O curso visa inserir os sistemas audiovisuais num contexto informacional (a produção audiovisual à luz dos novos paradigmas informacionais), técnico e artístico (natureza da imagem e relação com a percepção) e temporal (ação do tempo na comunicação audiovisual contemporânea):

A) Contexto informacional:
–apresentar a imagem como um das formas mais sofisticadas de informação.
–redimensionar o próprio conceito de informação em função dos paradigmas estabelecidos principalmente depois da 2ª Guerra Mundial.
–demonstrar que a potência da informação tende a deslocar-se do seu possível conteúdo, sentido ou significado para a sua rapidez, cujo carater imediato abole aquele prazo mínimo para verificação das fontes de informação.
–enfocar o processo de erosão do princípio de realidade e a anulação da sua representação em nome de uma apresentação intempestiva das coberturas ao vivo; emergência do conceito de interatividade.
–interpretar a anulação da distância (noção de espaço), em benefício da chegada (variável tempo); emergência da era do “tempo real”.
–mapear a fragmentação da “percepção do todo” herdada da perspectiva renascentista e introduzir os conceitos de hipertexto e interface.

B) Contexto técnico e artístico:
–demarcar a importância de uma análise crítica a partir da técnica.?–analisar os desdobramentos da revolução tecnológica, principalmente a elétro-eletrônica, na nossa percepção do mundo.
–identificar, a partir da fotografia, quais as transformações sofridas pela imagem, passando pelo cinema, vídeo até atingir a produção multimídia no cruzamento com a informática.
–iluminar as metamorfoses sofridas pela imagem num universo (infosfera, videosfera, ciberespaço) que se desmaterializa e passa de analógico a digital.
–experimentar a natureza da passagem entre o fotográfico, o cinematográfico, o pictórico, o texto verbal e o teatral, principalmente em suportes como o computador e o vídeo, multimediais por excelência.
–indagar em quais aspectos as imagens eletrônico-digitais permitem manipular e transmudar informações, abrindo por esta fresta um canal de interatividade com o público.
–aprofundar a qualidade da relação homem-técnica e diferenciar a técnica como arma, ferramenta e instrumento da percepção.
–inserir o tema da automação da percepção
–refletir, em função do projeto apresentado pelas novas tecnologias da comunicação, sobre o papel do jornalista neste processo.

C) Contexto temporal :
–perceber o descompasso que a vivência de um tempo mítico representa para o artista contemporâneo, mergulhado numa concepção linear de tempo e história.
–discutir uma solução de continuidade entre o tempo mítico (no qual os seres e objetos se encontram em perpétuo estado de mobilidade, fluidez e transformação) e as características da tecnologia multimídia.
–expor métodos de trabalho e posturas de cineastas, videomakers e artistas multimídia, cujos ritmos das imagens tentam captar a passagem do próprio tempo.
–compreender que informação não é o que forma, mas o que transforma, e que esta transformação ocorre no eixo do tempo, como um processo de atualização constante de formas passadas.