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["Vogue",
Milão, abril de 1971]
nsumida
popblicado
no livro " Caos", Editoi Riuniti, Roma, 1999)
Tradução
Mario S. Mieli
Pasolini
e Laura Betti no início dos anos 70.............................................................
Tradução
Mario S.Mielio
Pioneira
da contestação? Sim, mas também sobrevivente
da contestação.
Portanto,
restauradora de um estado quo ante. Onde existia o pleno
(a ordem burguesa e a oposição oficial), aconteceu
o caos; caído o caos, aquele repleto pareceu como que vazio,
e quem estava dentro dele, fazendo o bufão do protesto, encontrou-se
como num quarto de onde tivessem desaparecido repentinamente as
paredes.
Os
povos antigos revocavam artificialmente o caos para "se renovarem",
reconstruindo o momento inaugural.
O
caos não passa sem deixar a necessidade de reforma. Ao invés
de reforma, ocorreu a restauração, com as tropas fascistas.
Aquela
marionete que "no pleno dos anos cinqüenta e começo
dos anos sessenta" se encontrou viva, mas estreitamente dependente
do mundo que ela, enquanto marionete, contestava, foi, depois, atropelada
e desvanecida pelo caos do biênio de 1968 a 1970; com a volta
da normalidade verificou, em si, a ocorrência de um fenômeno
muito comum: o envelhecimento.
A
pessoa de quem estou, em particular, falando não admite nada
de tudo isso.
Envelheceu
e morreu: mas estou certo de que em sua tumba ela se sente menina.
Ela
está certamente orgulhosa de sua morte, considerando-a uma
morte especial.
Ademais,
embora admitindo em parte ter morrido, justamente porque a sua morte,
sendo especial, pode ser admitida, ela, ao mesmo tempo, não
a admite: "a minha morte é provisória, é
um fenômeno passageiro", ela parece dizer, com os ares
de um personagem de Gogol, de Dostoiewsky, ou de Kafka, "em
lugar muito elevado se está brigando para que essa chata
conjuntura seja superada e tudo volte como antes. Além do
mais, eu não tenho solução de continuidade:
sou aquilo que eu era. A minha possibilidade de estupor não
tem limites porque eu caio sempre das nuvens, e rio, com maravilha
infantil". (Contemporaneamente, lá em sua sepultura,
diz: "Eu nunca estou nas nuvens, estou sempre com os pés
no chão, nenhuma surpresa porque, desde sempre, sei tudo".)
Ambigüidade?
Não: duplo jogo. Porque ela, a morta, Laura Betti, não
era ambígua, pelo contrario, era íntegra: inarticulada
como um fóssil.
Ela
aderiu à sua qualidade real de fóssil e, de fato,
pôs sobre o rosto uma máscara inalterável de
marionete loira; (mas: "cuidado, dentro da marionete que admite
estar com sua máscara, há uma trágica Marlene,
uma verdadeira Garbo").
No
momento exato, porém, em que concretizava a sua fossilização
infantil adotando a máscara, eis que ela contradiz tudo isso,
interpretando uma multiplicidade de personagens diferentes entre
si, cuja característica sempre foi ser uma o oposto da outra.
A
sua grande sorte foi ter evitado de viver em um dos tantos países
ditatoriais que existem no mundo; e, sobretudo, ter evitado de acabar
em um dos tantos possíveis campos de concentração.
Que vítima mais assustadora ela teria sido! Mas em um obituário
não se dizem essas coisas.
Fazendo
dela um exame superficial, muitos lhe atribuíram em vida
uma vontade provinciana de degradação dos ídolos.
Não,
não era somente o sadismo de uma província que, chegada
ao Centro onde habitam os ídolos, prova o prazer de profaná-los
e de desmistificá-los"; nessa dolorosa operação
havia a sua necessidade de ser contemporaneamente "uma"
e "uma outra", "uma" que adora, e "uma
outra" que cospe na coisa adorada; "uma" que mistifica"
e "uma outra" que reduz. Mas não era ambigüidade.
Repito. O jogo dela era claro como a luz do sol.
Naturalmente,
propondo-se antes de mais nada, como uma das leis-chave do seu código,
de não provocar nunca, em nenhum caso, piedade, ela, pelo
jogo de da oposição, também sempre quis e admitiu
provocar piedade. Mas a piedade não foi causada por uma ou
por outra de suas ações ou de suas situações:
não, a piedade sempre foi causada pela excessiva clareza
do seu jogo. Assim, é por meio dessa piedade que ela foi
forçada a provocar com relação à sua
própria pessoa, que emergiu a sua generosidade: ou seja,
algo de heróico. Esse é, na verdade, o obituário
de uma heroína. É preciso acrescentar que ela era
muito divertida e uma excelente cozinheira.
"Pagine
corsare"
´Sentiamo
che direbbe un testimone nel 2001, costretto a fare un necrologio
di Laura Bettiª
di
Pier Paolo Pasolini
["Vogue",
Milano, aprile 1971]
Pioniera
della contestazione? Si, ma anche sopravvissuta alla contestazione.
Quindi
restauratrice di uno stata quo ante. Dove cera i! pieno
(lordine borghese e lopposizione ufficiale), si è
avuto il caos; caduto il caos, quel pieno è apparso come
vuoto, e chi cera dentro, a fare il buffone della protesta,
si è trovato come in una stanza di cui fossero scomparse
improvvisamente le pareti.
I
popoli antichi rievocavano artificialmente il caos per "rinnovarsi",
ricostruendo il momento inaugurale.
Il
caos non passa senza lasciare la necessità di rinnovamento.
Invece del rinnovamento si è avuta la restaurazione, con
le squadre fasciste.
Quel
pupazzo che nel ´pieno degli anni cinquanta e dei primi anni
sessantaª si è trovato ad essere vivo, ma strettamente
dipendente dal mondo che egli, in quanto pupazzo, contestava, è
poi stato travolto e vanificato dal caos del biennio dal 1968 al
1970, col ritorno della normalità ha verificato in sé
laccadere di un fenomeno molto comune: linvecchiamento.
La
persona di cui sto in particolare parlando non ammette nulla di
tutto questo.
È
invecchiata e morta: ma son sicuro che nella sua tomba ella si sente
bambina.
Ella
è certamente fiera della sua morte, considerandola una morte
speciale.
Inoltre
pur ammettendo in parte di essere morta, appunto perché la
sua morte, essendo speciale, può essere ammessa, essa, nel
tempo stesso, non lammette: ´la mia morte è provvisoria,
è un fenomeno passeggeroª, essa par dire, con laria
di un personaggio di Gogol, di Dostoiewsky, o di Kafka, ´in
alto loco si sta brigando perché tale noiosa congiuntura
venga superata e tutto torni come prima. Del resto, io non ho soluzione
di continuità: sono ciò che ero. La mia possibilità
di stupore non ha limiti perché io cado sempre dalle nuvole,
e rido, con meraviglia fanciullaª. (Contemporaneamente, là
nella tomba, dice: ´Io non son mai nelle nuvole, son sempre
coi piedi a terra, niente mi meraviglia perché, da sempre,
so tuttoª.)
Ambiguità?
No: doppio gioco. Ché essa, la morta, Laura Betti, non era
ambigua, anzi, era tutta dun pezzo: inarticolata come un fossile.
Ella
ha aderito alla sua qualità reale di fossile, e infatti si
è messa sul volto una maschera inalterabile di pupattola
bionda; (ma: ´attenti, dietro la pupattola che ammette di essere
con la sua maschera, cè una tragica Marlene, una vera
Garboª).
Nel
momento stesso però in cui concretava la sua fossilizzazione
infantile adottandone la maschera, eccola contraddire tutto questo
recitando la parte di una molteplicità di personaggi diversi
fra loro, la cui caratteristica è sempre stata quella di
essere uno opposto allaltro.
La
sua grande fortuna è stata quella di avere evitato di vivere
in uno dei tanti paesi dittatoriali che ci sono al mondo; e soprattutto
di avere evitato di finire in uno dei tanti possibili campi di concentramento.
Che terrificante vittima sarebbe stata! Ma in un necrologio non
si dicono queste cose.
Facendo
di lei un esame superficiale, molti le attribuirono in vita una
volontà provinciale di degradazione degli idoli.
No,
non era soltanto il sadismo di una provinciale che giunta nel Centro
dove abitano gli idoli, prova il piacere di profanarli e di dissacrarli:
in questa dolorosa operazione cera il suo bisogno di essere
contemporaneamente "una" e "unaltra",
"una" che adora, e "unaltra" che sputa
sulloggetto adorato; "una" che mitizza e "unaltra"
che riduce. Ma non era ambiguità, ripeto. Il suo gioco era
chiaro come il sole.
Naturalmente,
proponendosi prima di tutto, come una delle leggi-chiave del suo
codice, di non fare mai, in alcun caso, pietà, essa, per
il gioco dellopposizione, ha anche sempre voluto e ammesso
anche di fare pietà. Ma la pietà non è stata
causata da una o dallaltra delle sue azioni o delle sue situazioni:
no, essa è sempre stata causata dalleccessiva chiarezza
del suo gioco. Dunque è attraverso la pietà che essa
è stata costretta a provocare verso la sua persona, che è
venuta fuori la sua generosità: cioè qualcosa di eroico.
Questo è infatti il necrologio di uneroina. Bisogna
aggiungere che era molto spiritosa e uneccellente cuoca.
Pier
Paolo Pasolini
In
http://www.pasolini.net/saggistica_ppp_laurabetti.htm
M
<devir>
info@imediata.com
M
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