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O desenvolvimento insustentável Marina Forti entrevista o fundador da revista The Ecologist, Edward Goldsmith 16 de agosto de 2002 Il Manifesto Tradução Imediata Quando Edward Goldsmith e algumas outras pessoas fundaram The Ecologist em 1969, a preocupação com o meio-ambiente era um movimento que acabava de nascer, e aquela revista fazia parte dos pioneiros ambientalistas. Do debate sobre a contaminação industrial ou sobre a chuva ácida passaram para a energia nuclear ou o futuro das florestas tropicais. Em 1972, as Nações Unidas convocaram em Estocolmo a Primeira Conferência Mundial sobre esses temas: foi intitulada conferência sobre o meio-ambiente humano. "Lembro bem, em Estocolmo, junto aos Amigos da Terra dos EUA, publicamos um boletim diário para os delegados. Foi a primeira vez que a crise ambiental suscitou um debate internacional", nos recorda Goldsmith. Começava-se a se falar de desenvolvimento social e econômico que levasse em consideração os sistemas naturais. Também começaram os processos de negociação sobre os primeiros tratados internacionais de defesa ambiental. Os desastres provocados por alguns grandes projetos de "desenvolvimento" se tornaram visíveis- foi quando The Ecologist, nos anos 80, levantou o problemas das digas de Narmada, na Índia, acusando o Banco Mundial, que financiou o projeto e que, em seguida, caiu fora, paralisando o mesmo. Assim, não é de se estranhar que, a uma pergunta sobre o próximo encontro das Nações Unidas de Johannesburg, Goldsmith volte a falar de Estocolmo, que foi o "princípio", como me diz numa tarde de julho entre as árvores da fazenda San Rossore, em Pisa, onde a Região Toscana debateu sobre "o global e o social". As esperanças suscitadas então culminaram em 1992, em um novo encontro, aquele do Rio de Janeiro, sobre "Meio-ambiente e Desenvolvimento", onde foram aprovadas duas convenções internacionais sobre a biodiversidade e o clima e um documento chamado Agenda 21, surgido como um plano de ação para promover um desenvolvimento compatível com os ecossistemas. Hoje o fundador da The Ecologist não espera muito da próxima conferência, e se concentra na mesma idéia de "desenvolvimento." P.- O que mudou nos últimos dez anos desde a Conferência da Terra? R.- A deterioração ecológica cresceu. No Rio, falou-se muito de crises ambientais e de desenvolvimento sustentável, redigiram-se muitos documentos, porém não se chegou a nada de concreto. Os governos do Ocidente deram algum dinheiro ao Banco Mundial que o canalizou através do GEF, o "Fundo Global para o Meio-ambiente", no lugar do UNDP e do UNEP - os programas das Nações Unidas para o desenvolvimento humano e para o meio-ambiente. O GEF financiou planos que serviram para mitigar os danos sociais e ambientais provocados pelos programas de desenvolvimento do próprio Banco Mundial. A realidade é que hoje as políticas implantadas são, todavia, menos sustentáveis e ecológicas do que há dez anos atrás. O encontro do Rio foi dominado pelo International Business Council, (o foro internacional de empresas reunido pela ONU), as empresas conseguiram impor a ordem do dia do Encontro desde as reuniões preparatórias. Sobre o comércio, por exemplo, conseguiram eliminar o fundo da ONU para a cooperação transnacional, unificando-o no UNEP, o Programa das Nações Unidas para o meio-ambiente, que tem poderes e objetivos muito limitados. Agora o controle das empresas multinacionais sobre os governos se tornou total, foi assim durante o Governo Clinton e ainda mais com Bush e Cheney. Veja só a indústria petrolífera, já não precisa de um grupo de pressão sobre os governos, hoje é o próprio governo. E as empresas cuidam de seus interesses econômicos a curto prazo, e não do bem comum a longo prazo. Johannesburg? o título não será uma "conferência" da terra, mas o "desenvolvimento sustentável", eufemismo frequente para dizer crescimento econômico. P.- Parece que em Johannesburg se tratará sobretudo da "luta" contra a pobreza, e depois de desenvolvimento. R.- Creio que o desenvolvimento é o problema e não a solução. A palavra desenvolvimento é usada como panacéia universal, com uma confiança quase religiosa de que leva ao bem-estar e à liberdade. Os dados demonstram que a pobreza aumenta, e inclusive a diferença entre os ricos e pobres, porém daí respondem dizendo que é porque as receitas de desenvolvimento não foram aplicadas corretamente. A velha doutrina já enunciada pelo Diretor do Banco Mundial, McNamara: "o que necessitamos é de crescimento econômico". Depois, a palavra desenvolvimento foi temperada de várias formas. O presidente do Encontro da Terra, Maurice Strong, falou de "um desenvolvimento ecológico", houve quem falou de desenvolvimento "integrado", depois "sustentável". A realidade é que o desenvolvimento é cada vez menos ecológico, e também menos desenvolvimento. Veja só a Amazônia, 40% da floresta desapareceu, destruída em favor das culturas industriais de soja. Eliminando-se uma porção de floresta tão extensa, as chuvas diminuem de modo drástico e enormes zonas do Brasil vão se desertificar. A pluviosidade diminuiu em 75%, porém será que isso preocupa a quem impôs esse "desenvolvimento"? A realidade é que o livre comércio a nível global representa muito mais circulação de mercadorias, é um sistema altamente competitivo que impõe a desregulamentação de todas as atividades, força a abandonar a proteção social aos pobres, doentes e aos que estão fora da economia de mercado - tudo a favor dos interesses de uma elite de empresas multinacionais. Transformaram os países auto-suficientes em exportadores e importadores, forçam-nos a se especializarem em lavouras destinadas à exportação, destruindo as economias locais e obrigando-as a importar grande parte de suas necessidades de alimentos. E hoje esta é a primeira causa da desnutrição e insegurança alimentar no mundo. Falam de luta contra a pobreza, e enquanto isso forçaram milhões de pessoas a abandonarem a terra e a engrossarem as favelas urbanas. P.- Quais seriam as crises ecológicas mais urgentes? R.- Dois aspectos da crise ecológica, já bem conhecidos, que já chegaram ao ponto crítico, a penúria de água e a mudança do clima. Há 30 anos sabemos que a concentração de certos gases na atmosfera aumentou a tal ponto que modificou a temperatura do planeta, e portanto, o clima global. Além disso, deixamos piorar as coisas. Os seres vivos são um grande poço de absorção de anidrido carbônico, calcula-se que o conjunto das florestas do planeta absorva 400 bilhões de toneladas de carbono em um ano, o solo absorve 1.600 bilhões de toneladas. Mas nós destruímos as florestas num ritmo acelerado. Destruímos os terrenos reconvertendo-os para uso da agricultura industrial, um modo lunático de cultivar alimentos. No ritmo atual, segundo os cálculos do Hadley Centre do Serviço Meteorológico britânico, a temperatura média do planeta subirá de 8,8 graus centígrados - da média atual de 14 graus. E esse poderia ser um cálculo otimista, porque não leva em conta muitos dos feedbacks. Na última vez que a Terra se aqueceu tanto, desapareceram todas as superfícies congeladas. Porém, as espécies vivas não terão o tempo de adaptar-se a uma mudança tão inesperada e não sobreviverão. Eles se preocupam só com o crescimento econômico. Também a segunda grande crise, a água, se agravará devido à mudança do clima. Para estabilizar o clima será necessário tempo, e enquanto isso precisamos aprender a conviver com a mudança. Se quisermos continuar produzindo comida para alimentar a humanidade temos que inverter o caminho, perseguir a auto-suficiência alimentar promovendo as pequenas empresas agrícolas. Segundo um estudo da FAO, as pequenas empresas são 5 ou 6 vezes mais produtivas por hectare que as grandes empresas industriais, porque diferenciam as lavouras. E diferenciar as lavouras é tão mais essencial quanto maior for a instabilidade climática, as ondas de calor, aluviões, invasões de parasitas. Então, a crise já é evidente. Mas a necessidade de reduzir de modo drástico as emissões de anidrido carbônico nos oferece a oportunidade de repensar o sistema econômico e buscar novas soluções. Repito, esqueçamos a noção de progresso e desenvolvimento, que significa monetizar tudo - os recursos naturais, as relações entre as pessoas. Hoje as guerras são causadas pelo desenvolvimento, guerras pelo controle do petróleo, por exemplo. Hoje, a palavra da moda é sobreviver. Voltar às economias locais, à cooperação mútua entre comunidades. A Gandhi, que viu a índia como uma associação de aldeias... L'insostenibile sviluppo ´Johannesburg? Non è un vertice sulla Terra ma sullo sviluppo sostenibile, l'eufemismo corrente per dire crescita economicaª, ci dice il fondatore di The Ecologist, Edward Goldsmith MARINA FORTI Quando Edward Goldsmith e alcune altre persone fondarono The Ecologist, nel 1969, l'ambientalismo era un movimento sul nascere e quel magazine ne è stato tra i pionieri. Questioni come l'inquinamento industriale o le piogge acide cominciavano imporsi all'attenzione E l'energia nucleare, o la sorte delle foreste tropicali. Di lì a poco, nel 1972, le Nazioni unite convocavano a Stoccolma la prima conferenza mondiale su questi temi: fu chiamata conferenza sull'ambiente umano. ´Ricordo bene: a Stoccolma, insieme agli Amici della terra Usa, facemmo un bollettino quotidiano per i delegati. Era la prima volta che la crisi ambientale suscitava un dibattito internazionaleª, ricorda Goldsmith. Si cominciava a parlare di sviluppo sociale ed economico che tenesse conto dei sistemi naturali. Cominciavano anche i processi di negoziato sui primi trattati internazionali di tutela ambientale. I disastri provocati da alcuni grandi progetti di ´sviluppoª diventavano visibili - fu proprio The Ecologist, negli anni `80, a sollevare il caso delle dighe sul Narmada in India, chiamando in causa la Banca Mondiale che la finanziava (e in seguito se ne tirò fuori). Non è strano dunque che, a una domanda sul prossimo vertice delle Nazioni unite a Johannesburg, Goldsmith torni a parlare di Stoccolma: ´è stato un momento di inizioª, mi dice in un pomeriggio di luglio tra gli alberi della tenuta di San Rossore, a Pisa, dove la Regione Toscana dibatteva di ´globale e socialeª. Le speranze suscitate allora erano culminate nel 1992 un nuovo vertice, quello di Rio de Janeiro su ´ambiente e sviluppoª, che ha approvato due convenzioni internazionali - sulla biodiversità e sul clima - e un documento chiamato Agenda 21, sorta di piano d'azione per promuovere uno sviluppo compatibile con gli ecosistemi. Oggi però il fondatore di The Ecologist non si aspetta molto dal vertice imminente, e prende di mira l'idea stessa di ´sviluppoª. Cosa è cambiato nei dieci anni trascorsi dal Vertice della Terra? Il degrado ecologico è aumentato. A Rio si è parlato molto di crisi ambientali e di sviluppo sostenibile, sono stati stilati molti documenti, ma tutto questo non ha portato nulla di concreto. I governi dell'occidente hanno dato un po' di soldi alla Banca mondiale che li ha incanalati nel Gef, il ´fondo globale per l'ambienteª, invece che all'Undp e all'Unep - i programmi delle Nazioni unite rispettivamente per lo sviluppo umano e per l'ambiente. E il Gef ha finanziato in buona sostanza progetti che servivano a mitigare i danni sociali e ambientali provocati dai programmi di sviluppo della Banca mondiale stessa. La realtà è che le politiche seguite oggi sono ancora meno sostenibili e meno ecologiche di dieci anni fa. Il vertice di Rio è stato dominato dall'International Business Council (il forum internazionale delle imprese riunito dall'Onu, ndr): le imprese riuscirono a influenzare l'ordine del giorno del Vertice fin dagli incontri preparatori. Sul commercio, ad esempio, sono riusciti ad affondare il Centro Onu per la cooperazione transnazionale unificandolo con l'Unep, il Programma delle Nazioni unite per l'ambiente, che ha poteri e incisività molto limitati. Ora il controllo delle imprese multinazionali sui governi è diventato totale, lo era con l'amministrazione Clinton e lo è ancor di più con Bush e Cheney. Guardate l'industria petrolifera: non ha più bisogno di fare lobby sui governi, oggi è il governo. E le imprese si curano dei loro interessi economici a breve, non del bene comune a lungo termine. Johannesburg? Basta già il nome: non sarà un ´vertice della terraª ma sullo ´sviluppo sostenibileª, eufemismo corrente per dire crescita economica. Sembra che a Johannesburg si tratterà soprattutto di ´lotta alla povertàª, dunque di sviluppo Credo che lo sviluppo sia il problema, e non la soluzione. La parola sviluppo è usata come panacea universale, con la fiducia quasi religiosa che porti benessere e libertà. I dati dimostrano che la povertà aumenta, e così pure il gap tra ricchi e poveri, ma ti rispondono che è perché le ricette di sviluppo non sono state applicate bene. E' la vecchia dottrina enunciata già dal capo della Banca mondiale McNamara, ´ciò di cui abbiamo bisogno è crescita economicaª. Poi la parola sviluppo è stata condita in vario modo. Il presidente del Vertice della terra, Maurice Strong, chiedeva ´uno sviluppo ecologicoª. C'è chi ha parlato di sviluppo ´integratoª, poi ´sostenibileª. La realtà è che lo sviluppo è sempre meno ecologico, e anche meno sviluppo. Guarda l'Amazzonia: il 40% della foresta è scomparso, distrutto a favore delle coltivazioni industriali di soja. Se elimini una porzione di foresta così estesa, le piogge diminuiscono in modo drastico ed enormi zone del Brasile si desertificano. La piovosità è diminuita del 75%, ma qualcuno di coloro che ha imposto questo ´sviluppoª se ne preoccupa? La realtà è che il libero commercio a livello globale è molto più della circolazione di merci: è un sistema altamente competitivo che impone la deregolamentazione di tutte le attività, spinge a togliere ogni protezione sociale a poveri, malati, e a chiunque sia fuori dall'economia di mercato - tutto a favore degli interessi di un'élite di aziende multinazionali. Hanno trasformato paesi autosufficenti in esportatori e importatori: li spingono a specializzarsi una particolare coltivazione per l'export, distruggendo intere economie locali e costringendoli a importare gran parte del fabbisogno interno di cibo. E questa oggi è la prima causa di malnutrizione e insicurezza alimentare nel mondo. Parlano di lotta alla povertà, e intanto hanno spinto milioni di persone a lasciare la terra e ingrossare gli slum urbani. Cosa metterebbe tra le crisi ecologiche più urgenti? Due aspetti della crisi ecologica, già ben noti, ormai sono giunti al punto critico: la penuria d'acqua e il cambiamento del clima. Ormai da 30 anni sappiamo che la concentrazione di certi gas nell'atmosfera terrestre è aumentata al punto tale da modificare la temperatura sul pianeta, e quindi il clima globale. Eppure abbiamo lasciato peggiorare le cose. Il mondo vivente è un grande pozzo di assorbimento di anidride carbonica: calcoli che l'insieme delle foreste del pianeta assorbe 400 miliardi di tonnellate di carbonio in un anno, il terreno 1.600 miliardi di tonnellate. Ma noi distruggiamo le foreste a ritmo accelerato. Distruggiamo i terreni riconvertendoli all'agricoltura industriale, un modo davvero lunatico di coltivare cibo. Al ritmo attuale, secondo i calcoli del Hadley Centre del Servizio Meterologico Britannico, la temperatura media sul pianeta salirà di 8,8 gradi centigradi - dalla media attuale di 14 gradi. E potrebbe essere un calcolo ottimista, perché non tiene conto di molti feedbacks, effetti di ritorno. L'ultima volta che la Terra si è scaldata così tanto erano scomparse tutte le superfici ghiacciate. Ma le specie viventi non avranno il tempo di adattarsi a un cambiamento così repentino e non sopravviveranno. Loro però si preoccupano piuttosto della crescita economica. Anche la seconda grande crisi, l'acqua, sarà acutizzata dal cambiamento del clima. E però stabilizzare il clima richiederà tempo, e intanto bisogna imparare a convivere con il cambiamento. Se vogliamo continuare a produrre cibo per sfamare l'umanità dobbiamo invertire rotta: perseguire l'autosufficenza alimentare promuovendo le piccole aziende agricole. Secondo uno studio della Fao le piccole aziende sono 5 o 6 volte più produttive, per ettaro, delle grandi aziende industriali, perché diversificano le colture. E diversificare i raccolti diventa tanto più essenziale quanto maggiore è l'instabilità climatica, le ondate di caldo, alluvioni, invasioni di parassiti. Insomma, la crisi ormai è evidente. Ma la necessità di ridurre in modo drastico le emissioni di anidride carbonica ci offre l'occasione di ripensare il sistema economico e cercare nuove soluzioni. Ripeto: dimentichiamo la nozione di progresso e sviluppo, che significa monetizzare tutto - le risorse naturali, i rapporti tra le persone. Le guerre oggi sono causate dallo sviluppo: guerre per il controllo del petrolio ad esempio. Oggi la parola d'ordine è sopravvivere. Tornare alle economie locali, alla mutua cooperazione tra comunità. A Gandhi, che vedeva l'India come un'associazione di villaggi.
16 de agosto del 2002
Entrevista con el fundador de The Ecologist, Edward Goldsmith El insostenible desarrollo Marina Forti (Il Manifesto traducción SODEPAZ)
Cuando Edward Goldsmith y algunas otras personas fundaron The Ecologist en 1969, el ambientalismo era un movimiento naciente y aquellas revistas formaban parte de los pioneros. Del debate sobre la contaminación industrial o la lluvia ácida pasaron a la energía nuclear o al futuro de las selvas tropicales. En 1972, las Naciones Unidas convocaron en Estocolmo la Primera Conferencia Mundial sobre estos temas: fue titulada conferencia sobre el Medio ambiente humano. "Lo recuerdo bien, en Estocolmo, junto a los Amigos de la Tierra de EE.UU., publicamos un boletín diario para los delegados. Fue la primera vez que la crisis ambiental suscitó un debate internacional", nos recuerda Goldsmith. Se empezó a hablar de desarrollo social y económico que tuvieran en cuenta los sistemas naturales. También empezaron los procesos de negociación sobre los primeros tratados internacionales de defensa ambiental. Los desastres provocados por algunos grandes proyectos de "desarrollo" se hicieron visibles - fue cuando The Ecologist, en los años 80, saco el caso de los diques en Narmada en la India, acusando al Banco Mundial que lo financió, y luego lo paralizó. No es pues extraño que, a una pregunta sobre la próxima cumbre de Naciones Unidas de Johannesburg, Goldsmith vuelve a hablar de Estocolmo, ha sido el "principio", me dice en un tarde de julio entre los árboles de la finca de San Rubor, en Pisa, dónde la Región Toscana debatió de lo "global y social". Las esperanzas suscitadas entonces culminaron en 1992 en una nueva cumbre, la de Río de Janeiro sobre "Medio Ambiente y Desarrollo", que aprobó dos convenciones internacionales - sobre la biodiversidad y el clima - y un documento llamado Agenda 21, surgido como un plan de acción para promover un desarrollo compatible con los ecosistemas. Hoy el fundador de The Ecologist no espera mucho de la cumbre próxima, y se centra a la idea misma de "desarrollo." P.- ¿Qué ha cambiado en los diez años últimos para la Cumbre de la Tierra? R.- El deterioro ecológico ha crecido. En Río se habló mucho de crisis ambientales y de desarrollo sostenible, se han redactado muchos documentos, pero no se ha llevado a nada concreto. Los gobiernos de Occidente han dado algún dinero al Banco Mundial que lo ha encauzado a través del GEF, el "Fondo Global para el Medio Ambiente", en lugar del UNDP y del UNEP -los programas de las Naciones Unidas para el desarrollo humano y para el medio ambiente. El GEF ha financiado planes que sirvieron para mitigar los daños sociales y ambientales provocados por los programas de desarrollo del propio Banco Mundial. La realidad es que hoy las políticas implantadas todavía son menos sostenibles y ecológicas que hace diez años. La cumbre de Río ha sido dominada por el International Business Council, (el foro internacional de empresas reunido por la ONU), las empresas lograron imponer el orden del día de la Cumbre desde los encuentros preparatorios. Sobre el comercio, por ejemplo, han logrado eliminar el fondo de la ONU para la cooperación transnacional unificándolo en el UNEP, el Programa de las Naciones Unidas para el medio ambiente, que tiene poderes y objetivos muy limitados. Ahora el control de las empresas multinacionales sobre los gobiernos se ha hecho total, lo fue con la Administración Clinton y todavía lo es más con Bush y Cheney. Mira la industria petrolífera, ya no necesita tener un grupo de presión sobre los gobiernos, hoy son el gobierno. Y las empresas cuidan sus intereses económicos a corto plazo, no del bien común a largo plazo. ¿Johannesburgo? el título no será una "cumbre" de la tierra sino sobre el "desarrollo sostenible", eufemismo frecuente para decir crecimiento económico. P.- Parece que en Johannesburgo se tratará sobre todo de "lucha" contra la pobreza, después de desarrollo. R.- Creo que el desarrollo es el problema y no la solución. La palabra desarrollo es usada como panacea universal, con la confianza casi religiosa que lleva bienestar y libertad. Los datos demuestran que la pobreza aumenta, e incluso el diferencial entre ricos y pobres, pero te contestan que es porque las recetas de desarrollo no han sido aplicadas correctamente. La vieja doctrina ya enunciada por el Director del Banco Mundial, McNamara, "lo que necesitamos es crecimiento económico". Luego la palabra desarrollo ha sido sazonada de varias formas. El presidente de la Cumbre de la Tierra, Maurice Strong, habló de "un desarrollo ecológico", hay quien ha hablado de desarrollo "integrado", luego "sostenible". La realidad es que el desarrollo es cada vez menos ecológico, y también menos desarrollo. Mira la Amazonía, el 40% de la selva ha desaparecido, destruida en favor de los cultivos industriales de soja. Si eliminas una porción de selva tan extensa, las lluvias disminuyen de modo drástico y enormes zonas del Brasil se irán desertificando. ¿Ha disminuido la pluviosidad en el 75%, pero le preocupa a alguien de los que ha impuesto este "desarrollo?" La realidad es que el libre comercio a nivel global representa mucha más circulación de mercancías, es un sistema sumamente competitivo que impone la desregulación de todas las actividades, empuja a quitar la protección social a pobres, enfermos, y a los que están fuera de la economía de mercado - todo a favor de los intereses de una élite de empresas multinacionales. Han transformado los países autosuficientes en exportadores e importadores, empujan a especializarse en el cultivo para la exportación, destruyendo las economías locales y obligándolas a importar gran parte de sus necesidades de alimento. Y hoy está es la primera causa de malnutrición e inseguridad alimentaria en el mundo. Hablan de lucha contra la pobreza, y mientras tanto han empujado a millones de personas a abandonar la tierra y a engrosar los suburbios urbanos. P.- ¿Qué destacaría de las crisis ecológicas más urgentes? R.- Dos aspectos de la crisis ecológica, ya bien conocidos, que ya han llegado al punto crítico, la penuria de agua y el cambio del clima. Desde hace 30 años sabemos que la concentración de ciertos gases en la atmósfera ha aumentado hasta tal punto como para modificar la temperatura del planeta, y por lo tanto el clima global. Sin embargo hemos dejado empeorar las cosas. Los seres vivos son un gran pozo de absorción de anhídrido carbónico, se calcula que el conjunto de las selvas del planeta absorbe 400 mil millones de toneladas de carbono en un año, el suelo 1.600 mil millones de toneladas. Pero nosotros destruimos las selvas a ritmo acelerado. Destruimos los terrenos reconvirtiéndolos a la agricultura industrial, un modo lunático de cultivar alimentos. Al ritmo actual, según los cálculos del Hadley Centre del Servicio Meterológico británico, la temperatura media del planeta subirá 8,8 grados centígrados -de la media actual de 14 grados. Y podría ser un cálculo optimista, porque no tiene en cuenta muchos feedbacks. La última vez que la Tierra se ha calentado tanto desaparecieron todas las superficies congeladas. Pero las especies vivas no tendrán el tiempo de adecuarse a un cambio tan inesperado y no sobrevivirán. Ellos se preocupan sólo del crecimiento económico. También la segunda gran crisis, el agua, se agravará por el cambio del clima. Para estabilizar el clima se necesitará tiempo, y mientras tanto hace falta aprender a convivir con el cambio. Si queremos seguir produciendo comida para alimentar a la humanidad tenemos que invertir el camino, perseguir la seguridad alimentaria promoviendo las pequeñas empresas agrícolas. Según un estudio de la FAO, las pequeñas empresas son 5 o 6 veces más productivas por hectárea que las grandes empresas industriales, porque diferencian los cultivos. Y diferenciar las cosechas se vuelve más esencial cuanto mayor es la inestabilidad climática, las oleadas de calor, aluviones, invasiones de parásitos. Entonces, ya la crisis es evidente. Pero la necesidad de reducir de modo drástico las emisiones de anhídrido carbónico nos brinda la ocasión de repensar el sistema económico y buscar nuevas soluciones. Repito, olvidemos la noción de progreso y desarrollo, que significa monetizar todo -los recursos naturales, las relaciones entre las personas. Hoy Las guerras son causadas por el desarrollo, guerras por el control del petróleo por ejemplo. Hoy la palabra de moda es sobrevivir. Volver a las economías locales, a la cooperación mutua entre comunidades. A Gandhi, que vio la India como una asociación de aldeas...
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