Todos os impérios vêm e vão. Têm suas marés baixas e fluem. [Aplausos] Colhe-se o que se planta. Mais cedo ou mais tarde a realidade bate à sua porta. Pode-se viver num estado de negação somente por um certo tempo. Pode-se somente esconder e disfarçar as próprias estruturas e instituições no lugar que, no presente, não aponta os sistemas escolares dilapidados nas cidades chocolate, tratamentos de saúde não disponíveis para 44 milhões de cidadãos [Aplausos], dificuldade de obter acesso para o tratamento infantil, especialmente em função da reforma do bem-estar social assinada pelo democrata invertebrado chamado Bill Clinton. [Aplausos] Jogando futebol político com as vidas dos pobres para ganhar as próximas eleições, tentando triangular-se com o Partido Republicano. Ele deveria ter vergonha de si mesmo. Bem, ele é um amigo meu mas eu lhe disse isso portanto, não estou falando pelas costas. [Risos] Eu lhe disse isso na Casa Branca, do porque não votei nele na segunda vez. Mas eu lhe dei meu apoio quando tentaram impugná-lo com o impeachment. Achei que era errado. [Risos] Mas falando claro, falando francamente. E isso é tudo. Só tentando dizer a verdade. Com amor. [Risos] Num espírito de auto-crítica. Mas no presente, o que? Nossa mídia, que é tão anti-socrática quanto se possa imaginar, em sua grande maioria, a mídia constituída pelos principais veículos de massa. Oligopólio no topo. Jornalistas com medo de levantar questões aos poderes constituídos. Graças a Deus pela Pacífica e pelas outras vozes. [Aplausos] É muito importante. Devemos apoiá-las. Prestam um serviço indispensável. Mesmo em nossas universidades, os professores têm medo. Medo de falar. A respeito de uma série de assuntos. Sobre o Oriente Médio, não se pode nem criticar as políticas do governo sem que se seja taxado de anti-semita. Mas espera aí, pera aí, pera aí. Temos a esquerda israelense engajada em fortes críticas a seu governo? Se eles podem fazer isso em Tel Aviv, porque não podemos fazer o mesmo em Chicago, Nova York e Santa Fé? O anti-semitismo é uma forma perversa de fanatismo; não há dúvida nenhuma. Ele pode ser usado também para silenciar os críticos. Vemos uma variedade de diferentes linguagens serem empregadas, tentando esconder e camuflar certas verdades que deveriam ser assinaladas. Os negros fazem isso, os brancos fazem isso, as mulheres fazem isso, os judeus fazem isso, os italianos fazem isso, os russos fazem isso. Em todos os lugares. Será que temos o que é preciso para exercer nossa parrhesia? Para exercer a fronesis, a sabedoria prática enraizada na compaixão? E eu não acho que se trata só de uma eleição para outra. Na semana passada, o Supremo Tribunal falou, cinco contra quatro. Foi uma decisão muito significativa, muito importante. Não aplaudi, mas fiquei contente. [Risos] Foi muito melhor do que eu estava esperando. A razão pela qual não aplaudi, naturalmente, é porque me pareceu tão estreita. Que instituições de superior conhecimento tenham longas tradições pelas quais seus filhos possam ganhar acesso a elas, nem sempre apresentando os altos padrões exigidos mas não há qualquer debate. A diversidade geográfica, dois de Idaho e de Montana ganhando acesso; nem sempre satisfazendo os padrões exigidos. Nenhum debate. Atletas ganhando acesso a essas vagas, nem sempre satisfazendo os altos padrões requeridos. [Risos] Nenhum debate. Mesmo quando eles são filhos de pessoas negras. Mas depois de 244 anos de escravidão, durante os quais era ilegal para os negros aprenderem a ler e escrever, Jim Crow para quem pagaram impostos nós pagávamos impostos às instituições públicas de alto conhecimento e não podíamos nem mesmo mandar nossos filhos a essas instituições. Por quase um século. E, finalmente, obtendo um apoiozinho aqui e outro ali, assim que pessoas negras aparecem, arma-se um debate nacional sobre suas deficiências e sobre o quanto rigorosos os padrões deveriam ser. Esse é um nível de hipocrisia com relação ao qual precisamos ser honestos. [Fortes Aplausos] Precisamos ser sinceros sobre isso. Se eles não apresentam as qualificações mínimas necessárias, eles não podem pertencer. Mas quantos apresentam as condições mínimas necessárias? Meu Deus, em Harvard, 9.000 apresentam. Mas eles têm só 1.800 vagas. O que fazer? Ted Kennedy mal apresentava as qualificações mínimas, mal e mal, e conseguiu entrar, tirando a vaga de algum irmão irlandês da classe trabalhadora, que era tão brilhante mas acabou no Boston College. E eu disse isso ao irmão Kennedy, também, portanto, não estou falando pelas costas. [Risos] Ele sabe que conseguiu entrar na Universidade devido ao seu legado familiar filho de, neto de, irmão de. Quando ele apareceu, será que houve um debate transmitido ao mundo todo, a cada canto do mundo, sobre a deficiência dos irlandeses ricos? [Aplausos] Não! Quando George Bush se apresentou em Yale, por acaso, houve um debate sobre os WASPS (NT: white anglo-saxon protestants protestantes brancos anglo-saxônicos) ricos? [Fortes Aplausos] Não! Mas espere só o Jamal, ou a Letícia se apresentarem, e toda a maquinação se atira na história e, de repente, agora todo o mundo fica tão preocupado sobre todo mundo ter 780 pontos ou mais de nota, ou, caso contrário, eles irão processá-lo. E devereríamos ter em mente que os três cidadãos brancos que abriram o processo poderiam ter processado estudantes brancos que tinham tido notas muito inferiores, também. E não o fizeram. Escolheram os negros. O que está acontecendo? Hipocrisia. Sejamos honestos a respeito. Então, fiquei moderadamente contente. [Risos] Mas teve gente que fez uma festa, e ficou em casa ouvindo Luther Vandross [risos, Aplausos]. Deus o abençoe, ele acaba de sair do hospital. E está no centro de reabilitação. Graças a Deus, todo poderoso. Gostaria de chegar a uma conclusão, nesse ponto, mas o que me diz o relógio? Ah! Tenho bastante tempo. Tenho muito tempo. Mas o que temos é um império americano com três pilares básicos: o fundamentalismo do livre mercado e todas as formas de fundamentalismo para aqueles que estavam engajados em atividade socrática, merecedores de profundas suspeitas. Todas as formas de fundamentalismo reduzem a complexidade, criam visões maniqueístas do mundo, todo o bem de um lado e todo o mal de outro. O fundamentalismo do livre mercado diz o que? O mercado é uma fetiche; tem poderes mágicos. [Risos] Se tivermos um problema social, venda, mercadeje, privatize, comercialize. E de alguma forma, alguma maneira, as coisas terão um final feliz. [Risos] Os mercados são construções jurídicas criadas pelos seres humanos para serem usadas para o bem ou para o mal. Há mercados doentes, como o da saúde. Há mercados altamente competitivos, como os supermercados. O fundamentalismo do livre mercado diz o que? Privatize até mesmo aqueles mecanismos que têm a ver com a satisfação das necessidades mais básicas das pessoas, como a tentativa da administração Bush de privatizar a Previdência Social. Esse é só um exemplo entre outros. Então o que acontece? Fica enfraquecido o bem comum, o interesse público. E o mercado, aquela construção jurídica que requer que se operem alguns valores fora dele, começa a correr solto, tornando-se mais e mais descontrolado, desregulado. E Adam Smith entendeu isso tão bem. Não é por acaso que ele escreveu The Wealth of Nations (A Riqueza das Nações), como também A Theory of Moral Sentiments (Uma Teoria dos Sentimentos Morais). Ambos os livros são muito importantes na compreensão das teorias iniciais do mercado, porque ele sabia que um contrato estava sendo apregoado com base em valores não-contratuais como a confiança e a lealdade. Quando observamos o descontrole do fundamentalismo do livre mercado, veremos a Enron, veremos a World.com, veremos as elites corporativas se comportando como gangsters. E eu uso a palabra gangster porque, naturalmente, tem havido muito debate sobre o gangster rap, mas . roubado e desviado. Eles são colocados na primeira página e permanecem por lá. As elites corporativas levam só um tapinha no pulso. Temos um decreto sobre responsabilidade corporativa e estamos muito preocupados. Nós iremos [risos] mas por favor! O fundamentalismo de livre mercado destruirá a própria condição para a possibilidde de democracia porque uma democracia se afirma com uma vida pública ativa. E ela se acaba com uma geração mais jovem que acredita, de fato, que o estilo de vida de mercado é o estilo de vida humano. Ser humano é ser estimulado, ser excitado, ao invés de nutrido, ao invés de profundamente capacitado, acreditando que comprar e vender e promover e anunciar são os modos fundamentais de existir no mundo. Aprender a como se produzir, ir para a escola colegial e faculdade, não para se engajar na paideia, no cultivo da personalidade e da alma, mas para adquirir uma habilidade de modo a ganhar acesso a algum trabalho detonador e viver em algum subúrbio de baunilha [risos]. Que modo mais pobre de ser e estar no mundo. [Aplausos] Eugene ONeill disse isso tão bem em The Iceman Cometh, pelo menos em sua entrevista anterior a The Iceman Cometh. Em 1946, ele disse: "Os americanos padecem dessa noção de que, de alguma forma, eles podem deter a posse de suas almas através da posse de mercadorias. Será que eles não reconhecem que acabarão com uma nação e um império que terá a capacidade de conquistar o mundo, mas que perderá a própria alma?" Oh, Eugene, precisamos de você, precisamos de você, irmão. Seus insights ainda estão amadurecendo durante esses 57 anos desde que The Iceman Cometh, com os sonhos de Hickey e seus parceiros em Harry Hopes Salon, fazendo pender as cenouras vazias do império que, do exterior parecem tão poderosas mas que de dentro são tão vazias e ocas, quando se trata de espírito e de alma. Não é por acaso que Martin Luther King Jr. titulou o tema do movimento pela liberdade, o slogan da Conferência Cristã para a Liderança do Sul, o que? Salvando a Alma da América. Ele não precisou ler The Iceman Cometh de Eugene ONeill para saber do que estava falando. Naturalmente, Malcolm X sugeriu Irmão Martin, a América não tem alma, irmão. [Risos] Você não entendeu. Tudo é sobre o poder. E Martin disse, eu não sou ingênuo, Malcolm, eu sei muito sobre o poder, mas uma democracia deve ter a ver com o bem comum e a vida pública, e eu sou um democrata, com d minúsculo. E se você jogar só o jogo do poder, então Trasímaco está certo, na República de Platão: might makes right (N.T.: o poder confere justiça, ou "A Justiça não é outra coisa senão a conveniência do mais forte") . E eu me recuso de simplesmente jogar o jogo do poder, mesmo se eu levo o poder a encarar uma visão moral. E, é claro, à medida em que Malcolm continuou a crescer, ele disse, como sabem, Martin, estou começando a entender o que você disse de um modo mais claro, agora. Você está absolutamente certo. Mesmo a sua linguagem de amor agora faz sentido para mim. Porque é, de fato, melhor lutar para salvar a alma do que para cegar os próprios olhos e viver uma vida sem alma num país imperial. [Aplausos] É um certo modo de se estar no mundo, um certo modo de testemunhar. Mesmo se você for incapaz de fazer o tipo de mudança que você gostaria de ver em sua geração, alguém ficará sabendo, daqui a dez anos, daqui a vinte anos, daqui a cinqüenta anos, que você deu testemunho. Você tentou dizer a verdade e expor as mentiras de modo que você pode passar o legado a eles. A tradição não é algo que você herda, diz T.S. Eliot, você tem que lutar por ela de modo a ganhar acesso à sua tradição. Não se pode manter viva uma tradição de luta pela liberdade e democracia sem pessoas dispostas a dar testemunho, mesmo num momento tão sombrio, quando elas sabem que nunca verão os resultados positivos enquanto estarão vivas. Isso é parte do nosso desafio hoje em dia. [Aplausos] É parte de nosso desafio, [fortes Aplausos] nesse momento histórico. Essa é uma das razões porque vivemos na era de Chekhov. Oh, Anton Chekhov, neto de um escravo, médico, trata dos pobres durante o dia e escreve pequenas histórias e peças à noite. E qual é a era dele? De profunda desilusão, profundo desapontamento, profundo desencanto, e apesar disso? Resistência pelo sofrimento, luta através da escuridão. Porque? Porque não se trata só vencer. Trata-se de testemunhar e dar testemunho. Isso ocorre até em nossas formas dominantes de religiosidade, nos EUA, especialmente no cristianismo. O cristianismo americano é uma forma de mercado do Cristianismo, em grande parte. A questão é identificar-se com um vencedor. É por isso que no domingo de Páscoa as igrejas estão cheias, mas na sexta-feira santa estão vazias. [Risos] Vou dar os ares da graça quando aparecerá o vencedor. [Risos] Mas não me venha com o papo do protagonista principal ter sido tratado como um prisioneiro político pelo Império Romano. Não venha com a história de uma morte sem sentido baseada na injustiça. E certamente não venha me falar do sábado, no qual, ecoando Nietzsche, Deus está morto, mesmo para os cristãos. Não se consegue chegar a tanta teo-tanatologia no pensamento cristão, hoje em dia. Mas Deus está morto no Sábado, e não havia esperanças de que ele pudesse voltar. É o que o próprio Pedro falou eu não conhecia o irmão três vezes. [Risos] Nunca o vi, não me lembro dele. [Risos] E isso foi Pedro, a fundação da igreja, certo? [Risos] Viver na era de Chekhov significa o que? Sim, podemos dar uma olhada a todas essas coisas. Podemos ver o Patriot Act I (Decreto Patriótico I), o Patriot Act II, o autoritarismo crescente, a violação dos direitos e liberdades dos irmãos e irmãs árabes e dos irmãos e irmãs muçulmanos, e se começam por lá um árabe-americano é tão americano quanto qualquer outro americano nesta nação. Eles começam por lá, mas a coisa cresce logo, se estende facilmente. Podemos olhar para o nosso militarismo agressivo: no Iraque hoje, na Síria, Irã, Coréia do Norte amanhã. Está tudo muito sombrio. E daí, o que diz Chekhov? Continuem sorrindo, continuem lutando, continuem pensando, continuem amando, continuem servindo, continuem se sacrificando. Não se trata de vencermos num dia, não se trata de um conserto rápido, não se trata de achar a solução apertando-se um botão. Trata-se do de ser humano que se deseja ser, por qual tipo de legado se quer viver. Faz a gente lembrar do blues: "been down so long that down dont worry me no more, thats why I keep keeping on anyway" ("estou por baixo há tanto tempo que já não me preocupo mais, por isso continuo continuando, de todo jeito"). Não é lógico. Não é nem um pouco lógico. Mas se você depender somente da lógica, você fica na pior. Essa é uma outra razão do porque acho que um povo blues tem tanto a ensinar a uma nação blues. Que esses feitos e sofrimentos e visões das pessoas negras, ao modo de Chekhov, têm tanto a ensinar aos Estados Unidos, agora que a nação como um todo está num estado tão blues. Não só em nossa economia, os trabalhadores têm estado assim por muito tempo. Não só em nossas casas; irmãs de todas as cores tendo que lidar com a violência doméstica. Não só em nossa vida social, irmãos gays e irmãs lésbicas desvalorizados, tendo que enfrentar a hipocrisia dos caretas, a insegurança dos caretas. Não, agora trata-se de uma comunidade nacional. E agora podemos todos ir para a França [risos], e obter uma mesma resposta, certo? [Risos] Independentemente da cor de sua pele. Meu Deus, sou mais americano do que pensava. Não me sentia tão americano em Chicago, mas [Risos] Sou muito americano em Paris. [Risos] Hummm, o que está acontecendo aqui? Sim. Parte de uma comunidade que é vista pelo mundo como arrogante, desrespeitosa do direito internacional, indisposta a cooperar com as outras nações, impondo sua vontade sobre o mundo. E não creio que isso vai mudar. Não acredito que isso vai mudar. E , naturalmente, nem começamos a falar da África e da epidemia da AIDS, e do papel que a África e a América Latina podem desempenhar numa possível configuração de um mundo melhor, à luz de suas lutas nesse momento, em particular. A América Latina tem uma longa história de tratamento imperial americano. Longa história. Eles têm muito o que nos ensinar. Mas o povo blues, no meio do império americano, em grande parte mas não exclusivamente as pessoas de cor, tem muito o que ensinar. Se estiverem dispostos a dar um passo à frente o perigo, aqui, é claro, qual é? Há muita covardia na comunidade negra. Medo de falar. Querer obter as mercadorias e agarrar parte do saque do império. E vemos isso cada vez mais. Políticos negros não mencionarão uma palavra sobre o presente complexo industrial. Temos toda uma campanha presidencial, uma eleição. Não se fala sobre a conexão entre o sistema de justiça penal e o presente complexo industrial, porque todos concordaram que vão ser duros contra o crime. E duros contra o crime significa [Aplausos] guerra drogas contra os jovens pobres. Desproporcionalmente negros. Isso vai para os representantes negros no Partido Democrático. Eu estive com o irmão Jesse dois dias atrás, Rainbow Coalition (Coalisão Arco-íris). Eu disse, irmão Jesse, que bom ver que você está se manifestando, irmão. Ele está ficando chateado. Ele esteve em Benton Harbor, Michigan. Todos vocês sabem o que aconteceu lá. Outro exemplo, ponta do iceberg, parte dos 112 jovens negros que são mortos a cada ano como se fossem cachorros, pela polícia, que atira quando eles estão de costas. Nós lembramos, meu Deus, de Rodney King. Ainda bem que não ouvimos outra como aquela?.. Mas se acontece o tempo todo. Cincinnati, Benton Harbor, Los Angeles, NovaYork. Vez após outra. Um monte de líderes negros não querem falar disso. As pessoas me perguntam. Oh, irmão West, porque você frequenta o Al Sharpton? O Al Sharpton precisa de um corte de cabelo. [Risos] Bem, eu estou interessado é com o que ele tem na cabeça. O que ele está pensando? Seu coração. Sua alma. Teve uma história problemática? Absolutamente. Absolutamente. Ele mudou? Ele está falando verdades que fazem sentido, com relação a outros candidatos nas primárias Democráticas? Estou só levantando questões. Não estou fazendo proselitismo. Só levantando questões. Mas quem é que vai falar do complexo de justiça penal? Dois milhões de cidadãos americanos na cadeia, 50 por cento negros, 26 por cento dos jovens negros do sexo masculino entre 16 e 25 anos em Baltimore, Chicago, parte do complexo de justiça penal. Mas do que é que a comunidade negra precisa? Quantos de seus filhos precisam estar presos antes que vocês dêem sinais de indignação? [Aplausos] A menos que vocês achem que, de alguma forma, se trate de uma inclinação genética. .. Ainda há muitos americanos que pensam assim. E vai ter sempre gente assim. A supremacia branca morre muito lentamente, mesmo no frente pseudo-científico. O que acontece quando haverá uma escalada? O grupo que está crescendo mais rapidamente quanto ao encarceramento agora são os irmãos brancos pobres. Estou tão preocupado com eles quanto com os negros pobres. Trata-se de seres humanos como todos os demais. Onde está o foco? Será que teremos que esperar até que o sistema de justiça penal comece a se expandir até Princeton e a Universidade de Chicago, Stanford e as outras? Pensamos que há uma crise com relação aos jovens, nesse ponto [Risos]. Penso que precisamos fazer algo sério a respeito. Michael Moore mostrou isso tão bem no seu filme "Columbine". Crianças negras, crianças mestiças matando umas às outras por décadas. Basta haver um tiroteio na América branca, pára o mundo. É preciso ter muito cuidado aqui, essas situações são muito complexas. .. É preciso fazer-se muitas nuances quanto a isso. Essas crianças são boas Como nós São 100 por cento americanas Oh, eu vejo abordagens muito diferentes, sim. Oh humm humm que situação. E o que fazer? Concluir com uma nota blues. Nenhum otimismo. A evidência não tem um bom aspecto. Ser um batalhador pela liberdade no século XXI significa fazer uma distinção radical entre esperança e otimismo. É preciso ser prisioneiro da esperança, sim. Empenho incondicional para reunir a coragem de pensar criticamente, falar com franqueza. Emprenho incondicional com relação à coragem de tentar valorizar a humanidade de cada uma e de todas as pessoas; a coragem de amar, servir e se sacrificar. E um empenho incondicional para com a luta pela democracia, em sua forma substantiva. Uma vida pública rica, o bem comum amplamente difundido, com o setor privado e seus direitos e liberdades protegidos, sim, mas em um equilíbrio tal que não sufoque as formas públicas de expressão, de comunidade, daquilo que nos mantém unidos, aquilo que nos conecta, que a nossa cola não se torne tão fraca que acabemos ficando tão polarizados a ponto de nos agarrarmos os uns aos outros pela garganta, em parte porque não somos organizados e não estamos mobilizados contra aqueles poderes constituídos que estão no topo. Como é raro, na história americana, quando números suficientemente significativos de cidadãos se organizam e olham para cima, confrontando os poderes constituídos ao invés de procurar um bode expiatório entre os mais vulneráveis. Essa é a coisa mais fácil. E, concluindo, estamos falando de liderança que tenha uma nota blue e uma sensibilidade blue. Mas também de uma liderança que pelo exemplo, por estar disposta a falar, agir, escrever, fundir, partilhar, rir, amar, com os outros, possa inspirar a nós e aos demais, de uma forma contagiante. Nunca houve nenhuma garantia de vitória na história. Nunca. Nunca houve, nunca haverá. Mas se pudermos nos convencer mutuamente, nos tornarmos menos conformistas e menos complacentes, mais socráticos, mais proféticos, mais radicalmente democráticos, teremos uma chance. E eu espero e rezo que cada um de vocês, ao se debaterem com essas questões, tentem levar a sério os desafios socráticos e proféticos e democráticos que eu apresentei essa noite. Meu muito obrigado a todos. Com a irmã Amy, o espaço para diálogo é muito bom. [Aplausos] Alrighty, there we are. Dynamite, dynamite, all right. (Muito bem, olha aí. Dinamite, dinamite, tudo bem.)
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READINGS AND CONVERSATIONS
June 25, 2003
CORNEL WEST
PATRICK LANNAN: Thank you very much. Youve all disappeared but I know youre still out there; I can hear you. Welcome to the final event of our 2002/2003 Readings and Conversations series, and this final event is always a cultural freedom event, so youve seen the program and you know whats going to happen, but itll be the same format. I just want to mention a couple things before I introduce Amy. We have an event thats not part of this series, but we have an event were sponsoring and doing with the Santa Fe Art Institute on Saturday, July 19th, at 5:00 p.m. Its an event called Writers Reading the Border, and the authors will be Dénise Chávez, Rubén Martínez, Benjamin Saénz, Luis Urrea, and Ofelia Zepeda. So I encourage you to come. Its at 5:00 oclock. Itll be in the Institute courtyard and I think itll be a really nice event. And these brochures are available outside when you leave, so this is just a reminder. I also thought Id take this occasion to introduce our ... tell you a little about our 2003-2004 Readings and Conversations series, and I would add I may leave a few names off of interviewers, but all the detail will be on our website effective tomorrow and, of course, the posters will go up later in August. Its a good season, I think. Were going to start off on October 1st with Seamus Heaney being interviewed -- and hell be interviewed by Dennis ODriscoll. [Applause] So starting with a Nobel Prize winner, we thought that was a good start. On October 15th, in support of the Santa Fe Library, the Santa Fe Book Festival, Lawrence Ferlinghetti and Quincy Troupe will be here. [Applause] On November 5th, Rita Dove, and you all know Michael Silverblatt; hell be interviewing her that day. [Applause] On November 19th, Tariq Ali will be here from London. [Applause] On December 3rd, another Nobel Prize winner -- I cant believe it -- Nadine Gordimer [applause] will be here with Steven Wasserman. On January 21st in 2004, were going to have Eavan Boland, shes going to come over from Stanford. Shell be interviewed by Nicholas Jenkins. On February 11th, Alistair MacLeod, the incredible Canadian short story writer will be down here on February 11th. On March 3rd Susan Sontags coming with Michael Silverblatt [applause]. An Irish novelist and short story writer, John McGahern will be here on April 7th. Timothy Farris will be here with the director of the Griffith Observatory, Ed Krupp, on April 28th, and on May 12th Joyce Carol Oates will be here [applause] also with Michael Silverblatt. And our final event, on May 28th next year, will be a cultural freedom event in support of the International Parliament of Writers, and I know itll include Russell Banks, Wole Soyinka, and Bei Dao, and others, and Im not sure who the others will be, but it will be a big event. [Applause] So, again, we thank you for your support, and also were here tonight with KUNMs audience. Theyre broadcasting tonight. So Ill just, without delaying anything, please join me in welcoming Amy Goodman. I know you know her. [Applause] AMY GOODMAN: I am just introducing the great orator tonight. I want to first say hello to the listeners of KUNM, who are listening throughout New Mexico right now [applause] and to the lucky hundreds who got into the theater. I understand that when the tickets for Dr. Cornel West went on sale, they went ... they were sold within hours, and it is no wonder when you read his books, when youve heard what he has to say before. And it is a special privilege to be introducing him tonight. And today on this hundredth anniversary of the birth of George Orwell [applause]. No, Dr. Cornel West is not about newspeak and rewriting history, unless its history that is written by generals or the white power structure in this country; thats setting the record straight. Of course, George Orwell was writing in 1984 about the changing of history to serve those in power, and its so important that we seriously look at that prophecy today. Its so refreshing, important, essential to hear Cornel West today, not afraid to throw around terms like white supremacy, because they are real and they have to be dealt with. And hes not just about identifying problems, but about talking about solutions. Hes about hope. Its a very important week to be hearing Dr. West, the week of the most important decision on affirmative action coming down from the Supreme Court [applause] in a quarter of a century. This year also mark the hundredth anniversary of W.E.B. Du Boiss book, The Souls of Black Folk, and in Dr. Cornel Wests book, Race Matters, he talks about that first, the issue that W.E.B. Du Bois raises, the problem of the 20th century is the problem of the color line, and Im sure hell be addressing that tonight. Dr. West has been described as one of Americas most vital and eloquent public intellectuals. He was born in Tulsa, Oklahoma. Years before, that was considered the black Wall Street, before the U.S. government cracked down and might well have bombed that area, though the history has never been told correctly. And as I talk about Dr. West as perhaps the greatest public intellectual alive today, I think its important to take on the media and why we dont see him more, as one of the regular pundits on television. I put that question to Al Hunt once, of CNNs Capitol Gang, and I said, as we showed on the TV show -- thats Democracy Now -- Dr. Wests picture. Why dont we see Dr. West on a regular basis on programs like yours, instead of these pundits who know so little about so much? [Laughter] And he said, especially as we took on the issue of war and why we dont hear more people speaking out against war, like Dr. West -- Al Hunt said, Well, of course you hear them. We have Patrick Buchanan on. [Laughter] Anyway, tonight I am fortunately not introducing you to Patrick Buchanan [laughter] but Dr. West, who was recently appointed Class of 1943 University Professor of Religion at Princeton University. In groundbreaking books such as Race Matters; Restoring Hope; The American Evasion of Philosophy; Jews and Blacks, Let the Healing Begin; The War Against Parents; The Future of American Progressivism; and his latest, The Cornel West Reader, he teaches how the growing divisions in our society foster the despair and distrust that undermine our democratic process. Having recently released a new -- thats right -- CD, Sketches of My Culture, Dr. West continues to explore new avenues for teaching and communicating. I hope we will hear later about why it was, when he was a professor at Harvard University, that the president, former employee of the World Bank, Lawrence Summers, took him to task for putting out this CD, which can reach so many people and generations. Well, by working to create an ongoing dialog between the myriad voices in our culture, Dr. West pursues his vigilant and virtuous efforts to restore hope in America. Dr. Cornel West. [Applause]
DR. CORNEL WEST: Oh, what a blessing to be in Santa Fe, New Mexico. What an honor to be here in Santa Fe, New Mexico. I cant see you but how privileged I am. [Continued applause] The great city of Santa Fe, New Mexico. What a blessing. What a blessing indeed! Id first like to thank my very dear sister, my comrade, my friend. Shes been a freedom fighter for decades now, and theres simply no one like her or no voice like her. The radio and now, see, shes ... shes now extended her work into the realm of television. Lets give sister Amy Goodman another hand. [Applause] Id like to thank the Lannan Foundation for being so kind to allow me to come all the way from New Jersey [laughter] to Santa Fe, New Mexico. I thank J. Patrick Lannan, Sr., for his vision 43 years ago [applause] -- 43 years ago. Its the vision that brings together culture, artistic creativity, with political engagement. Its what the Greeks call paidea at its best, the formation of attention and the cultivation of a self and soul that makes available to those artists, composers, painters, writers in our world who are trying to lift their voices in the wilderness. And Id like to thank J. Patrick Lannan, Jr., for executing that vision in such an exemplary way. [Applause] I know it takes struggle to do that. Most of these foundations these days have a lot of money but not a lot of vision. [Laughter] Lannan Foundation has vision. I hope they have as much money as the others but [laughter], I havent asked as of yet, but theyve got enough to bring me here. Id like to thank my new friend and dear sister, Jaune Evans, who not only picked me up at the airport; shes executive director of projects and she is simply a gem. Lets give her a hand at last. [Applause] I dont know where she is. Last but not least is sister Christie Davis, who I just met, but is part and parcel of the team along with sister Barbara Ventrello. They constitute the Foundation as a whole. Lets give them a hand. [Applause] Lets give them a hand. And Id like to thank each and every one of you for coming out tonight. I hope I say something that unsettles you [laughter] that unnerves you, maybe even for an instance un-houses you. I must say I get very excited when I come to Santa Fe, New Mexico, because this city has a very special place in my heart, that my lovely and precious daughter, [?] was born here at St. Vincent Hospital [applause] on St. Michaels Street. So I shall go to my grave with very, very pleasant memories of [laughter] Santa Fe, New Mexico. So even as I come to unsettle you, I do it in a spirit of generosity [laughter]. Simply. Very much so. But this is, in fact, serious business that were focusing on today. Thats why I want to begin on a Socratic note. I dont think its possible to talk about cultural freedom without talking about the example of Socrates. Yes, that flat-nosed, big-lipped, huge neck, potbelly, barefoot Athenian, who went around doing what? Infecting people with the perplexity that he had been infected with. Thats the line in Thyestes in Platos Dialogues. And for me its impossible to talk about cultural freedom; its impossible to talk about political vision; its impossible to talk about existential engagement, without acknowledging the legacy of Athens and turn to line 38a and play those Apologia, "The unexamined life if not worth living." And, of course, Malcolm X adds, "The examined life is painful." To engage in Socratic activity, the activity of self-examination, self-interrogation, self-questioning, requires courage, courage to do what? To think for ones self. William Butler Yeats is right when he said, "It takes more courage to dig deep into the dark corners of ones own soul and wrestle with what one finds than it does for a soldier to fight on the battlefield." Part of the problem in our nation, in our world, is we dont have enough fellow citizens and human beings who are willing to exercise the courage to think critically, for themselves. Americas always been, as the great Richard Hofstetter put it in his classic of 1963, Anti-intellectualism in America, "Americas always been an anti-intellectual culture." Americans love intelligence but fear intellect. Theres a big difference. Hofstetters right, intelligence is a manipulative faculty. It comes in and evaluates the situation, draws a conclusion, accents the results. Intellect is a critical faculty. It evaluates the evaluations. Its a meta-activity. It says lets examine the basic assumptions and pass at presuppositions the unarticulated prejudgments of a framework, of a paradigm, rather than just thinking within the framework and the paradigm. Americans have always been frightened by intellect. Ask Mr. Melville: Moby Dick selling 500 copies in the first 75 years. [Laughter] Thinking its just a story about a whale, you know. [laughter] Ask Mark Twain; people think hes just making jokes, rather than writing some of the great epic characterizations of the challenges of a civilization with Nigger Jim and Tom on a raft, and Huck on a raft. Ask Eugene ONeill, who has to preserve his best work to be performed after he dies. They give him a Nobel Prize for good work but not the great work. "Ice Man Cometh", "A Long Days Journey Into Night" we were just talking about seeing Vanessa Redgrave on the Broadway stage just a few days ago. Anti-intellectual culture. Why, in part? Its a business civilization; its a market-driven civilization, what Henry James called a hotel civilization [laughter]. Obsessed with comfort, convenience, contentment. Not wanting to engage in Socratic activity that unsettles and unnerves and un-houses people. Lets be even more specific, the Greek in that line 38a says, "The unexamined life is not a life for the human being." . human derives from the Latin humando, which means burying. When America is a death-dodging, death-ducking, death-denying civilization. This is what you would expect out of a hotel civilization. [Laughter]. Like Disneyland and Disneyworld have bragged that no ones ever died on their premises. [Laughter] Oh, so American. Sentimental, melodramatic, superficial, and yet we know in the end were federalist, two-legged, linguistically conscious creatures born between urine and feces on our way to unavoidable extinction. Thats us. [Laughter] Raise gender, sexual orientation, region, nation; get below that into where these acculturated organisms -- to use the wonderful language of John Dewey - transacting with environment, conscious of the fact that there will come a time in which we will no longer be, and maybe were most human when we bury our dead, forced to bring together the three dimensions of time: past, present, and future. To be death denying is to deny history, reality, mortality. And thank God, the Lannan Foundation acknowledges that in talking about cultural freedom we have to talk seriously about the various forms of death in our midst, past, present, and future. To do what? To become more alive, to think more critically, maybe to be more compassionate, maybe even muster the courage to want to sacrifice for something bigger than us. You see, I come from a tradition of struggle, of a particular peoples who have been on intimate terms with forms of death. American slavery 244 years - was a threat of social death. So when a death-denying civilization, and yet forms of death. No legal status, no social standing, no public value; only a commodity to be bought and sold. And if you dont come to terms with death in that context, theres no way you can live psychically and culturally because its clear that your labor will be exploited and theres no rights that your fellow human beings of European descent have that you have access to. Intimate terms with death indigenous brothers and sisters. American imperial expansion fascinates me. Were talking about the invasion of Iraq. Its the first time America invaded a country. Whoa! [Laughter] My God, really. Grenada, Panama, we can go right down the line. [Applause] But no, 1783, George Washington himself says that we do not want to involve ourselves with the affairs of Europe, but we do expect expansion of population and territory. You say, Mr. Washington, theres some people on that land you have in mind - [laughter] - human beings whose lives are just as valuable as yours, on intimate terms with death, with imperial expansion. The same would be true with Latino brothers and sisters, with moving borders: Mexico one day, U.S. the next. Its not mediated with argument. Its imperial expansion. Forms of death. Struggle for black freedom. Civic death. Jim Crow. Jane Crow. Lynching. Id call it American terrorism. Who wants to interrogate the dogmas of, in Socratic fashion, white supremacy, male supremacy, economic growth by means of corporate priority, the deep dogma shot through American life. Who wants to interrogate? Many have, no doubt. Norman Thomas, the ex-Presbyterian minister. Upton Sinclair..[ ], Emma Gold. A number have, pushed to the margins. Why? Because Americans love to be experimental within certain dogmatic frameworks. Lets be as highly innovative and experimental as we can be without in any way Socratizing the framework, examining the basic assumptions of the paradigm within which, ones highly innovative. Its no doubt, Americans have some of the most creative minds in the world, but very few are willing to examine the basic assumptions that constitute the paradigm in which they are imaginative. And when they do, the fame devalued, and sometimes when the movement escalates, repressed, shot down, murdered. And, of course, its true, Socrates ends with the hemlock, too. Hes cutting against the grain, but in part because of what he calls parrhesia. Thats line 24, Platos Republic. Socrates says, "Parrhesia is the cause of my unpopularity." Parhesia is a Greek word that means plain speech, frank speech, telling it like it is in a sophisticated way but from the soul. And being willing to live what one says, attempting to enact ones convictions, fusing ones analysis with ones life. Thats what I love about Socrates. Raising that fundamental question, who am I really? You always begin with yourself. Always begin with self-criticism. What are the ways in which I am conforming? What are ways in which I am complicitous to the powers that be? What are the ways in which I am too complacent? Then moving out, who are we really in our neighborhoods, our community? What kind of people are the American people, really, when you get beyond the myths and chivalries and clichés? This notion that somehow America has some special connection with the deity. [Laughter] It goes all the way back to the founding of the country, city on the hill, moral exemplar to the world, Gods chosen people. My God. Privilege? Yes. Hardworking? Yes. Sacrificial for material gain, national security? Yes. More special than Lithuanians? No. More special than Guatemalans? No. More special than Israelis? No. More special than Palestinians? No. More special than Iraqis? In the eyes of God? No. Oh, boy, that cuts against the grain of the country, doesnt it? Youd never win office speaking those kinds of truths. Thats parrhesia. [Applause] Plain speech, frank speech. And who does that today? The artists, for the most part. The artists, from blues singers to Tennessee Williams, blues playwright. Blues novelist, William Faulkner. Blues playwright again, Tony Kushner. Blues novelist, Toni Morrison. Blues white brother novelist, Thomas Pynchon, Russell Banks. Parrhesia. Thank God theres a foundation around that still believes in parrhesia, which is a precondition for any substantive talk about cultural freedom. And how do we support those who are willing to exercise their frank speech, their plain speech in a self-critical -- not a self-righteous -- a self-critical mode? So very important. Connected to what? Humando, forms of death. One of the fascinating things about Socrates, of course, is that unlike many of the recipients of the Foundation, he never wrote a word. Reminds you of Jesus and a few other figures whove had some impact in human history. Never wrote one word. If it were not for the fascinating Dialogues of Plato, deeply conservative in its political vision but probably the most profound attempts to put on paper the play of critical intelligence. Wise but wrong; its a fascinating juxtaposition, isnt it? Profound but wrong, unconvincing. Platonic dialogues. Rendering his master and mentor as agent. Or Xenophone, much less profound than Platos Dialogues, but fascinating. Nietzsches favorite, for example. Or the satirical depiction of Socrates in Aristophanes, The Clouds. Those three sources, the only sources we have to give us access to Socrates as an agent. But whats fascinating about those three sources is that they never, ever depict Socrates shedding a tear. He never cries. And thats always fascinated me. It fascinated Thomas More, right before he was dying in the Tower of London, his famous dialogue. He says, you know, why is it that my hero never cried, because Im shedding a lot of tears in this tower? Somethings missing. He actually only laughs twice, and its a smile and a grin, but we wont go into that right now [laughter]. Never cried. And I think part of the problem is, and this has so much to do with cultural freedom that when you talk about the courage to think critically, one can allow the intellect, as crucial and precious as it is, to become a refuge that hides and conceals ones own emotional underdevelopment. [Applause] For someone whos never really cried, Im not sure theyve ever really lived. Because theyve never really loved. Sappho was right. Love is "sweet bitter" - that we translate as "bittersweet" but the Greek says "sweet bitter". Its ecstasy and terror simultaneously. Frankie Beverly says its joy and pain, at the same time. And what we need at this particular moment is an attempt to bring together those who are willing to think critically, to muster the courage to think critically, look at the basic assumptions of a public discourse, the way our history is told, the way weve come to conceive ourselves. But it has to be connected to tears, and this is where for me the legacy of Jerusalem is so very important. This is where the Hebrew Bible becomes for me indispensable and fundamental, whether one is religious or secular. Its hard to conceive of what it means to be human, without the notion of each person being unique, distinctive, irreducible, irreproducible, everyone unusual in part because they are them. Everyone is who they are and not somebody else. They have a unique dignity in lieu of their individuality. That one gets the genesis of the Hebrew bible, written by a people who themselves were dispersed and scattered and had to re-conceive of themselves and tell stories about themselves that bestowed a value on them in the face of them being devalued. And then the Christian extension. The Palestinian Jew. So that the eyes flowing with tears, when Amos says "let justice roll down like waters of righteousness, like a mighty stream." And the Christian New Testament saying Jesus wept. Socrates never did. He argued. Jesus wept. The question is how do you bring together the rich spirituality of Socratic questioning with the rich tradition of loving, giving, sacrificing, serving others? Now, again, I could just turn on John Coltranes "A Love Supreme" and sit down. [Laughter] I could. Because thats precisely what you get. I could simply read a slice of Toni Morrisons Beloved. I could read Baby Suggs sermon "In the Clearing," speaking really hip, from her heart. Shes doing what? Shes questioning a dogma of white supremacy thats so deeply inscribed in American life that shes also trying to get people to do what? To love themselves, their flesh, their noses, their hair texture, their hips, because a certain culture has told them that they are less than less intelligent, less beautiful, less moral. And they have come to believe it. Turn on Marvin Gayes "Whats Going On"? The love ethic shot through but doing what? Questioning America about its imperial presence in Vietnam. Questioning America about its political brutality. Questioning America why it is that theyre so fearful of the Black Panther party as some kind of version of violent insurrection against the U.S. government but seeming to not want to talk about the major violent insurrection - although the U.S. government calls it confederacy - in 1861 and the legacy thats gone up to this very day. And God bless the Maddox family -- Lester Maddox died today. Hes part of the white supremacist legacy, God bless him. No doubt about it. We also lost Maynard Jackson the day before, same city. Hes struggling against it. Who wants to exercise parrhesia and talk frankly about it, without losing sight of their humanity? For me, one of the great moments of American culture actually occurred in August of 1955. Very few people want to talk about it. In 1955, of course, Emmett Till was murdered by fellow citizens, a victim of U.S. terrorism, the body thrown in the Yazoo River, the Tallahatchie Bridge, under the Tallahatchie Bridge. But his body was brought back to Chicago, and the first major civil rights demonstration took place, 125,000 fellow citizens walked by to take a look at Emmett Till. His mother left the coffin open so they could see. It was at Pilgrim Baptist Church, led by the Reverend Julius Caesar Austin. And he introduced Mamie Till Mably, and she walked to the lectern. She looked over at her baby, whos head was five times the size of his normal head, and she looked in the eyes of America as well as the folk at south side Chicago. She said what? I dont have a minute to hate. Im going to pursue justice for the rest of my life. Thats a level of spiritual maturity [applause] and moral maturity that does not give up on the Socratic attempt to interrogate the mendacity and the hypocrisy of American life, but is rooted in something deep. Its rooted in an attempt to keep track of the humanity of the very people who have dehumanized you. Use that as a standard of responding to terrorism, in light of the last two and a half years. [Applause] My God. How fascinating. Heres Moms Mabley speaking on her behalf and speaking for the best of tradition. Martin Kings in the background. Fanny Lou Hamers voice is there. A. Philip Randolphs voice is there. And many nameless and anonymous black leaders who knew they had to deal with a situation in which they were unsafe, unprotected, subject to random violence, and hated for who they were. Thats what it meant it mean to be a nigger. Unsafe, unprotected, subject to unjustified violence, and hated. Now, after September 11th, all America feels unsafe, unprotected, subject to random violence. [Applause] And hated. You say, hmm, now that the whole nations been niggerized, lets see what the response is going to be. [Applause] Interesting. I come from a tradition that says in the face of terrorism, its justice not sweet revenge, not short-term retaliation. Its justice. Hunt them down if they committed a crime, yes. Demonize, no. And even within the black tradition there are black folk who demonize, they are criticized based on that tradition in light of their not aspiring to the standards of Emmett Tills mother. And if thats the case -- thats certainly the case with George Bush and other leaders. Crucial, indispensable, bringing together the best of the legacy of Athens and the best of the legacy of Jerusalem, but in the New World context in which legacies of slavery, Jim/Jane Crow, police brutality, lynching, discrimination, red-lining in bank loans. On and on and on. Always connecting ones vision about ones own freedom to the plight and predicament of others, sisters of all colors, gay brothers, lesbian sisters, physically challenged brothers, indigenous brothers and sisters. So that they all constitute overlapping and intertwining traditions of struggle, but knowing that the courage to think critically and the courage to love, but I think we need to talk publicly about the courage to love. Thats what I love about the best of the black freedom movement. Its very rare that you find progressives. These are my dear white brothers and sisters, speaking publicly about love. So why is that? Well, its a long story. We wont go into it. [Laughter] Just dont. Abraham Joshua Heschel did. Dorothy Day did. Early Michael Harrington did; the later Michael Harrington, whom I worked with very closely, he had shifted from a certain Catholicism to a certain socialism, but was consistent across the board; and he was my comrade in both instances. He just changed his mind on some things. But James Baldwin talked about love explicitly as the most difficult, dangerous, but also the most significant force in the world. Why? Because if you come from a people who have been so hated, love can become subversive and transformative, beginning by loving yourself. Marcus Garvey talked about love explicitly. Yes, Elijah Mohammed didnt talk about loving white brothers and sisters, but that wasnt his only point [laughter]. There are other people in the world other than white brothers and sisters. That he was immature to have to base the love of black people on devaluing white people, but he talked about black people loving themselves. Mr. Louis Farrikhan the same way. Much progress and evolution necessary in terms of his building on Elijah at that early stage. Yes, but hes talking about loving themselves. Why is that important? Because its a form of agency. It gives people a sense of confidence. And part of the problem in America is what? People dont feel like they have any agency. They dont feel that theyre confident in making a difference at all. And especially in the states, where it might not ... what was it in the election ... the last election? Eighty percent of white America thought the election was fair and eighty percent of black America thought it was unfair? And somebodys right and wrong about this thing. Im not a relativist at all. Theres a fact about the matter. Thirty-two percent of black people for the war. Nearly 75 percent of white America for the war. Theres a difference here. Agency makes the difference for people who are cutting against the grain in their perceptions. Love becomes a form of agency. And not only that, but it helps break down the barriers, the walls of demarcation, and so even when the black rage and the black fury, the righteous indignation of having to look white supremacy in the face in all of its dimensions and still persist, the language of love still allows white brothers and sisters to recognize that its not all of them or its not genetic. White brothers and sisters can make choices. John Brown is part of the movement. Tom Haydens part of the movement because its all about choices, decisions, commitments, no one is locked into a pigeonhole. Or some category. So that love becomes crucial. And not only that but, of course, I believe that its impossible to talk seriously about fundamentally transforming America or any other country, but especially America. Its impossible to do that without talking about forms of spirituality and especially music. But spirituality is all about how do you deal with your constraints and limitations? When you run up against that anongay, those constraints and limitations, youre going to need something to fall back on like a community that is sustained by levels of spirituality which have to do with contesting, which have to do with sharing, which have to do with sustaining persons so that they dont become short-term freedom fighters. Miles Horton, that great freedom fighter of the twentieth century, the white brother who founded Highlander Center where Rosa Parks and Stokely Carmichael and a host of other freedom fighters would come out to Tennessee, move down to the south. He wrote a wonderful autobiography called The Long Haul. We need freedom fighters like Amy Goodman who are in it for the long haul, and thats hard to do. I know there are a lot of brothers and sisters from New York and Boston who made it out to Santa Fe trying to get a little distance from urban context. [Laughter] I can understand that. But you bring that tradition with you, because even in Santa Fe the same struggles go on. Context a little different, bluer sky, okay. [Laughter] With more beautiful mountains, yes, okay, I grant you that. No doubt. But you are the same moral, spiritual, politically committed human being here that you were in New York, in D.C., Philadelphia, Chicago, wherever else you come (from) and meet those who have been here for a long time. Brown brothers and sisters. Go back generation after generation after generation. Of course, our indigenous brothers and sisters, century after century after century. How do we bring them together? That Socratic legacy on the one hand, and the Judaic-Christian, I would even Islamic in terms of Ashanti Ati and other prophetic thinkers building on the best of their tradition. On the other, in light of our present moment, we come now to our present moment and what do we see? A bleak moment [laughter]. Lets be honest. [Laughter] One of the bleakest moments in the history of the civilization. America is now [applause] ... its not only in empire, but in scope, in depth, in power it exceeds the British and the Roman empires. Nothing like it in the history of humankind. No countervailing force at all. The repressive and regimenting Soviet empire went under twelve years ago. It was a countervailing force. It supported Mandela when he was a terrorist for 27 years. We like to remind Americans of that. But theres no countervailing force at all. And like both empires, its arrogant; its hubris, feels as if it can shape the world in its own image. Dictate its terms in terms of what it wants to do. And as my dear brother, Noam Chomsky reminds us, not only puts forward a new doctrine of preemptive strike, - thats a doctrine that says that if it looks as if someones about to attack you, you attack them before theyre able to. Thats not what the new doctrine is. This doctrine says if a nation has a set of elites who are contemplating possibly challenging the U.S. power, they are subject to attack. Thats preventive war. Thats a new norm in international relations. Its the law of the jungle, and it sends signs and signals. Troops in a hundred nations, bases in seventy nations, a major carrier in every ocean. Internally, 1 percent of the population owning 48 percent of the net wealth ... financial wealth. Five percent own 70 percent of the wealth, and thats before the tax cut. [Laughter] And the result is what? As you can imagine the most vulnerable, beginning with who? The children. Because already 22 percent of all of Americas children live in poverty, in the richest nation in the history of the world. Its a disgrace! Its a disgrace! [applause]. The children. Its 7 percent in Canada, its 6 percent in Japan, its 22 percent in America. Forty-two percent of red children, 39 percent of brown children, 37 percent of black children. They are 100 percent of the future. Poverty educates. It shapes the way they look at the world, gives them a sense of who they are, the untrustworthiness of existence. And here the greatest empire in the history of the world has this Plutocratic oligarchic, to some degree still pigmentalcratic hierarchy in its economy. And then the most vulnerable, the children. And who are connected to those children? Poor women. Workers of [?], handicapped. Disproportionately black, brown, and red? Yes, but numerically mainly, white brothers and sisters. Where is the discourse? Wheres the outrage? Wheres the indignation? Or is it that the sleepwalking taking place has become so normative that we feel as if we cant make a difference? [Applause] What is going on? Thank God, again, for our artists. When they get beyond the family dysfunctionality in vanilla suburbs, they have broader canvases; many do. [Laughter] So Lord, theres some dynamics going on in the global scale, and we know what? No empire lasts forever. All empires come and go. They ebb and flow [applause]. Chickens do come home to roost. Youre going to reap what you sow. Sooner or later reality is going to come back on you. You can only live in a state of denial for so long. You can only hide and conceal your structures and institutions in place that dont at the present highlight the dilapidated school systems inchocolate cities, unavailable healthcare for 44 million fellow citizens [applause], difficulty of gaining access to childcare, especially given the welfare reform signed by a spineless Democrat named Bill Clinton. [Applause] Playing political football with the lives of poor people to win the next election, trying to triangulate with the Republican Party. He ought to be ashamed of himself. Now, hes a friend of mine -- Ive told him this -- so Im not speaking behind his back. [Laughter] I told him this at the White House, why I didnt vote for him, the second time. But I supported him when they tried to impeach the brother; I thought that was wrong. [Laughter] But just plain speech, frank speech. Thats all. Just trying to tell the truth. With love. [Laughter] In the spirit of self-criticism. But our moment is one in which what? Our media, about as un-Socratic as one can imagine, for the most part, mainstream media. Oligopoly at the top. Journalists afraid to raise questions to the powers that be. Thank God for Pacifica and the other voices. [Applause] Very important. We must support them. Its an indispensable service. Even in our universities, professors running scared. Afraid to speak out. A host of different issues. On the Middle East, cant even criticize the governments policies without being cast anti-Semitic. You say, wait, wait, wait a minute, now here. Youve got the Israeli Left engaging in such powerful critique of their government? If they can do it in Tel Aviv, how come you cant do it in Chicago, New York, and Santa Fe? Anti-Semitism is a vicious form of bigotry; theres no doubt about that. It can also be used to silence critics. You see a variety of different languages deployed, trying to hide and conceal certain truths that ought to be highlighted. Black folk do it, white folk do it, women do it, Jews do it, Italians do it, Russians do it. Across the board. Do we have what it takes to exercise our parrhesia? To exercise fronesis, the practical wisdom rooted in compassion? And I dont believe its just a matter of election to election. This past week the Supreme Court spoke, five to four. It was a very significant decision, very important. I didnt applaud but I was slightly delighted. [Laughter] It was much better than I expected. The reason I didnt applaud, of course, is because it just struck me still ass so narrow. That institutions of higher learning could have such long traditions of sons gaining access to these institutions, not always meeting high standards, but no debate. Geographical diversity, two from Idaho and Montana gaining access; not always meeting the highest standards. No debate whatsoever. Athletes gaining access to these slots, not always meeting the highest standards [laughter]. No debate. Even when they are [ ?] children, black folk. But after 244 years of slavery in which it was against the law for black people to learn how to read and write, Jim Crow in which they paid ... we paid taxes for public institutions of higher learning and couldnt even think of sending our children to those institutions. Almost a century. And finally getting a foothold and a toehold, and as soon as the black folks show up you get a national debate about their deficiency and how rigorous the standards ought to be. Thats a level of hypocrisy we ought to be honest about. [Cheering, applause] We ought to be candid about that. If they dont meet minimal qualifications, they dont belong. But how many meet minimal qualifications? My God, at Harvard 9,000 do. Theyve only got 1,800 slots. What are you going to do? Ted Kennedy met minimal qualifications, barely, and got in and took some Irish working-class brothers slot who was brilliant and went to Boston College. And Ive said this to brother Kennedy, too, so Im not speaking behind his back. [Laughter] He knows he got in by legacy, son of, grandson of, brother of. When he showed up was there a national debate broadcast around the world, every corner of the globe, about the deficiency of Irish rich folk? [Laughter] No! When George Bush showed up at Yale, was there a debate about rich WASPS? [Cheering, applause]. No! But, no, let Jamal show up, let Letitia show up, and the whole machinery kicks in, and all of a sudden now everybodys so concerned about everybody having 780 on their board scores or above, or, if not, were going to sue you. And we should keep in mind that the three white fellow citizens who sued, they could have chosen white students who had board scores much lower, too. They didnt. They chose the Negroes. Whats going on? Hypocrisy. Lets be honest about it. So I was slightly delighted. [Laughter] But some folk had a party, and I stayed home and listened to Luther Vandross [laughter, applause]. God bless him, he just left the hospital. Hes in a rehabilitation center. Thank God, almighty. Ill bring this to a conclusion, here, now how is my clock doing? Yeah, I got good time. Ive got very good time. But what we have is an American empire with three basic pillars: the free-market fundamentalism and all forms of fundamentalism for those who were engaged in Socratic activity, worthy of deep suspicion. All forms of fundamentalism reduce complexity, create Manichean views of the world, all good on one side, all evil on the other. Free-market fundamentalism says what? The market is a fetish; it has magical powers. [Laughter] If you have a social problem, marketize, privatize, commodify, commercialize. And somehow, some way, things will be all right. [Laughter] Markets are legal constructions created by human beings to be used for good or for ill. There are sick markets like healthcare. There are highly competitive markets like supermarkets. Free-market fundamentalism says what? Privatize even those mechanisms that have to do with satisfying peoples most basic needs, like the Bush administrations attempt to privatize Social Security. Thats just one instance among others. So that what happens, common good, public interest, wanes. And the market, that legal construction that requires some non-market values to operate, begins to run amok, becomes more and more unedited, unregulated. And Adam Smith understood so very well. Theres no accident he wrote not only The Wealth of Nations but also A Theory of Moral Sentiments. Both books are very important in understanding the early theories of the market because he knew that a contract was predicated on non-contractarian values like trust and loyalty. When we look at free-market fundamentalism run amok, we see Enron, we see World.com, we see corporate elites acting as gangsters. And I use the word gangster because, of course, theres been a lot of debate about gangster rap, but . . . . . . stole and embezzled. They get put on the front page and stay there. Corporate elites get a little hit on the wrist. Weve got a corporate responsibility act that we were very upset about. Were going to [laughter] -- please. Free-market fundamentalism will undermine the very condition for the possibility of democracy because a democracy is predicated on a vital public life. And you end it with a younger generation that believes, in fact, that the market way of life is the human way of life. To be human is to be stimulated, titillated, rather than nourished, rather than deeply empowered, believe that buying and selling and promoting and advertising are the fundamental ways of being in the world. Learn how to package yourself, go to school ... high school and college, not in order to engage in paideia, in cultivation of self and soul, but to acquire a skill so you can gain access to some dynamite job and live in some vanilla suburb [laughter]. What an impoverished way of being in the world. [Applause] Eugene ONeill said it so well in The Iceman Cometh, at least in his interview prior to The Iceman Cometh. In 1946 he said, "Americans suffer from this notion that somehow they can possess their souls by means of possessing commodities. Dont they recognize that theyll end up a nation and an empire who has the capacity to conquer the world, but has completely lost its soul?" Oh, Eugene, we need you, we need you, brother. Your insight still ripples down through these 57 years since The Iceman Cometh with the pipe dreams of Hickey and his partners in Harry Hopes Saloon, dangling the empty carrots of an empire that on the outside is so powerful but on the inside is so hollow and shallow, when it comes to its spirit and soul. Its no accident that Martin Luther King, Jr., entitled the theme of the freedom movement, the slogan of the Southern Leadership Christian Conference, what? Saving the Soul of America. He didnt have to read Eugene ONeills The Iceman Cometh to know what he was talking about. Of course, Malcolm X suggested, Brother Martin, America has no soul, brother. [Laughter] Youre missing the point. Its about power. And Martin said, Im not naive, Malcolm, I know very much about power, but a democracy must also be about common good and public life, and Im a democrat, small d. And if you play only the game of power, then Thrasymachus is right in Platos republic: might makes right. And I refuse to simply play the game of power, even though I bring power to bear with a moral vision. And, of course, as Malcolm continued to grow, he said, you know, Martin, Im beginning to see your point more clearly now. Youre absolutely right. Even your language of love makes sense to me. Because it is, in fact, better to fight to save the soul rather than to blind ones self and live a soulless life in an imperial country. [Applause] Its a certain way of being in the world, a certain bearing witness. Even if youre unable to bring about the kind of changes you want in your generation, somebody will know ten years from now, twenty years from now, fifty years from now, you bore witness. You tried to speak the truth and expose lies so that you could then bequeath that legacy to them. Tradition is not something you inherit, T.S. Eliot says, you have to fight for it in order to actually gain access to your tradition. You cant keep a tradition of struggle for freedom and democracy alive without people willing to bear witness, even in a bleak moment when they know that they will never see the positive results in their lifetime. Thats part of our challenge today. [Applause] Thats part of our challenge, [applause/cheers] at this historical moment. Thats one reason why we live in the age of Chekhov. Oh Anton Chekhov, grandson of a slave, medical doctor, administers to the poor during the day and writes short stories and plays at night. And his age is one of what? Deep disillusionment, deep disappointment, deep disenchantment, and yet what? Endurance through suffering. Struggle through darkness. Why? Because its not about just winning. Its about testifying and bearing witness. You get this even in our dominant forms of religiosity in the United States, especially Christianity. American Christianitys a market form of Christianity, for the most part. Its all about identifying with a winner. Thats why Easter Sunday the churches are full, but Good Friday theyre empty. [Laughter] Ill show up when the winner pops up. [Laughter] But dont tell me about the main protagonist being treated like a political prisoner by the Roman Empire. Dont tell me about a senseless death based on injustice. And certainly dont tell me about the Saturday in which, echoing Nietzsche, God is dead, even for Christians. You dont get too much theo-thanatology in Christian thought these days. But God is dead that Saturday, and there was no thought of a bounce back. Thats why Peter himself said, I didnt know the brother, three times. [Laughter] Never seen him, no recollection of him [laughter]. And thats Peter, thats the foundation of the church, right? [Laughter] To live in the age of Chekhov says what? Yes, we can look at that stuff. We can look at the Patriotic Act I, the Patriotic Act II, the escalating authoritarianism, the violation of rights and liberties of Arab brothers and sisters and Muslim brothers and sisters, and if they start there and Arab American is just as American as any other American in this nation. They start there and it easily creeps, its easily extended. We can look at our aggressive militarism: in Iraq today, Syria, Iran, North Korea tomorrow. Its very dark. And then Chekhov says what? Keep smiling, keep fighting, keep thinking, keep loving, keep serving, keep sacrificing. Its not about the win overnight, its not about the quick fix, its not about the pushbutton solution. Its about what kind of human being you want to be, what kind of legacy you want to live. It reminds one very much of the blues: "been down so long that down dont worry me no more, thats why I keep keeping on anyway." Its not logical. Not logical at all. If you depend solely on the logic, youre in deep trouble. Thats another reason why I think that a blues people has so much to teach a blues nation. That these doings and sufferings and visions of black people, in the Chekhovian manner, have much to teach the United States now that as a nation we have the blues. Not just in our economy; workers have had it for a long time. Not just in our homes; sisters of all colors dealing with domestic violence. Not just in our social life; gay brothers and lesbian sisters devalued, dealing with the hypocrisy of the straights, the insecurity of the straights. No, now its a national community. And we can all go to France [laughter] and receive a common response, right. [Laughter] No matter what color you are. Its, Oh, my God, Im more American than I thought. I didnt feel that American in Chicago, but . . . [laughter] Im very American in Paris. [Laughter] Hmm, whats going on here? Yes. Part of a community that is perceived by the world as being arrogant, disrespectful of international law, unwilling to cooperate with other nations, imposing our will on the world. And I dont believe thats going to change. I dont believe thats going to change. And, of course, we havent even begun to talk about Africa and the AIDS epidemic, and what role Africa and Latin America can play in possible shaping of a better world, in light of their struggles at this particular moment. Latin America has a long history of American Imperial treatment. Long history of it. They have much to teach us. But the blues people in the midst of the American empire, largely but not exclusively peoples of color, have much to teach. If they are willing to step forward ... the danger, here, of course, is what? Theres a lot of cowardice in the black community. Afraid to speak. Want to get in on the goodies, and grab the booty of the empire. And were seeing it more and more and more. Black politicians wont mention one word about the present industrial complex. We have a whole presidential campaign, an election. Theres no talk about the connection between the criminal justice system and the present industrial complex, because theyve all agreed to be hard on crime. And hard on crime means [applause] war ... drugs against poor young people. Disproportionately black. And this goes for those black folk in the Democratic Party. I was just with brother Jesse two days ago, Rainbow Coalition. I said, Brother Jesse, its good to see you stepping out, brother. Hes getting upset. He was just at Benton Harbor, Michigan. You all know what happened there. Another instance, peak of an iceberg, part of the 112 yearly young black people who are shot down like dogs by police who happen to pull the trigger when their backs are turned. We figure, Oh my God, Rodney King. Glad we havent heard about that again. Happening all the time. Cincinnati, Benton Harbor, Los Angeles, New York. Over and over again. A lot of black leaders dont want to talk about it. People ask me, Oh, brother West, why you hang around with Al Sharpton? Al Sharpton needs to get a haircut. [Laughter] Well, Im concerned about his brain. Whats he thinking? His heart, his soul. Got a flawed history? Absolutely. Absolutely. Has he changed? Is he speaking any truths that make sense, vis-à-vis other candidates in the Democratic primary? Im just raising questions. Im not proselytizing. Just raising questions. But whos going to talk about a criminal justice complex? Two million fellow Americans in jail, 50 percent black, 46 percent of young black men between 16 and 25 in Baltimore, Chicago, part of the criminal justice complex. What does it take in the black community? How many of your children need to be in prison before you get indignant? [Applause] Unless you think somehow theyre genetically inclined. We still got fellow Americans who think that. Theyll always be some of those folk around. White supremacy dies very slowly, even on the pseudoscientific front. What happens when it begins to escalate? The fastest group going into prison right now is poor white brothers. Im just as concerned about them as I am poor black. Theyre human beings like anybody else. Where is the focus? Do we have to wait until the criminal justice system begins to expand over Princeton and University of Chicago? Stanfords all, you know, we think weve got a crisis with young people at this point [laughter]. I think we really need to do something serious. Michael Moore showed that so well in his film, "Columbine". Black kids, brown kids been shooting each other down for decades. You get one major shootout in white America, everybody stops. Got to be very sensitive here, you know, these are very complex situations. This is ... youve got to be nuanced here. These are nice kids. Theyre like us. Theyre all-American, you know. Oh, I see, very different approach, yeah. Oh. Mm-mm. What a situation. What are we to do? End on a blue note. No optimism here. The evidence does not look good. Being a freedom fighter in the twenty-first century is to make a radical distinction between hope and optimism. One must be a prisoner of hope, yes. Unconditional commitment to mustering the courage to think critically, speak freely. Unconditional commitment to a courage to try to keep track of the humanity of each and every person; the courage to love, serve, and sacrifice. And an unconditional commitment to fight for democracy in its substantive form. A rich public life, pervasive common good, with the private sector and its precious rights and liberties protected, yes, but balanced in such a way that it does not suffocate the public forms of expression, of community, of what holds us together, what connects us, so that our glue does not become so weak that we end up so polarized that were at each others throats, in part because were not organized and mobilized against those powers that be at the top. How rare it is in American history when significant enough numbers of the citizenry organize and look upward, confront the powers that be rather than scapegoat the most vulnerable. Thats the easiest thing. And in the end were talking about leadership that has a blue note and a blue sensibility. But its also a leadership that by example, in being willing to speak, act, write, fuse, share, laugh, love, with others, that can inspire us and others, so that it becomes contagious. Theres never any guarantee of any victory in history. Never. Never been, never will be. But if we can convince each other, become less conformist and less complacent, more Socratic, more prophetic, more radically democratic, we have a chance. And I hope and pray that each one of you, in wrestling with these questions, tries to take seriously the Socratic and prophetic and democratic challenges Ive put forward tonight. Thank you all so very much. We have good time for dialog with sister Amy. [Applause] Alrighty, there we are. Dynamite, dynamite, all right.
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