.Universalismo/Relativismo — Com a arma imprópria do universal



 

 



 
   

Annamaria Riviera

Tradução Imediata

Fonte: L’Unità, 22 de abril de 2005

Cardeais antes do conclave que elegeu Bento XVI (AFP)

 

A partir do fatídico 11 de setembro, um espectro voltou a rondar pela Europa: o "relativismo cultural". Na Itália, sobretudo, não há artigo, comentário ou entrevista sobre as controvérsias relativas aos relacionamentos entre "nós" e os "outros" que não comece ou termine com uma invectiva contra o relativismo. Que se trate da questão do ‘foulard’ dito islâmico, ou do debate sobre as chamadas mutilações dos genitais femininos, da relação com o Islã "transplantado" ou do juízo sobre a guerra preventiva, a reprovação antirelativista se tornou um lugar comum das retóricas da direita, mas compartilhado por não poucos locutores de esquerda, coisa essa bastante surpreendente, se considerarmos que o tema da recusa do relativismo — que na linguagem dos neocons significa indiscutibilidade do fundamentalismo cristão e do associado projeto imperial armado — reapareceu na onda da ofensiva da nova direita estadunidense e da pretensão da superioridade absoluta da "civilização ocidental". Contudo, a bem da verdade quanto ao uso político da deprecação contra o relativismo, é preciso fazer uma distinção entre as

variantes da direita e as variantes da esquerda: na variante pró-guerra à maneira de Marcello Pera, é preciso eliminar o relativismo — "o sofrimento do Ocidente" — para que pareça claro que a guerra preventiva seja uma solução necessária, embora dolorosa; nas variantes de esquerda, o relativismo cultural é reprovável porque alimenta o "comunitarismo" (côté francês), ou porque é a renúncia aos princípios da igualdade entre os gêneros (côté italiano, além do francês).

É lícito suspeitar-se de que a popularização de uma fórmula até recentemente reservada ao léxico da filosofia e das ciências sociais, e uma tão reiterada e compartilhada condenação — até mesmo na recente denúncia da parte do então cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, hoje papa com nome de Benedito XVI, do relativismo, que se teria insinuado no corpo da doutrina cristã — seja colocada no sulco daquele cego furor universalista (roubo a expressão de Claudio Marta) de que, sobretudo a partir do 11 de setembro, dá cobertura a uma desenfreada vocação hegemônica, recolocando em discussão as extenuantes tentativas do passado de perseguir políticas de tradução e de reconhecimento recíproco entre "civilizações", coletividades e culturas diversas.

Naturalmente, não é que a totalidade dos públicos censores do relativismo conheçam a gênese e o significado daquele conceito, tampouco é certo que tenham conhecimento da não coincidência entre relativismo ético e relativismo cultural, como princípio epistemológico e/ou metodológico. Não devemos excluir, contudo, que mesmo tendo a intuição da distinção, queiram insinuar junto ao público que, duvidar que a própria forma de vida particular possa ser tomada como base de medida universal, signifique, ipso facto, liquidar os próprios modelos, princípios e valores, declarar que eles não tenham fundamento ou sejam intercambiáveis, assumir uma atitude de resignado ceticismo.

É conveniente gastar algumas palavras para lembrar que o abominado relativismo cultural é um dos marcos zeros do pensamento antropológico, uma de suas conquistas mais importantes e mais fecundas, cuja explícita e sistemática formulação nasce entre os anos 30 e 40 do século passado, no âmbito da antropologia cultural estadunidense: como repulsa decidida contra o racismo hitleriano e como vigorosa reação contra o evolucionismo do século XIX, que pretendia classificar hierarquicamente as culturas segundo uma única linha de desenvolvimento. Ela se configurava, então, como ruptura "progressista" ou, se preferirem, liberal, do paradigma colonialista, para o qual o estágio mais avançado da humanidade se identificava com a Inglaterra vitoriana, ou seja, com o coração do Império.

Um dos primeiros a criticar severamente as hierarquizações de cunho evolucionista entre culturas inferiores e superiores, civilizadas e primitivas, foi o fundador da linha de pensamento: Franz Boas, para quem cada cultura é uma construção original que merece ser analisada por si mesma. Entre os alunos de Boas será sobretudo Melville J. Herskovits quem irá articular devidamente o paradigma relativista: em 1947, na qualidade de membro do conselho diretor da American Anthropological Association, ele assinou um texto, Statement on Human Rights, que enviou à comissão das Nações Unidas encarregada de elaborar a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Naquele texto, o antropólogo desenvolvia uma crítica preventiva do universalismo (da ideologia universalista, e não da idéia de universalidade): cada tentativa de formular postulados que brotem de convencimentos ou do código moral de uma só cultura, escrevia Herskovits, reduz a possibilidade de aplicar à humanidade em seu conjunto qualquer declaração de direitos humanos. Na época, quando o temor era de que se pudesse relativizar também a cultura nazista, a crítica de Herskovits foi rejeitada. Mas hoje, quando o universalismo se revela — pelo menos no seu uso político — sempre mais particular, sempre mais submisso à idéia da superioridade da civilização ocidental e do seu direito de impor os seus valores com as guerras preventivas, será certo que a advertência de Herskovits possa ser considerada ultrapassada?

Em 26 de setembro de 2001, com a onda de emoções decorrentes do atentado às Torres Gêmeas, Angelo Panebianco escrevia no Corriere della Sera: "Se a guerra ao terrorismo vai durar por muitos anos, precisaremos nos munir para neutralizar (...) o príncipe aliado de Bin Laden e os sócios no Ocidente, sua mais preciosa "quinta coluna": o relativismo cultural". Já naquela época, Clara Gallini, em entrevista ao Manifesto (27 de setembro de 2001), assinalava o caráter instrumental e tendencioso daquela exortação: quando se quer territorializar o mundo, levantando rígidos confins entre os grupos, sublinhava a antropóloga, o relativismo cultural é evocado como uma necessidade positiva; quando se quer restabelecer a superioridade do Ocidente e de sua civilização, o relativismo passa a ser demonizado. Quase quatro anos depois, é preciso constatar que a exortação de Angelo Panebianco foi acolhida, pela direita e pela esquerda, até com algum excesso de zelo, enquanto a sábia relativização do relativismo proposta por Clara Gallini caiu no vazio. Assim, a evocação da "caixa de Pandora do relativismo cultural", do qual sairiam monstros que ameaçariam "os nossos valores", soa como uma injunção tanto vazia no plano teórico quanto eficaz no plano da comunicação e da política.

O efeito que se busca é —segundo as variantes, de direita ou de esquerda— intimidar o pobre leitor que ousa cultivar qualquer dúvida sobre a legitimidade de se exportarem "os nossos valores" de toda e qualquer maneira, ou que discorda da idéia de proibir por lei os sinais religiosos definidos como ostentatórios; é calar quem considera suspeito o coro de condenações contra o fanatismo "islâmico" (uma outra palavra à la mode) da parte de uma sociedade que encoraja o idolátrico delírio de massas pela morte de um papa; é fustigar a esquerda que acredita que ‘outro mundo é possível’, a qual julga que, com os jovens desfavorecidos das banlieues, seja necessário tentar o diálogo, embora esses tenham a idéia fixa de se declararem muçulmanos. O resultado, por excelência, pelo menos aquele perseguido na Itália, principalmente pelos locutores de direita, é induzir o público a desviar o olhar do encapuçado de Abu Ghraib, efeito colateral dos "nossos valores", porque se quer que esse olhar fique extasiado perante a nossa democracia, a nossa laicidade, a nossa liberdade. Para que, enfim, reconheça-se juntamente com Bush, que "o nosso estilo de vida não é negociável".

É raro que aos censores antirelativistas venha em mente que a "nossa civilização" produziu igualmente atitudes como a incerteza e a crítica de si, o respeito pelas formas de vida diversas da sua própria, a suspensão do juízo etnocêntrico como postura metodológica que consente a compreensão de outras culturas e o diálogo com os "outros". Ignorar ou renegar esta propensão, recusar a idéia de que há mais pontos de vista e que eles poderiam conviver dentro de um respeito recíproco, é colocar-se fora de uma conspícua linha cultural européia: aquela que, de Montaigne a Herder, de Rousseau a Derrida, mesmo em plena fúria das guerras religiosas, conflitos de classe, conquistas coloniais, choque imperiais, soube falar a língua da crítica do próprio particular e da disposição para compreender os mundos diversos do próprio.

Será que, ao contrário, tudo isso quer dizer ter-se que endossar sem qualquer dúvida o paradigma relativista, com o risco de se chegar a — segundo uma acusação que se tornou ela própria um lugar comum — renunciar ao postulado da unidade do gênero humano? Não, absolutamente. Além da oportuna denúncia do uso político da "recusa do relativismo", a necessidade que hoje se impõe é aquela de redefinir os termos da dicotomia universalismo/relativismo.

Em suas extremas inclinações, seja a posição relativista seja a universalista, não são mais sustentáveis. Como todos os culturalismos, as posições radicalmente relativistas correm o risco de ver diferenças onde existem desigualdades sociais ou até mesmo de produzir desigualdades sociais atribuindo diferenças. O relativismo facilmente pode resvalar numa concepção estática e determinística das culturas, compreendidas como conjuntos fechados, autosuficientes, constritivos; ocultando o fato de que qualquer cultura é cruzada por conflitos entre as classes, as castas, os gêneros, as gerações.

Por outro lado, mais do que evidentes são os veios do etnocentrismo, do hegemonismo, do fundamentalismo nas atuais declinações universalistas. Quando não é uma máscara do projeto imperial e do "fardo do homem branco" em versão pós-colonial, o universalismo se configura hoje em dia cada vez mais como um universal hierárquico e abstrato, que não consegue dar respostas a sociedades cada vez mais heterogêneas, mais complexas, plurais, cada vez mais atravessadas por exclusões e marginalidades sociais. A trágica figura do encapuçado de Abu Ghraib nos deveria assinalar a urgência de se imaginar a utopia de um pluriversalismo, para citar Serge Latouche, ou de uma universalidade policêntrica, como antídoto ao projeto imperial e aos seus sub-produtos locais.

Con l'arma impropria dell'universale

ANNAMARIA RIVERA

L’Unità, 22 aprile 2005

 

A partire dal fatidico 11 settembre, uno spettro è tornato ad aggirarsi per l'Europa: il ´relativismo culturaleª. In Italia soprattutto, non v'è articolo, commento, intervista su controversie riguardanti i rapporti fra ´noiª e gli ´altriª che non si apra o si chiuda con un'invettiva contro il relativismo. Che si tratti della questione del foulard detto islamico oppure del dibattito sulle cosiddette mutilazioni dei genitali femminili, del rapporto con l'islam ´trapiantatoª oppure del giudizio sulla guerra preventiva, la rampogna antirelativista è divenuta luogo comune delle retoriche di destra, ma condiviso da non pochi locutori di sinistra. Cosa, quest'ultima, alquanto sorprendente se si considera che il tema del rifiuto del relativismo - che nel linguaggio neocons significa indiscutibilità del fondamentalismo cristiano e del connesso progetto imperiale armato - è ricomparso sull'onda dell'offensiva della nuova destra statunitense e della pretesa della superiorità assoluta della ´civiltà occidentaleª. Circa l'uso politico della deprecazione del relativismo, rigore vuole, tuttavia, che si faccia distinzione fra varianti di destra e varianti di sinistra: nella variante guerresca alla Marcello Pera, occorre sbarazzarsi del relativismo - ´la sofferenza dell'Occidenteª - perché appaia chiaro che la guerra preventiva è soluzione necessaria per quanto dolorosa; nelle varianti di sinistra, il relativismo culturale è deprecabile perché alimenta il ´comunitarismoª (côté francese) oppure perché è rinuncia a principi quali l'uguaglianza fra i generi (côté italiano, oltre che francese).

E' lecito sospettare che la popolarizzazione di una formula fino a tempi recenti riservata al lessico della filosofia e delle scienze sociali e una così reiterata e condivisa condanna - fino alla recente, autorevole denuncia da parte dell'allora cardinale Joseph Ratzinger, prefetto della Congregazione per la dottrina della fede, oggi papa col nome di Benedetto XVI, del relativismo insinuatosi nel corpo della chiesta cristiana - si collochino nel solco di quel cieco furore universalista (rubo l'espressione a Claudio Marta) che, soprattutto dall'11 settembre in poi, fa da copertura a una sfrenata vocazione egemonica, rimettendo in discussione i faticosi tentativi del passato di perseguire politiche di traduzione e di riconoscimento reciproco fra ´civiltàª, collettività, culture diverse.

Non è certo che la totalità dei pubblici censori del relativismo conosca genesi e significato del concetto; né è sicuro che sia consapevole della non-coincidenza fra relativismo etico e relativismo culturale quale principio epistemologico e/o metodologico. Non è da escludere tuttavia che, pur intuendo la distinzione, voglia insinuare nel pubblico che dubitare che la propria forma di vita particolare possa essere assunta a metro di misura universale significhi ipso facto svendere i propri modelli, principi e valori, dichiarare che essi sono infondati o interscambiabili, assumere un atteggiamento di rassegnato scetticismo.

Conviene spendere qualche parola per ricordare che il vituperato relativismo culturale è una delle pietre miliari del pensiero antropologico, una delle sue acquisizioni più importanti e più feconde. La cui esplicita e sistematica formulazione nasce fra gli anni Trenta e Quaranta del Novecento nell'ambito dell'antropologia culturale statunitense: come decisa ripulsa del razzismo hitleriano e come vigorosa reazione contro l'evoluzionismo ottocentesco, che pretendeva di classificare gerarchicamente le culture secondo un'unica linea di sviluppo. Essa si configurava dunque come rottura ´progressistaª o, se preferite, liberal del paradigma colonialista, per il quale lo stadio più avanzato dell'umanità si identificava con l'Inghilterra vittoriana, ossia con il cuore dell'Impero.

Uno dei primi a criticare severamente le gerarchizzazioni di stampo evoluzionista fra culture inferiori e superiori, civilizzate e primitive, fu il caposcuola Franz Boas, per il quale ogni cultura è una costruzione originale che merita d'essere analizzata per se stessa. Fra gli allievi di Boas sarà soprattutto Melville J. Herskovits ad articolare compiutamente il paradigma relativista: nel 1947, in qualità di membro del consiglio direttivo dell'American Anthropological Association, egli firmò un testo, Statement on Human Rights, che inviò alla commissione delle Nazioni Unite incaricata di elaborare la Dichiarazione universale dei diritti umani. In quel testo l'antropologo avanzava una critica preventiva dell'universalismo (dell'ideologia universalista, non dell'idea dell'universalità): ogni tentativo di formulare postulati che scaturiscono da convincimenti o dal codice morale di una sola cultura, scriveva Herskovits, riduce la possibilità di applicare all'umanità nel suo insieme qualunque dichiarazione dei diritti umani. All'epoca, quando il timore era che si potesse relativizzare anche la cultura nazista, la critica di Herskovits fu respinta. Ma oggi, quando l'universalismo si rivela - almeno nel suo uso politico - sempre più particolare, sempre più sottomesso all'idea della superiorità della civiltà occidentale e del suo diritto a imporne i valori con le guerre preventive, è certo che il monito di Herskovits abbia fatto il suo tempo?

Il 26 settembre 2001, sull'onda dell'emozione per l'attentato alle Torri gemelle, Angelo Panebianco scriveva sul Corriere della Sera: ´Se la guerra al terrorismo durerà anni, bisognerà attrezzarsi per neutralizzare (...) il principale alleato di bin Laden e soci in Occidente, la loro più preziosa `quinta colonna': il relativismo culturaleª. Già allora Clara Gallini in un'intervista al manifesto (27 settembre 2001) segnalava il carattere strumentale e tendenzioso di quell'esortazione: quando si vuole territorializzare il mondo elevando rigidi confini tra i gruppi, sottolineava l'antropologa, il relativismo culturale viene evocato come una necessità positiva; quando si vuole ristabilire la superiorità dell'Occidente e della sua civiltà, il relativismo viene demonizzato. A distanza di quasi quattro anni si deve constatare che l'esortazione di Angelo Panebianco è stata raccolta, da destra e da sinistra, perfino con qualche eccesso di zelo, mentre la saggia relativizzazione del relativismo proposta da Clara Gallini è caduta nel vuoto. Così che l'evocazione del ´vaso di Pandora del relativismo culturaleª dal quale scaturirebbero i mostri che minacciano ´i nostri valoriª suona come un'ingiunzione tanto vacua sul piano teorico quanto efficace su quello comunicativo e politico.

L'effetto ricercato è - a seconda delle varianti, di destra o di sinistra - intimidire il povero lettore che osi coltivare qualche dubbio sulla legittimità di esportare ´i nostri valoriª con ogni mezzo oppure dissenta dall'idea di proibire per legge i segni religiosi detti ostensibili; è tacitare chi ritenga sospetta la corale condanna del fanatismo ´islamicoª (un altro termine à la mode) da parte di una società che incoraggia l'idolatrico delirio di massa per la morte di un papa; è bacchettare la sinistra altermondialista la quale pensa che con i giovani sfavoriti delle banlieues si debba tentare di dialogare benché sia loro venuta questa fissa di dirsi musulmani. Il risultato per eccellenza, quello perseguito in Italia soprattutto da locutori di destra, è indurre il pubblico a distogliere lo sguardo dall'incappucciato di Abu Ghraib, effetto collaterale dei ´nostri valoriª, perché si volga estasiato verso la nostra democrazia, la nostra laicità, la nostra libertà. Perché infine riconosca insieme a Bush che ´il nostro stile di vita non è negoziabileª.

E' raro che ai censori antirelativisti venga in mente che la ´nostra civiltઠha egualmente prodotto attitudini come l'incertezza e la critica di sé, il rispetto per forme di vita diverse dalla propria, la sospensione del giudizio etnocentrico come postura metodologica che consente la comprensione di altre culture e il dialogo con gli ´altriª. Ignorare o rinnegare questa propensione, rifiutare l'idea che vi siano più punti di vista e che essi potrebbero convivere nel rispetto reciproco, è porsi al di fuori di una cospicua linea culturale europea: quella che da Montaigne a Herder, da Rousseau a Derrida, pur nell'infuriare di guerre religiose, conflitti di classe, conquiste coloniali, scontri imperiali, ha saputo parlare la lingua della critica del proprio particolare e della disposizione a comprendere mondi diversi dal proprio.

Tutto ciò vuol dire sposare senza dubbio alcuno il paradigma relativista con il rischio di giungere - secondo un'accusa divenuta anch'essa luogo comune - a rinunciare al postulato dell'unità del genere umano? Niente affatto. Al di là dell'opportuna denuncia dell'uso politico del ´rifiuto del relativismoª, la necessità che oggi si pone è quella di ridefinire i termini della dicotomia universalismo/relativismo.

Nelle loro declinazioni estreme, sia la posizione relativista sia quella universalista non sono più sostenibili. Come tutti i culturalismi, le posizioni radicalmente relativiste corrono il rischio di vedere differenze ove vi sono ineguaglianze sociali o addirittura di produrre ineguaglianze sociali attribuendo differenze. Il relativismo facilmente può scivolare verso una concezione statica e deterministica delle culture, intese come totalità chiuse, autosufficienti, cogenti; occultare il fatto che qualsiasi cultura è attraversata da conflitti fra le classi, le caste, i generi, le generazioni.

D'altra parte, più che evidenti sono le venature dell'etnocentrismo, dell'egemonismo, del fondamentalismo nelle attuali declinazioni universaliste. Quando non è una maschera del progetto imperiale e del ´fardello dell'uomo biancoª in versione postcoloniale, l'universalismo si configura oggi sempre più come un universale gerarchico e astratto, che non riesce a dare risposte a società sempre più eterogenee, più complesse, plurali, sempre più attraversate da esclusioni e da marginalità sociali. La tragica figura dell'incappucciato di Abu Ghraib dovrebbe segnalarci l'urgenza di immaginare l'utopia di un pluriversalismo, per citare Serge Latouche, o di una universalità policentrica come antidoto al progetto imperiale e ai suoi sottoprodotti locali.

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